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País de recursos infinitos

por John Wolf, em 07.06.24

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O adjectivo feminino "efectiva" tem valor relativo em Portugal. Existe um nome masculino na Lusitânia que o afecta — refiro-me ao "recurso". Ou seja, as prisões efectivas de Manuel Pinho e Ricardo Espírito Santo não são uma certeza. Não são uma certeza judicial nem uma certeza linguística. Assistimos repetidamente, logo ali, à boca da barra do tribunal, no desenlace do transitado em julgado, a um espectáculo de ameaça jurídica, de declaração taxativa da parte dos advogados de defesa, de que os recursos seguirão dentros de momentos. Escutamos algo que soa a viatura híbrida — o cruzamento entre a amnistia instantânea e o indulto na hora. Quando todos referem que o sistema judicial de Portugal deve ser revisto, cai o cravo e a bondade, o mesmo sentimento-tabu de  impossibilidade quando se sugere uma revisão constitucional. Quem sai a ganhar com as manobras congeminadas nas frestas e falhas dos códigos penais é o conceito de impunidade — a ideia de que a prática de crimes em Portugal não gera ansiedade existencial. Os criminosos sabem muito bem que existe uma teia de buracos por onde pode escorrer a culpa. E a culpa não morre solteira. A culpa junta-se a tantas outras num rebanho de falências. Não queremos sangue. Queremos justiça. Aqui e acolá, em Portugal ou nos Estados Unidos. Os legisladores e os juizes são responsáveis directos pela defesa da democracia onde a equidade e aplicação das leis devem nortear as decisões, mas onde a sentença inexpugnável deve também reinar. Tenho sempre a mesma dúvida que me atormenta o espírito — quem paga os serviços jurídicos prestados por tão mediáticos advogados? Será que são borlas e a coisa paga-se a si mesmo? Pensava  que os advogados estavam proibidos de fazer publicidade às suas sociedades. Nesse caso, teremos de implicar os media — a imprensa escrita, as televisões e em última instância, os senhores jornalistas que serão os geradores de dinâmicas de mercado. O preço a pagar é colectivo, mas alguém sai a ganhar com estas farsas judiciais. Deixemo-nos de ilusões. O timing é perfeito, a um dia das 24 horas de reflexão a que estamos obrigados por causa das europeias. Nada será como dantes. Será como sempre foi. Um pais de recursos infinitos.

publicado às 17:15

A expressão "à política o que é da política, à justiça o que é da justiça", recorrentemente utilizada por António Costa, bem como a frequente recusa de julgamentos morais ou de carácter, não passam de habilidades retóricas a que um PS permeado por casos de corrupção e de duvidosa moralidade tem recorrido nos últimos anos com o objectivo de os afastar do debate político. Estas habilidades têm obtido bons resultados, talvez porque boa parte da oposição não tenha engenho para as denunciar e também porque o temor reverencial de grande parte da comunicação social se encarrega de fazer com que esta as reproduza acriticamente e acabe por criar na opinião pública a percepção de que serão válidas. Ora, na verdade não passam de habilidades retóricas que certas acções do PS, quando no governo, se têm encarregado de demonstrar serem falsas, quer pela interferência na justiça, quer pelos julgamentos de carácter que fazem dos adversários políticos, evidenciando à saciedade a hipocrisia de muitos militantes da agremiação do Largo do Rato.

De resto, nestas coisas, pese embora muitos não hesitem em salientar o duplo processo de judicialização da política e de politização da justiça, cujos contornos não conseguem precisar, a separação de poderes não implica que uma questão não tenha ambas as dimensões e possam ser retiradas consequências nos respectivos domínios. Veja-se, a este respeito, a forma como os poderes estão separados mas fundidos na Constituição dos EUA e como no caso do processo de impeachment de Donald Trump estão em causa consequências políticas para uma acção que poderá também ser alvo de julgamento pelo poder judicial.

