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Um relógio falho

por João Pinto Bastos, em 18.12.13

Por norma, tendo a menosprezar as quase sempre pouco inteligentes iniciativas políticas das juventudes partidárias, não por qualquer preconceito atrabiliário, mas, sim, pela parca influência que as mesmas têm na vida política quotidiana. Não obstante o facto de ser militante de uma juventude partidária, entendo, e não é de agora, que as juventudes partidárias são, com algumas excepções bem delimitadas, autênticos viveiros da mediocridade intelectual mais grosseira e sabuja. A JP, instituição na qual milito com todo o gosto, ainda que com as reservas normalíssimas de quem entende que os jovens deveriam ser integrados directamente no partido, tem sido, felizmente, uma excepção positiva, contudo, devido, provavelmente, ao pântano de ideias que tem tragado a actualidade política nacional, os jovens centristas resolveram emular os piores exemplos das outras jotinhas. Essa emulação redundou num lance pifiamente estarola, resumido na contagem, através de um relógio propositadamente instalado para o efeito, do número de dias que faltam para a saída da troika de território nacional. Não é que isto importe grande coisa ao comum dos terráqueos lusitanos, mas assentemos, mormente por uma questão de brio, as nossas ideias: em primeiro lugar, quer a troika fique ou saia, já ou daqui a 1000 anos, Portugal continuará a viver, forçosamente, sob os espinhos do estado de excepção financeira a que as elites regimentais tragicamente nos conduziram; em segundo lugar, entendam o seguinte, caríssimos jovens: mesmo que a troika saia oficialmente, as limitações políticas e financeiras permanecerão, com outro nome, talvez, ou, como ainda há poucas horas o primeiro-ministro asseverou, sob os auspícios de uma "linha precaucionária". Em resumo, é um erro político tremebundo instalar artigos de relojoaria para representar, com toda a pompa e circunstância, o fim de algo que, com toda a certeza, continuará por muitos e bons anos. Como dizia uma notabilidade de outros tempos, deixem o recreio e façam os trabalhinhos de casa. 

publicado às 20:57

As liberdades perdidas

por João Pinto Bastos, em 09.12.12

O cursus honorum do político profissional na partidocracia portuguesa é o exemplo mais saliente da gritante ausência da palavra Liberdade na narrativa ideológica oficial. Desde o beija-mão rastejante até à obediência servil às chefias partidárias, que atravessa curiosamente todos os estamentos etários, a carreira política é uma fonte inesgotável de arrivismo. Como explicar, por exemplo, a ascensão do atrevimento ignorante nas juventudes partidárias do centrão? O problema da liberdade em Portugal não se reduz apenas à deficiente concepção dos institutos da propriedade e do contrato. O problema é bem mais agudo e começa na Política. Na política com P maiúsculo. Na incompreensão, perigosa e letal, de que a democracia só funciona se for devidamente temperada pela lei e pelo direito. O principal problema deste "torpe dejecto de romano império" é a fraqueza do Estado de Direito. Sem ele, o despotismo e a corrupção dos costumes serão, inevitavelmente, uma realidade tangível. Já estamos nesse estádio. E digo mais, caso não atalhemos de vez esta putrefacção generalizada acontecer-nos-á aquilo que Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) diz na passagem em baixo, citando Ezequiel: "abençoado é aquele que, em nome da caridade e da boa-vontade pastoreia os fracos pelo vale da escuridão, pois ele é verdadeiramente o protector do seu irmão e aquele que encontra as crianças perdidas. E Eu atacarei, com grande vingança e raiva furiosa aqueles que tentam envenenar e destruir os meus irmãos. E saberão que eu sou o Senhor quando eu tiver exercido a minha minha vingança sobre eles"- Ezequiel 25:17. Os germes do totalitarismo andam por aí, ocultos sob a neblina da ilusão. E por mais que tentemos negar o óbvio, a liberdade encontra-se ameaçada. Seja no estupro económico do país, seja no abastardamento da democracia pela costumeira imundície dos pastores do regime, a liberdade está a sofrer vários abalos. E, mais cedo ou mais tarde, a gana de ter um Pastor que nos comande será infinitamente maior que a vontade de agir e viver em, e com, Liberdade. Cuidado.

 

publicado às 12:53

A geração das "Jotas"

por Samuel de Paiva Pires, em 04.09.12

Se os jornalistas soubessem ser jornalistas a sério, coisas como esta veriam a sua verdadeira face ser revelada. Não é difícil, bastaria falar com meia dúzia de jovens que conhecem realmente aqueles jotinhas que se servem das juventudes partidárias para o carreirismo, sem esquecer que a ilegalidade e a imoralidade são o prato do dia em certas agremiações. Até andamos todos por aqui, no Facebook e na blogosfera. Da minha parte, podem começar por estes posts: Um, dois, três, quatro, cinco.

