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O público anda baralhado (não, não me refiro ao jornal!). A população portuguesa anda confundida - o cidadão nacional já não bate bem da cabeça. Ainda não percebeu qual a utilidade de Rui Machete. Para mim é claríssimo o que se está a passar. O ministro dos negócios estrangeiros está apenas a aquecer - está nos treinos. Nas últimas semanas tem sido o sifão das asneiras, o canal por onde escorrem dissabores e vaias garantidas. As últimas declarações matemáticas sobre como evitar resgates devem servir de aperitivo para péssimas notícias que podem já estar no segredo dos deuses. Se o responsável pela pasta e o papel de política externa acertasse em todas, tivesse juízo, quando chegasse a hora da dolorosa, o momento de verdade, quem teria a experiência profissional certa para ser o porta-voz do descalabro? É o que eu digo - este é o homem certo. Para Passos Coelho e Paulo Portas, o camarada vem mesmo a calhar. O seu desempenho já está a produzir resultados. A opinião pública já foi hipnotizada pelas cartadas de Machete e presta menos atenção às movimentações da coligação-mas-por-pouco. Machete é como o infiel da balança do governo. Faz tombar o que já está por terra. Quando menos se espera há um descarrilamento de informação que até parece espontâneo. Mas eu não acredito na bruxa. O feitiço consiste em fazer passar informação como se não fosse a correcta, como se tivesse sido um lapso. Mas, uma vez engolidas as afirmações, não há volta a dar - entraram no sistema, na corrente de contraordenações políticas. Não existe um antidoto para este tipo de picada. Os jornalistas, antes de publicar os seus artigos, deveriam confirmar a veracidade dos factos junto das fontes, mas não daquela. O problema é que Machete é mais parecido com uma ruptura, do que saneamento básico em pleno funcionamento - não é uma fonte de água potável. A única coisa que poderemos fazer é cruzar os dedos, fazer cara de póquer e aguardar mais desenvolvimentos de última hora - um anúncio-surpresa sobre outros factos relevantes. Por exemplo, um despejo de informação que concede que "Portugal já assinou a sua saída do euro e está apenas à espera da ratificação do parlamento ou o carimbo de aprovação do tribunal constitucional" - qualquer coisa desse género, anunciado por Machete no contexto de uma visita à Guatemala. O que devemos esperar nos próximos tempos de "juízo à Machete", será algo deste teor, porventura honesto, mas totalmente deslocado da hora que interessa a Portugal. Na minha opinião Machete sofre de um problema de jet-lag crónico. Está cá, mas é como se não estivesse.