Ademais, no que concerne aos julgamentos morais ou de carácter, estes fazem e sempre fizeram parte da política. São, aliás, parte essencial dela, ao contrário do que o Primeiro-ministro nos quer fazer crer, particularmente num país como o nosso, em que se discute muito mais politics, o jogo político-partidário quotidiano, do que policies, as políticas públicas. Dado que o jogo político-partidário é protagonizado por indivíduos, a avaliação do seu carácter é uma componente central da política, especialmente em momentos eleitorais, e é precisamente por o saber que António Costa declara publicamente a sua recusa. Ninguém gosta de tirar uma fotografia em que sabe logo à partida que ficará mal.

publicado às 17:31

Irmãos desavindos

por Samuel de Paiva Pires, em 24.04.19

Não tem sido particularmente edificante a troca de insultos entre Sérgio Moro e José Sócrates, ainda que tenha sido o primeiro a abrir as hostilidades de forma pouco convencional para um Ministro da Justiça de outro país. Mas o princípio da não-ingerência ficou logo ferido quando deputados portugueses se puseram a apelar à libertação de Lula da Silva e a colocar em causa o sistema de justiça brasileiro, confundindo um político preso com um preso político na esteira da escola de José Sócrates, pelo que agora nem sequer temos superioridade moral para repudiar as afirmações de Moro sobre o sistema de justiça português. Enfim, desaforos entre irmãos desprovidos de sentido de Estado.

publicado às 11:46

Hemiplegia moral aplicada (3)

por Samuel de Paiva Pires, em 04.03.19

Está em marcha uma campanha para defender Neto de Moura. Uns argumentam com questões processuais no que à mais recente decisão polémica diz respeito. Outros, muitos dos quais situados ideológica ou partidariamente à direita, consideram que nos últimos meses assistimos a uma campanha de lapidação do douto juiz promovida pela esquerda e alguns chegam até a falar em populismo (haja paciência para a aplicação do termo a tudo e um par de botas em infindáveis demonstrações de manifesta ignorância). Quando até questões relacionadas com a mais básica decência humana são vistas por lentes ideológicas e/ou partidárias e utilizadas para a luta política, é sinal de que estamos a bater no fundo - os que vão por este caminho, pelo menos. Podem continuar a defender o douto juiz que produziu esta prosa numa decisão sumária no âmbito do Processo n.° 388/14.6 GAVLC.PI, mas não esperem que vos respeitem nem se admirem se forem insultados.

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publicado às 14:32

A matança

por John Wolf, em 16.11.17

Texto integral de João Gonçalves;

 

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O verbo "matar" é indistintamente utilizado nas capas dos jornais de hoje. Uma, mais colorida, apresenta mesmo o produto de tanta morte de forma tão brutal quanto insensata: "polícias mataram 31 pessoas entre 2006 e 2016". Um marciano cursado em "novas oportunidades" que leia isto pode julgar que, em Portugal, a polícia ocupa o lugar do bandido e o bandido o lugar do morto. Uma operação polícial que envolva perseguição é, por natureza, uma operação de risco. Em Almada, em Nova Iorque ou em Moscovo. Esta, em que foi atingida mortalmente (esta é a expressão correcta) uma criatura que aparentemente não fazia parte da perseguição, era-o especialmente porque a polícia foi alvo de tiros disparados da viatura dos assaltantes que perseguia. O outro carro, conduzido por indocumentado para o efeito, foi mandado parar na zona de continuidade da perseguição policial e não obedeceu. Para mais, foi confundido com o carro dos assaltantes. O princípio da proporcionalidade da acção policial ditará se eram necessários tantos disparos. Alguns certamente eram. Um deles foi fatal, mas quando se dispara para um alvo em movimento, uma viatura, o risco aumenta para o alvo. Não se pode avaliar serenamente uma acção policial concreta "condenando" mediaticamente os agentes policiais como vulgares assassinos. Nunca dou por semelhante semântica punitiva quando agentes policiais são agredidos ou, para usar o verbo do dia, mortos. Esta é a minha polícia porque um Estado de Direito tem a capacidade jurídica e ética de avaliar sem preconceitos as acções policiais. Sem necessidade de ser panfletário à míngua de assunto.