 

publicado às 13:24

Olha que novidade

por Samuel de Paiva Pires, em 04.04.10


 

(imagem tirada daqui)

 

Jovens longe das juventudes partidárias, uma peça do Público. E continuem a falar com os líderes das juventudes partidárias sobre tal, é mesmo isso. Será que não percebem que são precisamente os jovens que militam nessas congregações de medíocres os principais responsáveis pelo afastamento dos jovens das juventudes partidárias?

 

Será preciso relembrar isto que se passou comigo? Ou talvez este texto que escrevi para o Corta-fitas?

 

Caros jornalistas e afins maravilhados com este tema que recorrentemente aparece na comunicação social, não é necessário ser um génio para perceber a razão deste fenómeno. Vejamos apenas em relação ao que se passou comigo que a minha ficha de filiação na JSD foi retida pela presidente de uma secção - vá-se lá saber porquê. Por outro lado, tendo sido um dos finalistas de um suposto "concurso público" para os estágios de produção política promovidos pela Comissão Política Nacional da JSD, fui excluído por ter alegadamente envergonhado um destacado membro desta Comissão numa Conferência promovida no ISCSP sobre as juventudes partidárias. Na realidade não me dirigi a este mas a todos os que estavam na mesa - representantes dos 5 maiores partidos. Recorde-se, de passagem, que na altura fiz com que um dos mencionados na peça do Público, Duarte Cordeiro, se irritasse. Para além desta breve incursão na JSD, tenho algum conhecimento sobre como se passam as coisas na JS, e para além da JSD fui convidado a ingressar na Juventude Popular, por uma dirigente nacional desta, após ter assistido a uma das minhas polémicas - para alguns desastrosas - intervenções, o que não se veio a concretizar.

 

Meus caros, passe a imodéstia, o meu CV e o meu percurso falam por mim. E conheço dezenas de casos de jovens brilhantes, dos melhores estudantes nos respectivos cursos e áreas, que das juventudes partidárias só querem distância. Quando as próprias juventudes partidárias promovem a mediocridade e afastam aqueles que se poderiam/poderão constituir como fulcrais para o futuro do país porque, como já ouvi da boca de muitos, querem apenas garantir um emprego ou chegar a um cargo de poder e estão dispostos a tudo para isso, estão à espera do quê? E depois ainda se admiram que muitos dos mais brilhantes jovens portugueses emigrem?

 

Continuo a crer que nesta matéria o Bloco de Esquerda sabe bem o que faz ao não ter uma estrutura formal de jovens dentro do partido. No dia em que se acabar com as juventudes partidárias, parece-me que talvez os jovens voltem a aproximar-se mais dos partidos - onde as coisas também não são muito melhores, já que todos sabemos que os processos intra-partidários são pouco ou nada democráticos e transparentes. Até lá, dada a degenerescência em espiral acentuada, a entropia só permitirá agravar a situação, pelo que continuarão a ser essencialmente escolas de mediocridade e centros de emprego para quem pouco ou nada sabe fazer.

publicado às 14:25

Notas soltas

por Samuel de Paiva Pires, em 13.05.09

1 - Nunca gostei de farinha Maizena. Nem de Cerelac, Nestum ou afins. Parece-me que o que falta a muita gente por aí é mesmo chá, bom senso e estar calado em vez de descer constantemente o nível do debate político com declarações inusitadas.

 

2 - A respeito da Bela Vista, já se verifica a tradicional tendência da esquerda que vê nestes tumultos vítimas da sociedade - agora da crise. Entre as gentes honradas e trabalhadoras que vivem em bairros problemáticos como este, há também gente dedicada a outras lides. Gente que não trabalha, que trafica armas e droga, que se envolve em assaltos. Não são vítimas da crise. É gente que há décadas vive desta forma. A comunicação social aproveita para empolar as coisas e mete uns quantos iluminados a palrar sobre como estes jovens são na realidade vítimas da sociedade em que vivem. E que tal um pouco mais de bom senso e menos "rousseaunices" de trazer por casa?

 

3 - Mal ouvi o debate das europeias com os 13 candidatos. Também não me parece que tenha perdido muito.

