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Programa para hoje

por Samuel de Paiva Pires, em 06.05.13

publicado às 13:35

O último adeus

por Pedro Quartin Graça, em 17.04.13

publicado às 15:36

Soares e Thatcher

por Nuno Castelo-Branco, em 10.04.13


Nada de extraordinário, este sentido desabafo de Mário Soares, referindo-se ao passamento de Margareth Thatcher. Convenientemente esquecido daquilo em que o Reino Unido se tornara no final dos anos setenta, o ex-residente em Belém prefere recorrer à propaganda que aponta o neo-liberalismo como a causa da ruína em que nos encontramos. Se é bem certo que no seu artigo funciona o estranho princípio da contradição inadvertida - num Portugal esmagado de impostos considerados como "política neo-liberal", aponta o dedo a quem mais impostos reduziu para libertar a sociedade de entranhados abusos -, também se nota uma inegável admiração por quem conseguiu na segunda metade do século XX, aquele estatuto que a II Guerra Mundial reservaria a um homem da dimensão de Winston Churchill. Mário Soares fala dos sindicatos britânicos dos anos setenta, como se estivéssemos perante organizações idílicas que se limitavam à defesa dos mais vulneráveis. Esquece o abuso do poder, a chantagem social, a deliberada destruição de qualquer possibilidade de existência de um aparelho produtivo viável e a descarada negação da legitimidade política conquistada nas urnas, enfim, a normal funcionalidade de uma democracia considerada estável. A Dama de Ferro não fugia, não se refugiava em bunkers de silêncio comprometido com as sondagens de fim de semana. 

 

O que Mário Soares detesta em Thatcher, consiste precisamente naquilo que muito tem faltado aos dirigentes portugueses: a intransigente defesa dos interesses do país.

publicado às 11:37

A grandeza passou a ser coisa do passado

por João Quaresma, em 09.04.13

Por nenhuma razão em especial (mas coincidindo com a notícia de ontem) por estes dias lembrei-me da Ally e do Galfried, um casal inglês amigo da família. Conheceram os meus pais quando, de mapa de Lisboa na mão, lhes pediram indicações e, conversa puxa conversa, ficou uma amizade que durou anos, até à morte de ambos. Para mim, ficaram como a referência dos ingleses no seu melhor: simpáticos, educados e apreciadores do que de bom as outras nações têm para oferecer, por muito diferentes que sejam da Grã-Bretanha (o que nem sempre acontece com os seus conterrâneos).

Em especial o Galfried. Pessoa extremamente culta, que conhecia bem as artes e a História de vários países (até a da Índia antes da colonização britânica), incluindo a de Portugal. Bom conversador, com uma educação irrepreensível, maneira de estar e aparência de um cavalheiro inglês de boa linhagem, entre quem o visse e ouvisse ninguém diria que toda a sua vida tinha sido um bobby: um simples polícia londrino. Não tinha sido educado em Eton, Oxford ou Cambridge mas tão simplesmente na escola pública e a sua bagagem cultural tinha sido adquirida nas bibliotecas públicas, nos documentários da BBC e nas viagens, depois de se reformar. Era o exemplo do melhor do elitismo britânico: aproximar as classes populares dos níveis educacionais e culturais das elites.

Ambos gostavam bastante de Portugal, voltando várias vezes e ficando numa casa nossa. Também recebemos amigos deles, ingleses e um casal de professores universitários australianos a quem disseram: «Não se pode conhecer bem a Europa sem conhecer Portugal». Ao Galfried, intrigava-o o 25 de Abril, e o facto de Portugal ter estado à beira de uma guerra civil: «Como foi possível num país tão antigo, um povo que nos maus momentos esteve sempre tão unido e foi sempre tão forte? Em Inglaterra, é impossível os comunistas tomarem o poder. Para o fazerem teriam de nos virar uns contra os outros, e isso é muito, mas mesmo muito difícil de fazer. Somos muito unidos, como se fôssemos uma família. E em parte devemos isso ao Sr. Hitler».