publicado às 13:36

Somos acusados de Blog do Ano

por John Wolf, em 11.10.17

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 Vote aqui: http://blogsdoano.iol.pt/votacao/58f753240cf286213f28069e#/

ou ali ao canto -------------->

publicado às 21:20

A acusação de Sócrates e associados

por John Wolf, em 11.10.17

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Este post é dedicado a todos aqueles eticamente questionáveis que alimentaram a noção da inocência de José Sócrates e associados. Muitos dos defensores dos visados, presentes com prosápia e arrogância nas redes sociais, em partidos políticos, em orgãos de soberania, nas diversas agremiações de tolerância inaceitável, no meu entender, partilham a falência moral dos acusados. As acusações que acabam de ser deduzidas são o resultado de uma obra jurídica e processual de vulto. Todos aqueles detractores que acusavam o ministério público de ser letárgico e persecutório terão agora de engolir os factos incontornáveis. Os sete magníficos, os sete procuradores que assinam o despacho, galvanizam as acusações a José Sócrates e restantes, e servem a causa pública da justiça em Portugal. As ramificações da associação criminosa exigiram este tempo todo de investigação e corroboração por alguma razão: a dimensão do desfalque, para não usar um termo ainda mais degradante. Um polvo inédito num país com a dimensão económica de Portugal afinal existia. A ideia de enriquecimento ilícito leva assim uma machadada e deve servir de aviso para uma sociedade excessivamente tolerante para com os seus traidores. O que esta corja fez fere a dignidade de tantos portugueses honrados, vilipendia o conceito de mérito, fere de morte a ideia de qualidade e de recompensa de toda uma classe trabalhadora, os homens e mulheres que contribuem honestamente para acrescentar valor a si mesmos, às suas famílias e ao país. Temos a prova de que servir-se de ligações perigosas e abusar da posição dominante produz consequências nefastas. Agora, todos eles, devem pagar. Condenações, prisão, multas, coimas e compensações por danos causados devem ser distribuídas na justa proporção dos crimes cometidos. Portugal não é isto. Portugal é honrado. Portugal é um país repleto de gente digna. Portugal merece melhor. Que sirva de lição.

publicado às 12:03

Oeiras, capital da ética

por John Wolf, em 03.10.17

 

E já agora, se um pederasta, pedófilo condenado e com sentença cumprida, fosse nomeado como presidente de uma comissão de protecção de menores? No comments.

publicado às 07:16

Se Pedrógão fosse no Texas

por John Wolf, em 26.06.17

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Sou apenas mais um que ignora os factos. Sou um mero papalvo que aceita as patranhas. Sou um sobrevivente da calamidade - e estou à mercê do estado de graça de Portugal. Se fosse no Texas seria bem diferente. Ao mero indício de falha de um sistema de comunicações, e à luz dos cidadãos mortos pela incompetência e irresponsabilidade políticas, os familiares das vítimas já tinham movido um processo ao Estado Português. O governo da república sabe que do outro lado da barricada está gente pequena, minifundários, almas sem grande poder de fogo para ripostar. Mas há bastante mais. Há o negócio volumoso que o SIRESP envolve; os contratos, os financiamentos, as contrapartidas. Não sei quantas centenas de milhões de euros este matrix das emergências já consumiu, mas "algum" do dinheiro tem proveniência externa. A União Europeia (UE), essa entidade reguladora por excelência, parece o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português - não se pronuncia sobre putativas responsabilidades políticas. O esclarecimento cabal de que fala António Costa não pode nascer a partir de uma comissão de inquérito de um concelho socialista como Pedrógrão Grande. Tem de ser a Comissão Europeia a iniciar um processo que extinga todas as dúvidas sobre o SIRESP; quanto dinheiro foi lá metido? E quanto terá escorrido para bolsos alheios? Finda essa parte instrutória, a "judicialidade" da UE deve determinar o grau de culpa do Estado Português e distribuir sanções e multas. Com os da casa isto não vai lá. Querem enrolar-nos a todos.

publicado às 10:46

Sócrates - belo, Belino...

