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São estas contradições que me lixam o juízo: Interjovem/CGTP-IN marcha em direcção à Assembleia da República sob o mote "Queremos Abril e Maio de novo" com o objectivo de assinalar o Dia Nacional da Juventude e para demonstrar o seu descontentamento com as políticas do governo. Logo a seguir, e na mesma peça de jornal, segue o depoimento de um jovem de 60 anos de idade: "Tenho 60 anos e nunca vi o País assim. Tenho vergonha do que se está a fazer a esta juventude", conta José Costa. Aproveito a propaganda que saiu do armário do Arménio Carlos para perguntar qual a definição de jovem? Que idade pode ter um jovem? 23, 50 ou 69 anos? E já agora qual o âmbito ideológico do Dia Nacional da Juventude? Por acaso pertence à CGTP? Podemos ler, preto no branco, a resposta em relação a essa e outras perguntas. O grupo, composto por jovens ligados ao sindicato liderado por Arménio Carlos, considera que é “crucial tomar nas mãos o destino do País” e, por isso, vêm de todo o país exigir uma mudança de rumo nas políticas do governo. Lutam pelo fim do desemprego, da precariedade, da “imigração forçada” e do encerramento de serviços públicos". Mas vamos lá por partes. Eu não discordo com a luta. Discordo, e muito, com a apropriação de um conceito muito mais alargado, como o Dia Nacional da Juventude, para fins políticos. A quem pertence o Dia Nacional da Juventude? São este tipo de nuance de doutrinação que devem merecer a nossa atenção independentemente do campo ideológico em que nos encontramos. Pelos vistos a CGTP não olha a meios para atingir os fins. A sociedade portuguesa começa a perceber que a solução para a catástrofe nacional já não passa pelos partidos políticos e sindicatos no seu sentido clássico, comprovadamente falidos pelas evidências que sobejam. A Ana Avó(ila) bem que pode aparecer para dar apoio psicológico aos jovens, mas em última instância, há duas notas a reter. Primeiro, os jovens deste país parecem não ser capazes de se organizar sem a ajudinha de uns padrinhos ideológicos e, em segundo lugar, os "velhos" sindicalistas ainda não perceberam que têm de se reinventar para acompanhar os tempos que correm, os códigos e a nova linguagem que declaradamente não entendem.
Estou aqui a ouvir Marques Mendes a criticar António José Seguro por se rodear de gente muito jovem, que é, segundo o comentador, imatura. E não é raro ouvir-se o mesmo a outros comentadores para criticar o actual governo. Entretanto estava aqui a pensar no que deu sermos governados por gente madura e crescida e recordei-me que fomos à falência 3 vezes em 30 anos (uma delas espoletou a actual intervenção da troika, para os que não se recordam).
José Adelino Maltez, no Sobre o Tempo que Passa:
Há uma gerontocracia de falsos reformados que continuam no activo da conspiração de avós e netos, só porque meteram os papéis no tempo certo... Mas também poderiam denunciar-se as acumulações, os prémios de mérito para a mulher do chefe, os prémios e subsídios, as ajudas de custo, as bolsas e os subsídios do "outsourcing" das empresas falsamente majestáticas...
Se o populismo com êxito costuma transformar-se em maioria absoluta, importa compreender a revolta que vai lavrando contra a injustiça geracional deste Estado Social marcado pela falta de autenticidade, como é comprovado pelos jovens qualificados sem emprego ou condenados à emigração, para que se mantenham os privilégios de certos inactivos que deram o golpe na janela de oportunidades...