 

4 - Ouvi hoje com atenção o Professor Marcelo Rebelo de Sousa e António José Teixeira (que teve uma magnífica intervenção), numa conferência que se seguiu à apresentação da tese de doutoramento da Professora Conceição Pequito Teixeira, no ISCSP. E na resposta à minha questão sobre as juventudes partidárias, deixou-nos Marcelo Rebelo de Sousa uma solução que não seria má de todo: descer drasticamente o limite máximo de idade permitido para estar nas Jotas, o que até beneficiaria os partidos na medida em que passariam a usufruir mais cedo da irreverência da juventude (mas já sem idade para estar na Jota). Por mim, que até preferia mesmo acabar com as juventudes partidárias, creio que não seria mal pensado descer o limite até aos 24 ou 25 anos de idade. Deixou ainda duas indicações preciosas que permitem perceber o actual estado dos partidos: o nosso sistema partidário foi criado demasiado à esquerda; e foi criado de cima para baixo, do Estado para a sociedade, e não da sociedade para o Estado. Não chegou a ser respondida a minha outra pergunta sobre o financiamento partidário. O que me parece acertado é que o Henrique Raposo tem muita razão.

publicado às 02:37

Em especial, à atenção do Sr. Dr. Duarte Cordeiro, Secretário Geral da Juventude Socialista:

 

Constituição da República Portuguesa, edição Almedina, 2006:

 

Art.º 155.º - Exercício da função de Deputado


1. Os Deputados exercem livremente o seu mandato, sendo-lhes garantidas condições adequadas ao eficaz exercício das suas funções, designadamente ao indispensável contacto com os cidadãos eleitores e à sua informação regular.

 

Só para que conste e fique registado que o Sr. Dr. Duarte Cordeiro, que se prestou a fazer campanha eleitoral numa conferência organizada no ISCSP subordinada ao tema das Juventudes Partidárias, talvez não tenha lido este pequeno artigo da Constituição, e deve ser por isso que considera furar a disciplina partidária um "acto de insubordinação". 

 

Já agora, em minha opinião, é ridículo falar-se em democracia quando existe disciplina partidária. Acho que as pessoas finalmente começam a aperceber-se desta incongruência. Neste aspecto particular, devo dizer que democracia há nos Estados Unidos da América ou no Reino Unido, não aqui. Dizer que a Assembleia da República é democrática havendo disciplina de voto é uma incongruência e uma desonestidade intelectual do ponto de vista da teoria política da democracia liberal.

 

Continuando, relativamente ao Sr. Dr. Duarte Cordeiro, só alguém com uma grande escola de jotinha, em todo o esplendor negativo da expressão, pode realmente afirmar que "ao Bloco de Esquerda dá muito jeito que os jovens concordem sempre com o Partido", visto que o BE não tem estrutura formal como as outras juventudes partidárias. Ainda tentei explicar, mas duvido que o Sr. Dr. tenha entendido que não havendo estruturas formais, os jovens fazem parte do próprio partido, logo os outputs finais em termos de decisões e efeitos políticos já têm uma carga formal e substancial que deriva da sua participação no jogo social interno do partido, ao contrário das juventudes partidárias que tal como o representante do BE referiu, servem muitas vezes como face moderna de estruturas mais conservadoras e não contribuem directamente para o processo político interno do próprio Partido. Aliás, o mais das vezes têm é que se subjugar ao que o partido ordene, mesmo que seja contra o aparente interesse ou posição do partido em termos eleitorais, o que acaba por servir frequentemente os interesses latentes, a tal agenda desconhecida do grande público.

 

Continuo com a mesma ideia, não deveriam existir juventudes partidárias e entendo que a melhor forma será a do Bloco de Esquerda, não tendo uma estrutura formal de jovens. Assim realmente todos são tratados por igual, e todos os cidadãos maiores de 18 anos (essa é outra, acho que ninguém com menos de 18 anos se deveria poder filiar em qualquer partido ou juventude partidária) podem intervir activamente na vida de um partido.

 

Resta-me continuar a constatar o crescente autismo mesmo daqueles que vão suceder aos autistas de serviço, nesse constante divórcio das juventudes partidárias em relação aos jovens e à realidade (expressão de um outro colega na conferência). É por isso que quando o Presidente da República chama a Belém os líderes das juventudes partidárias para tentar entender porque é que os jovens estão afastados da política, não está sequer a raspar a mais pequena lasca da rocha que constitui tal problema. É contraproducente chamar as associações que em grande parte são as principais responsáveis por esse afastamento, ainda que as juventudes partidárias não esgotem o activismo político. Pior ainda, passa completamente ao lado do problema quando não chama o Bloco de Esquerda, o único partido que ao não ter estrutura formal de juventude partidária, tendo ainda uma mensagem apelativa aos jovens, sabe naturalmente o que fazer a este respeito. 

publicado às 00:15






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