por John Wolf, em 20.05.17

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José Sócrates foi o principal beneficiário do mundo do espectáculo e das artes. Recuando quase um ano, o campeonato europeu de futebol e a vitória da selecção nacional, foi um biombo perfeito para distrair o povo da sua provação judicial. Depois houve o Web Summit e nunca mais apareceu o insulta-jornalistas João Araújo. Entretanto houve o build-up da visita do Papa, a peregrinação a Fátima e ainda a febre do festival eurovisão da canção. Ou seja, Sócrates teve tantas atenuantes mediáticas, mas nada disse a esse propósito. Não concedeu uma entrevista sequer a reclamar da falta de atenção das televisões. Não assinou mais uma obra literária que esgotasse na aurora da sua publicação. Por outras palavras, com tanto tempo de folga, de baixa mediática, não foi capaz de se defender cabalmente das injúrias e mentiras. A fundação Belino que agora surge em primeiro plano nos escaparates não deveria ter aparecido. Nos bastidores das várias cantigas de distracção que assoláram o país, Sócrates não soube aproveitar os bónus como António Costa o fez. O primeiro-ministro, nesta onda hipnótica de comendas parlamentares, fados e futebol, conseguiu convencer Portugal inteiro que este já estava totalmente curado das maleitas económicas e sociais. O chefe da Geringonça teve a arte de dissimular a tempestade residente da dívida pública, e fingir os números de crescimento económico à pala de flacidez no investimento público - o povo engoliu a dois. Francamente. José Sócrates, que andou na mesma escola, não soube desmontar a cabala da Fundação Belino que segundo as suas visões seria natural que aparecesse. Ainda não tivemos uma conferência de imprensa onde Sócrates pudesse refutar tudo, mas pouco falta. Ainda esta noite, aposto, teremos um porta-voz jurídico a desmontar a ficção da fundação suiça. Não esqueçamos que as fundações são uma invenção dos socialistas. Uma espécie de cooperativa de interesses, com tesourarias e divisas próprias. Belo, Belino -  Lula, Dilma e Temer também não ajudam nada. Resta apenas o Salvador.

publicado às 14:53

Pedro Dias e José Sócrates

por John Wolf, em 20.10.16

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Acho absolutamente notável que no caso de José Sócrates as forças de segurança fossem capazes de capturar o foragido sem demoras. Deve ser por ser VIP. O Pedro Dias, um cidadão comum, sem pergaminhos excepcionais, está a ser tratado de um modo repugnante. Anda por aí há mais de 10 dias. Visitou Carro Queimado, esteve em Constantim (a fama que vem de longe) e só Deus sabe por onde andará. Estão a dar lenha para o homem se queimar. No caso do 44 o tratamento foi outro. Quarto, comida e roupa lavada durante 11 meses! - pagos pelos contribuintes. Onze meses não são nove semanas e meia.

publicado às 10:31

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São coisas que acontecem. São eventos normais. São factos que devem fazer parte da Democracia para que esta se mantenha viva e tendencialmente intacta. O possível impeachment de Dilma Rousseff, a dedução da acusação de José Sócrates, a prisão de Ricardo Salgado ou o encarceramento do CEO da Enron, são apenas pequenos exemplos do modo como o motor das nossas sociedades realiza uma sangria, e mantém em andamento uma certa ideia de justiça. O equilíbrio é dinâmico e pressupõe um calendário moral que nem sempre coincide com a agenda política. O escândalo Panama Papers é, essencialmente, um catalisador do processo de transparência que se exige sobretudo a detentores de cargos públicos. Ainda não me explicaram quem paga os honorários do advogado João Araújo. Já leva umas horas valentes a discorrer absurdidades e decerto que tudo isso tem um preço. O balão de oxigénio que refere não é nada disso. Diria que se trata do oposto, de uma câmara hiperbárica para estrangular as incongruências e as jogadas espertas que encaixam que nem luvas na figura jurídica de uma offshore. Era isto tudo ou então ficar quieto. A escolha parece óbvia, incontornável. Existem motores gripados.

