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Gabriela Canavilhas "rosnou" contra Manuel Maria Carrilho dizendo “Que morra para a vida pública quem agrida e maltrate a mulher”, sugerindo a sua expulsão do PS, por Carrilho ter ele próprio sugerido a expulsão de José Sócrates do seu partido.
Compreende-se a indignação de Gabriela Canavilhas: existe a presunção de inocência e Sócrates não foi ainda julgado nem condenado pela justiça, algo que Manuel Maria Carrilho deveria perceber muito bem porque também ele próprio não foi ainda julgado nem condenado pela justiça, algo que Canavilhas deveria perceber muito bem antes de condenar Carrilho, algo que Carrilho deveria perceber muito bem antes de condenar Sócrates. Já agora, será que alguém do PS pode arrotar esta questão da presunção de inocência ao ouvido da Isabel Moreira? Um caso bicudo, este.
Depois de ver a castanhada que a Hillary Clinton está a levar desde que anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, penso em Portugal e o "país de brandos costumes" que tem poupado os políticos da terra. Manuel Maria Carrilho tem razão. A proposta que colocou na caixa de sugestões do Largo do Rato deve ser lida com muita atenção por António Costa que, à semelhança da Dona Clinton, é um político do passado com pouco para oferecer ao futuro. Mas passemos ao edital de Carrilho: a expulsão de José Sócrates do Partido Socialista (PS) como (uma) forma de redenção. Como segunda medida, e à luz de uma condenação pelo sistema judicial de Portugal, o PS deveria mover um processo ao ex-secretário geral daquele partido por danos causados ao património ideológico tão intensamente conquistado por Soares e outros correligionários. Sim, photoshop com ele. É riscar o homem do mapa e passar adiante. Mas sabemos que em casa de poetas alegres e contentes, os saneamentos são coisas de outros regimes (jamais, dirão eles). Contudo, não se trata de saneamentos. Esses processos de ruptura e canalização acontecem sem fundamento, de um modo injusto, como uma agressão - violência gratuíta. E não é disso que se trata aqui. António Costa e os seus associados podem vir a ter dificuldades na gestão dos danos causados por uma condenação. Ou seja, podem ficar mal na fotografia. Das duas uma; ou sabiam e pactuaram com os percalços ou não sabiam e enfileiraram-se nessa lenga lenga da presunção de inocência. Certamente que outros mais competentes talvez possam oferecer o seu conselho estratégico. Porventura o advogado João Araújo possa lançar alguma luz sobre as hipóteses que se lhes apresentam. Entretanto, irei ver o programa do outro lado do Atlântico. Quero saber se Hillary inalou ou não.