Durante a guerra, Galfried tinha estado na artilharia anti-aérea, defendendo a sua Londres contra os bombardeiros alemães. Dizia que os meses que durou o Blitz tinham mudado muito os ingleses na maneira de pensar e de se relacionarem. Toda a gente compreendeu que tinham todos de trabalhar em conjunto e de se ajudarem uns aos outros, de aceitar sacrifícios e esquecer diferenças e divergências. Londres era ela própria um campo de batalha e todos, de uma maneira ou de outra, tomaram parte nesse combate, da jovem enfermeira auxiliar Ally à princesa (e futura rainha) Isabel. Todos entenderam que cada dia e cada noite podiam ser os últimos, que a próxima bomba a cair podia ser a sua, e que se devia fazer o máximo pelo país e pelo próximo, e o possível para aproveitar a vida. Quando uma família perdia a sua casa, os vizinhos acolhiam-na o tempo necessário. Quando uma criança ficava órfã ou um idoso ficava só, havia sempre um lar disposto a recebê-lo, fosse num quarto em Londres ou num castelo na Escócia. Todos tomavam a iniciativa e ninguém ficava à espera que o Estado viesse ajudar. Maridos e mulheres separados pela distância escreviam-se dizendo que não se importavam que se relacionassem com outras pessoas, se isso as fizesse sentir melhor. Todos entenderam que eram um só povo e todos puxaram para o mesmo lado.

Esse Reino Unido, valente, determinado e unido, em parte desapareceu ontem com a morte de Margaret Thatcher, o último primeiro-ministro que trabalhou para que o país fosse assim. E como diz Miguel Castelo Branco, «a Europa, ou o que dela resta, morreu hoje um pouco mais». A Europa feita de nações com energia própria, rica na sua diversidade e liberdade de acção, foi substituida por um condomínio de mercados e de plutocracias, onde os povos foram castrados de poder e vontade própria, reduzidos a moles de consumidores e contribuintes, bananizados e viciados em satisfacções rasteiras. O Reino Unido era uma das nações que lhe servia de alicerce e que, mesmo pelo seu distanciamento, mais a influenciou. Hoje já não faz Austins nem Rovers, os bobbies podem vir a ser privatizados, as caçadas à raposa foram substituidas pela caça ao "politicamente incorrecto" e, mesmo com a Rainha e a libra estrelina, está em muitos aspectos irreconhecível.

Londres voltou a arder em 2011 não por obra dos bombardeiros da Luftwaffe mas dos incendiários sustentados pelo welfare state, instruídos como carneiros pela Educação Inclusiva, educados na mesquita mais próxima e cujas noções de cidadania foram obtidas no fast food mais barato. O elitismo saudável e construtivo foi banido pelo populismo destruidor, que tudo reduz ao mínimo denominador comum e ao culto da infantilização tutelada pelo Estado (nem nas olimpíadas de Moscovo, em 1980, nem de perto nem de longe se assistiu a algo de tão ridiculamente ideológico como a homenagem ao Serviço Nacional de Saúde na abertura dos jogos de Londres). É uma decadência que todos constatam mas a que uns se resignaram e outros, por entre as recordações trazidas por Downton Abbey, os discursos inflamados de Nigel Farage, e a utopia actual de Midsomer Murders (de uma Inglaterra inglesa em pleno Século XXI) não conseguem travar. Lamentavelmente, da glória do Blitz à futilidade das corridas de Ascot, cada qual à sua maneira, a grandeza e a identidade própria passaram a ser vistas como coisas do passado.

publicado às 20:05

In memoriam - Margaret Thatcher, A "Dama de Ferro"

por Pedro Quartin Graça, em 08.04.13

"You cannot stand in the middle of the road because you'll be knocked down by traffic from both sides"


Margaret Thatcher

publicado às 14:18

Thatcher bem avisou quanto ao Euro!

por Pedro Quartin Graça, em 17.03.13

 

Estávamos em 1990, há 23 anos, portanto. De forma premonitória, 5 anos antes da sua introdução no mercado, a ex-Primeira-ministra inglesa, Margareth Tatcher avisou quanto aos perigos do Euro como moeda única e os riscos que daí adviriam para as democracias parlamentares. Alertou, ainda, quanto à questão da constituição de uma Europa Federal. Atente-se na actualidade do vídeo e do texto que, infra, transcrevemos:

 

"Mr. Alan Beith (Berwick-upon-Tweed): Will the Prime Minister tell us whether she intends to continue her personal fight against a single currency and an independent central bank when she leaves office?