publicado às 17:07

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Estou mesmo desiludido. Tanta coisa nos idos de Évora e agora nada. Não há quem organize um evento de defesa de Lula na Aula Magna da Universidade de Lisboa? Não existirá modo de financiar um cartaz alusivo à forma descarada como estão a destruir o carácter do homem? O próprio Lula da Silva tem mais espírito empreendedor do que aqueles que marcaram as conferências de José Sócrates. O santo serralheiro já meteu mãos à obra e estará na manifestação pró-Dilma. Que bonito. Só tenho a acresecentar o seguinte. Mal estalou o escândalo de Lula no Brasil, os mercados encararam o evento como algo de positivo. O ETF do Brasil (ticker: EWZ) valorizou de um modo dramático (ontem fechou com ganhos na ordem dos 8%). Por outras palavras, os investidores internacionais observaram o fenómeno como sendo o início de uma "limpeza profunda" da realidade corrupta do Brasil. A partir destes factos poderemos extrapolar qual será o comportamento dos mercados em relação a Portugal quando for deduzida a acusação contra José Sócrates. Em suma, mas sem querer aconselhar caminhos de investimento, Portugal, por analogia, pode vir a beneficiar da clarificação judicial que estará implícita no processo Marquês. Afinal Sócrates ainda pode dar algumas alegrias a pequenos e grandes aforristas. É tudo por hoje. Boa noite.

publicado às 19:07

Prós e Contras

por Samuel de Paiva Pires, em 14.09.15

A RTP decidiu realizar um Prós e Contras sobre a independência da justiça, lançando a questão "Há interferência dos partidos no sistema judicial?", e um coro de protestos de destacados socialistas levantou-se para criticar a estação televisiva pública, depois de há dias António Costa ter procurado intimidar Vítor Gonçalves durante a entrevista conduzida por este. O que muitos socialistas talvez ainda não tenham percebido é que estão a tomar as dores de Sócrates e a dar razão a Paulo Rangel para suspeitar que com o PS no poder Sócrates dificilmente seria investigado. Na hora de votar, portuguesas e portugueses, não se esqueçam da fotografia. Sócrates e as suas políticas moram no Largo do Rato e em António Costa, assim como as tácticas de intimidação da comunicação social tao características dos governos socráticos.

publicado às 09:29

Orelhas de ídolos

por John Wolf, em 10.05.15

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(enviada à Fremantle International em nome de princípios universais)

copiar, colar, assinar e enviar à pressenquiries@fremantlemedia.com

 

Dear Sirs,


I address this letter in the name of certain principles that should prevail in our societies.


The Portuguese production version of the TV show IDOLS has gone overboard and humiliated a failed contestant making a mockery of one of his physical features - in this disrespectful case, his ears.


The MEDIA should NEVER be a vehicle for expressions of discrimination, racism or xenophobia. Although apologies were presented by SIC TV channel to the targeted contestant, I believe more must be done by the very ones that invented the original formula. In other words, the contract and implicit production and broadcast rights must be revised, OR EVEN CANCELLED.


Democracy, although consolidated in Portugal, must still fine tune some of its behaviors. An obligation that all open societies are subject to, East and West. All countries demonstrate distinct forms of imbalance, but if they were to go unnoticed and unchallenged, then deeper forms of betrayal would certainly flourish.


We have witnessed in Portugal, on a prime-time TV programme meant to entertain and amuse, a clear example of bullying that must also be condemned by the creators of the show. Fremantle Media International must produce a serious and responsible reply to this incident.

Yours Sincerely,


John Wolf

 

(link relevante)

