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A humilhação de Marques Mendes

por John Wolf, em 19.05.13

Tinha feito uma promessa, de joelhos e tudo, inspirado pela doutrina de Belém, que não dedicaria uma linha sequer ao relações públicas Luís Marques Mendes, mas ao virar a página de qualquer matutino digital, dou de caras com os últimos desabafos do conselheiro de Estado. Um indivíduo imbuído de um forte sentido de mexerico nacional. Deixei de escutar as suas alegadas mensagens oraculares, para me centrar em questões relacionadas com a linguagem empregue - a semântica da semana. Quando o Marques Mendes traz para a arena do léxico político o verbo humilhar, parece que estamos a lidar com um arrufo de uma Barbie. Que uma boneca rival entornou propositadamente um cocktail sobre o seu vestido apenas para a envergonhar em público, à frente do Ken e tudo. Desde quando é que a humilhação funciona enquanto código político, ou enquanto uma pequena moção de censura, de tamanho reduzido, liliputano? E depois há esta maravilha, esta pérola: "a solidariedade dentro do governo não funcionou". Sinceramente, penso que o Luís Marques Mendes está muito bem como porta-voz do surrealismo político que retrata Portugal. Se são estas miudezas que levam a lume para explicar uma tragédia nacional, este, e os demais conselheiros, estão confortáveis com a tragédia nacional. Estão-se nas tintas para o que o bufo de Estado e Governo tem para dizer. Enquanto esta novela de idiotas acontece, estamos a ser vítimas de bullying, de assédio psicológico. Somos nós que estamos a ser humilhados pelas palavras incertas que estão a ser proferidas e pelas decisões políticas que estão a ser tomadas. O Marques Mendes é um tonto inconsciente, parente próximo do Presidente da República. Pisam ambos, e sem pudor, tabus, como se fossem tábuas de engomar. A Nossa Senhora, e a humilhação, fazem parte do mesmo jargão de sofrimento que deve apenas residir no espírito toldado dos Portugueses. Esse território de sentimentos, é um refúgio sagrado, e não pode ser arrastado, com toda a sua carga simbólica, para o confessionário obsceno do mediatismo de ocasião. A seguir à humilhação de Marques Mendes o que teremos? A ciumeira de Seguro?

publicado às 08:48

O Luís Marques Mendes é um dealer. Um traficante de informações e dicas, de rumores obtidos na calle. O comentador televisivo abastece-se no mercado negro  da política. As fontes para tal presciência nunca são reveladas. Parece que fez um pacto de sangue que o inibe de corroborar a certeza das suas afirmações. Ao mínimo deslize trucidam-lhe um dedo, ali mesmo, no balcão da televisão - o mindinho, e depois o outro, o indicador, aquele que aponta. As sucessivas fugas de informação, na minha opinião, vão em sentido contrário ao que é requerido nos tempos que correm - transparência. Enquanto membro do conselho de Estado, enquanto titular desse estatuto, deveria abster-se de transformar assuntos de Estado e governação numa feira de suposições e conjecturas. O seu comportamento alimenta a estação de televisão que o contrata, os mexericos sempre serviram para fazer crescer as audiências. Mas, em nome da Democracia, já de si ferida, a arte que pratica parece não servir de todo o interesse colectivo. Serve candidaturas alheias. O Marques Mendes trabalha para o Vitor Gaspar? É trabalho precário ou há perspectivas de carreira? Porque razão estará a preparar o futuro político do Gaspar? Tudo isto soa a inside information tornada televisiva, pública. A última coisa de que os Portugueses querem ouvir falar é da próxima etapa profissional do ministro das finanças. São estas novidades que eternizam a noção de que os políticos procuram salvar o seu coiro, independentemente do rumo colectivo, do futuro de Portugal. Não me parece que o Luís Marques Mente, e se não mente, então que apresente um atestado. O mínimo que se exige é que revele de que forma teve acesso a informação, se não confidencial, decerto que privilegiada. Gostava de saber qual o partido de Luís Marques Mendes. De que agenda faz parte. Ele aparece com ar de santinho, produz afirmações que parecem caídas do céu, como se por acaso fosse uma agência de informação, e a troco de não sei o quê, obtém pequenas peças para se manter à tona no difícil mester de comentador televisivo. A quem devo pedir a certificação do produto? Porque é disso que se trata. Se um produtor de tomate é obrigado por lei a certificar o seu modo de produção e distribuição, os profissionais do sector de informação, devem também ser obrigados a colar uma etiqueta no produto que nos vendem. Uma especie de Denominação de Origem Controlada de Informação. A informação não deixa de ser um produto consumível e que pode causar intoxicações. No meu entender, há que apertar os calos daqueles que despejam carga no cais. Se a palette de fruta é para mim, gostava de pelo menos saber qual a proveniência dos cocos. Do sumo que corre do coco rachado.

publicado às 08:38






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