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Pouco me interessa o modelo de regime espanhol e das grandes monarquias europeias: apesar das vantagens, que para mim não deixam de ser evidentes, de ter-se como chefe de estado um Rei numa monarquia constitucional, o problema essencial mantém-se, ou seja, continua a existir uma dependência da nação a uma pequena pseudo-elite para quem a nação em si não consta na lista de prioridades.
Numa monarquia tradicional, onde a democracia é orgânica, uma pequena parte do poder está reservada ao Rei, num contrato que é estabelecido de forma natural, transparente e descomplexada entre o Rei e o Povo. Neste sistema, verifica-se que a grande parte do poder está na sua essência distribuído pelo Povo e pela Nação através dos municípios e dos seus mecanismos de administração.
Na democracia inorgânica, por outro lado, o essencial do poder está entregue de forma discreta e dissimulada a uma pequena pseudo-elite composta pelos homens que se escondem atrás dos partidos, pela maçonaria e pelos grandes interesses económicos. Neste cenário, que é aquele em que nos encontramos juntamente com a maioria do mundo dito civilizado, apenas uma parte insignificante do poder está de facto nas mãos da Nação, expressa pelo direito ao voto: um direito inútil e obsoleto que hoje é confundido com as noções de Democracia e de Cidadania.
Esta é a grande ilusão que nos tem sido vendida desde os tempos da Revolução Francesa, e consiste em convencer-nos de que a pirâmide do poder não está invertida. Só quando nos libertarmos do complexo da igualdade é que poderemos voltar a viver numa verdadeira Democracia, onde o poder, personificado na figura do Rei, emana de facto da nação e para o progresso e para o bem-estar da nação é conduzido.
A democracia espanhola deve-lhe muito. Quase tudo, diga-se. Nascido João Carlos Alfonso Víctor Maria de Bourbon e Bourbon-Duas Sicílias , no ano de 1938, em Itália, durante o exílio do seu avô, é filho de Juan de Borbón y Battenberg e de Maria das Mercedes de Bourbon e Orléans, Princesa das Duas Sicílias.
O seu avô Afonso XIII foi rei da Espanha até 1931, altura em que foi deposto pela Segunda República espanhola. Por expresso desejo de seu pai, a sua formação fundamental teve lugar em Espanha, onde chegou pela primeira vez aos 10 anos, procedente de Portugal, país onde residiam os Condes de Barcelona, desde 1946, no Estoril.
Abdicou hoje a favor do seu filho Filipe. Honra a D. Juan Carlos e à Monarquia Espanhola.
Conhecemos bem quem são os seus autores e o objectivo que visam prosseguir: o derrube da monarquia em Espanha. E, para isso, vale tudo!
O que é mais fantástico é que, por cá, aparentemente, há quem alinhe nesse "coro" mas o faça de uma maneira absolutamente vil e que nada tem a ver com a ética e deontologia jornalística. Só assim se compreende como um jornal como o "Correio da Manhã" pode publicar, assinado pelo redactor principal João Vaz, uma frase como esta, a propósito de Juan Carlos:"Como mostram fotografias publicadas pelos jornais alemães, Corinna (Zu Sayn-Wittgenstein, sublinhado nosso) teve até direito a seguir D. Juan Carlos na passadeira vermelha das honras oficiais quando o monarca visitou a região alemã de Baden-Wurttenberg, em 2006. Curiosamente, a família de Corinna tem ali as suas origens, e a rainha Sofia foi dispensada da deslocação. Havia alguém que lhe podia dar melhor companhia."
Fosse eu director do Correio da Manhã e o aludido jornalista já tinha ganho uma viagem gratuita para fazer a cobertura do retorno de Roberto Mugabe ao Zimbabué. Mas o bilhete era só de ida. Podia ser que a prolongada estadia no "berço da democracia" lhe trouxesse alguma luz... É que, mesmo no jornalismo, não vale tudo senhor João Vaz. Lá para as bandas do Sindicato nunca lhe ensinaram isso?