publicado às 12:54

Soares dá mais umas passas

por John Wolf, em 04.01.15

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Quem é Mário Soares? É esta a pergunta que deve ser colocada para estabelecer os limites da sua actuação. O ex-primeiro-ministro do governo de Portugal e ex-presidente da República Portuguesa é, para todos os efeitos legais, um mero cidadão igual a tantos outros. Se fosse socialista ter-se-ia apercebido dessa contingência de igualdade, liberdade e fraternidade. Mas não é esse o caso, julga que é maior que os demais. Pensa que ainda manda como mandou, e mal, durante décadas. Continua na política como quem joga à sueca, à bisca. Desafia Cavaco Silva a fazer isto e aquilo. Vilipendia a Justiça em Portugal ao declarar a inocência imaculada de José Sócrates e ao lançar suspeições sobre o sistema nacional de justiça. Não existem provas contra José Sócrates? E contra si? Não vos parece estranho que tantos camaradas tenham logo acorrido a Évora para abraçar o amigo. Pois. E durante a duração do encosto dos lábios à orelha houve tempo mais que suficiente para avisar o recluso para eventualmente não envolver mais gente na confusão. Se Sócrates dispusesse de armas de arremesso que envolvessem outras forças políticas, decerto que as utilizaria. Se o caso é político, como solenemente afirma, já teria arrastado colegas de outros partidos para a mesma vitrine da prevaricação, mas o homem não tem nada na mão. E Sócrates apenas tem amigos socialistas? Não aparece lá alguém do PCP, do PSD, do BE, dos Verdes ou do CDS? Pensava que a amizade nada tinha a ver com a cor da pele, da bandeira de um partido. Acho muito bem que comecem a distribuir multas àqueles que decidem interferir nas investigações, nos trâmites legais. Soares também se está a pôr a jeito para ser autuado.

publicado às 13:57

O BAILE

por Manuel Sousa Dias, em 20.12.14

A entrevista de ontem Judite de Sousa a João Araújo foi bastante esclarecedora sem no entanto termos visto esclarecidas quaisquer dúvidas relevantes por parte do advogado de José Sócrates. Ficámos sem saber 1) os fundamentos que justificam por parte do advogado a ilegalidade da prisão de José Sócrates, 2) os seus argumentos para que o ex-primeiro-ministro aguarde o seu julgamento em liberdade ou 3) a fragilidade das provas, nomeadamente as que justificam o crime de corrupção e, já agora, 4) como pôde José Sócrates viver da forma que vivia tendo os seus rendimentos tão limitados. Em contrapartida ficámos a saber que José Sócrates está bastante bronzeado, que tem praticado jogging diariamente e que está com o seu astral em cima, aliás, como sempre, para aguentar outro processo que os seus inimigos despoletaram apenas por razões políticas.

 

Resumindo, João Araújo não tentou esclarecer os portugueses das dúvidas que ensombram a honorabilidade e reputação do ex-primeiro-ministro de Portugal, mas sim sublimar aos apoiantes ferrenhos de José Sócrates a “narrativa” que dá conta que o animal feroz continua imbatível e com o mesmo espírito de gladiador. Fê-lo com ironia, fugindo às perguntas importantes, escondendo-se atrás da sua impossibilidade de falar sobre o processo, mostrando uma pretensa ignorância sobre as notícias dos jornais ou colocando em causa a veracidade de factos que são públicos sobre a vida do seu cliente - por exemplo, uma vida recheada de luxos caros. E assim foi respondendo, ou não respondendo, João Araújo, às perguntas colocadas. Os apoiantes de José Sócrates correram para as caixas de comentários na net: João Araújo “deu baile” a Judite de Sousa. O mesmo tipo de “baile” que José Sócrates gostava de dar nos debates na Assembleia da Republica, nos quais se escapulia à resposta das questões colocadas, concluí.

 

O problema presente de José Sócrates é bem mais grave do que a gestão da sua popularidade, é um caso de justiça. A gestão da sua comunicação será mais eficaz na medida em que esclarecer com sobriedade as dúvidas que legitimamente se colocam na mente dos portugueses quanto à figura que ocupou durante vários anos um dos mais altos cargos da nação. Não parece ser esta a opinião do seu advogado. Resta saber quais os verdadeiros trunfos jurídicos da defesa frente a um colectivo de juízes com poder de decisão sobre o futuro do ex-pm e, já agora, se este colectivo alinha em dançar ao som do baile que a defesa parece querer dar também à justiça portuguesa.

