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Como se não bastasse o novo livro de Bob Woodward, em que Trump aparece recorrentemente retratado pelos membros da sua Administração como uma criança ignorante, este artigo vem confirmar a resistência de muitos destes membros e, creio, vai certamente espoletar uma acesa discussão na sociedade americana, desde logo porque, provavelmente, não tardará que alguém levante a questão da ausência de legitimidade democrática de membros da Administração e funcionários governamentais que frustram ou, pelo menos, limitam o alcance de decisões tomadas pelo Presidente dos EUA, mesmo que estas sejam disparatadas e contrárias ao interesse nacional. Por outro lado, a alusão à 25.ª Emenda irá certamente reforçar os que pedem que se incie um processo de impeachment. Entretanto, no Twitter, Trump invoca a segurança nacional para exigir ao New York Times que entregue o autor do artigo à Administração, revelando, mais uma vez, os seus tiques autoritários e mostrando que continua sem perceber como funciona uma democracia liberal e a liberdade de imprensa.
É curioso que Estrela Serrano não veja qualquer problema na existência de um gabinete governamental cuja acção, desconhecendo-se os seus moldes, poderá muito bem ser inconstitucional e ilegal. Mas quanto a essa parte dos meus posts, que é a ideia central que me preocupa e deve preocupar quem defende o Estado de Direito, Estrela Serrano nada diz. O que não deixa de ser curioso se nos recordarmos que o consulado socrático foi useiro e vezeiro na utilização destes meios, de que o Câmara Corporativa, pago com o dinheiro dos contribuintes, era apenas a face visível, e se nos recordarmos ainda que Estrela Serrano fez parte da ERC durante estes anos em que nunca como antes na curta história da III República a liberdade de imprensa foi tão afrontada e condicionada. Vivem-se tempos interessantes em Portugal. Interessantes e perigosos.
Leitura complementar: (posts da série Vamos supor que o governo tem um gabinete só para monitorizar blogs): Um; Dois; Três; Quatro; Cinco.
A democracia portuguesa vive com uma víbora sobre o peito. Só não nos morde se estivermos muito quietinhos e formos bem comportados. É assim que queremos viver, quietinhos e bem comportados?
Rui Ramos, no Correio da Manhã