Mr. Dennis Skinner (Bolsover): No. She is going to be the governor. [Laughter.]

The Prime Minister: What a good idea. I hadn't thought it. But if I were, there would be no European central bank accountable to no one, least of all to national Parliament. Because the point of that kind of European central bank is no democracy, taking powers away from every single Parliament, and being able to have a single currency, a monetary policy and interest rates which takes all political powers away from us. As my right hon. Friend (Mr. Lawson ) said in his first speech after the proposal of a single currency, a single currency is about the politics of Europe, it is about a federal Europe by the back door. So I shall consider the proposal of the hon. Member for Bolsover (Mr. Skinner ). Now where were we? I am enjoying this.

Mr. Michael Carttiss (Great Yarmouth) You can wipe the floor with these people."

publicado às 20:02

No, no, NO!

por Nuno Castelo-Branco, em 26.12.11

publicado às 22:29

Ironias greco-germânicas

por Samuel de Paiva Pires, em 07.09.11

Agradecendo ao Miguel Noronha a referência, a propósito do que o mesmo assinala aqui, sabendo-se da mais do que inacreditável situação que a Grécia atravessa e adivinhando-se o óbvio default, talvez esteja na altura de colocarmos os cintos de segurança e prepararmo-nos para o desconhecido efeito dominó que aí vem. Claro que, pelo caminho, de forma mais ou menos disfarçada, lá se vai incutindo o medo nos povos europeus, para nos levar a um determinado objectivo político, e nada melhor que perspectivar cenários catastróficos como os plasmados no relatório de ontem do UBS, de que o Filipe Faria também dá conta.

 

Estamos, portanto, perante duas ironias no meio desta história toda: a partir da Grécia, berço da democracia, corremos o risco de ver o princípio do fim da mesma nos países Europeus; e a Alemanha, que não conseguiu dominar a Europa por via do poder bélico, acabou por o fazer por via da economia e, consequentemente, da política.  Perante este bravo mundo novo que se vai esboçando atabalhoadamente, é sempre bom recordar as palavras de Margaret Thatcher: "You have not anchored Germany to a unified Europe...You have anchored Europe to a newly unified and dominant Germany! In the end my friends, you will find it will not work."

publicado às 13:15

escreveu alguém num comentário ao post sobre a democracia. Certo. É coisa que incomoda, que põe o potencial eleitor de pé atrás, essa vulgaridade, numa pessoa que pretende exercer uma actividade nobre como é - devia ser - a política, a qual supõe a defesa do interesse nacional, sem cedências à facilidade, ou a interesses reprováveis.

Também aqui a " dama de ferro " é exemplo para os aspirantes a políticos,  a governantes, quando, rejeitando essa leviandade e condescendência avisa " Podes ter de travar várias vezes uma batalha antes de a ganhar ".

publicado às 18:47

Estes vídeos trazidos pelo Samuel

por Cristina Ribeiro, em 07.05.09

fazem-me lembrar uma questão que, há tempos já, deixei na caixa de comentários do Corcunda: que não, que o liberalismo era de todo inconciliável com uma séria vertente conservadora; que um excluía o outro. Margareth Thatcher demonstrou o quanto são conciliáveis.

Sei que sou teimosa, mas aqui trata-se mesmo de convicção.

 

 

 

           ** que não se limite a fingir sê-lo .

publicado às 18:31

 

 

publicado às 23:59






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