publicado às 19:12

Portugal: dois mil e catorze menos 44

por John Wolf, em 20.12.14

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Do alto dos meus 39 graus de febre ainda consigo ver Portugal e em particular o ano de 2014. Estamos de parabéns e é Natal. Este ano ficará na história desta valente e imortal nação por ter quebrado o feitiço da intangibilidade. Temos a prova de que a Justiça é capaz de apanhar ex-lideres sem acanhamentos ou reverências. O que tem de ser tem muita força. Coloquemos José Sócrates no topo, mas acrescentemos outras missões investigativas. Mas o povo português é estranho e justifica a expressão proverbial: preso por ter cão, preso por não ter cão. Quando não havia resultados na Justiça no que dizia respeito aos "grandes de costas largas", ouvia-se o coro dos oprimidos, a  voz do mexilhão habituado a receber as sobras do tratamento justo e equitativo. Agora que é a doer para com um ex-primeiro ministro reclamam por chavões como segredo de justiça e presunção de inocência. Dizem que não passa de política, mas estão enganados. José Sócrates já não é uma divisa, não serve para apostas partidárias. Queimou-se, e embora os efeitos colaterais queiram ser dirimidos, mitigados, a verdade é que haverá consequências e não apenas para o Partido Socialista, mas para a totalidade da estrutura do poder político de Portugal. Nestas questões não há refúgios ideológicos. Os prevaricadores andam por aí, e vêm em todas as cores e feitios. Que 2015 chegue com a mesma pujança jurídica que vinha sendo adiada de há muitos anos a esta parte.

publicado às 10:38

O futuro de Sócrates

por Manuel Sousa Dias, em 17.12.14

Sócrates não acreditou na sua prisão, porque “eles” não tinham coragem para enjaular o animal feroz. Mas tiveram. Então qual tem sido a estratégia (se é que há estratégia) de defesa? Desacreditar a justiça, desacreditar os juízes e desacreditar a investigação. Martelar a ideia de que a prisão é ilegal e de que a defesa desconhece os factos que levam à detenção. Marcar presença diária na comunicação social. Dar entrevistas. Polarizar a opinião publica. Fale-se bem de Sócrates, fale-se mal de Sócrates mas fale-se de Sócrates.

 

A estratégia de defesa produzirá resultados? A agressão à justiça é decerto má aposta para a defesa, numa altura em que parece que ela finalmente funciona e, já agora, com aparente mão pesada nestas meias tintas entre politica, negócios e todos os esquemas in-between. É também um contra-senso o animal feroz em cativeiro disparar em todas as direcções ao mesmo tempo que a defesa advoga a benignidade para a investigação do animal feroz em liberdade. E a opinião publica? Essa, perante a vida faustosa e, sobretudo, o interminável rol de confusões de Sócrates, família e amigos, certamente quer que finalmente seja feita justiça sobre um “poderoso” que, de uma forma ou outra, tem sido habilmente escorregadio em relação à barra dos tribunais.

 

E quanto ao PS? O PS é, no que toca a Sócrates, um submarino com um rombo a deixar entrar água. E o que se faz nesta situação? Isola-se hermeticamente a área inundada. Costa seguiu friamente o procedimento e fechou a escotilha, apesar de no outro lado ter deixado Sócrates, já com falta de ar e a tentar desesperadamente tapar com os dedos o enorme rombo no casco. Enfim, casualties of war, à política o que é da política e à justiça o que é da justiça. Então por altura do Natal, já com os estragos no casco minorados e a máquina estabilizada, Costa, porque assim tem de ser, lá fará a sua viagem a Évora, deixando no ar uma bem medida ambiguidade entre a solidariedade politica e a caridadezinha natalícia.

publicado às 01:13

Dos fracos não reza o Sócrates

por John Wolf, em 08.12.14

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Existe uma cela dentro do nosso espírito onde habitam aqueles que acicatam a morte prematura. Quando somos destinatários da falência ética, devemos procurar refúgio numa casa vizinha, no castelo de convicções sólidas, inabaladas pela perfídia daqueles que não caíram por terra - pois sempre rastejaram no lodo da sua existência. A liberdade não é uma pátria comandada. A inveja, sendo a derradeira de Camões, Deus reserva para o diabo que anda à solta. A cobardia, justamente convocada para a falácia do dilema, não afasta os bravos, não intimida os fracos - atrai os audazes que não anunciam a sua chegada. Como ousam ofender a alma lusitana?

publicado às 19:41






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