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De pequenino é que se torce o pepino. Pois. Não é o caso, no que concerne a esta disciplina desportiva. Mas já estou agarrado, como se tivesse seis anos de idade. Refiro-me à modalidade cada vez mais global — Padel. Comecei há dias e já sinto a adrenalina que move montanhas. Contudo, sei refrear a ambição (por enquanto), se não o corpo pagará o preço, alto. E eu já paguei. Para colocar as coisas em perspectiva desportiva, fui praticante de equitação dos seis aos trinta e seis anos de idade. Equitação clássica, para ser mais preciso, e sei o seguinte. Nem que vivesse duas vidas tornar-me-ia enciclopédico em relação à Dressage (Dressage, do françês, dresser, educar...ensinar). E bastou um detalhe para fracturar o fémur direito e levar com dezasseis parafusos e placa, instalados no final de 2005, removidos na primavera de 2007 e reciclados em 2008. Bastou uma queda de uma poldra, um instantâneo de meio segundo para mudar o curso de uma vida. Ainda antes da fractura (feia e dolorosa), em 1999, havia sido convidado pelo grande jornalista desportivo Rui Tovar para comentar hipismo no Eurosport. Fí-lo durante quatro anos na companhia do ex-cavaleiro e bom amigo Jorge Gouveia da Costa, sempre rendido à vastidão da sabedoria que se nos escapa. Trinta anos é muito tempo, mas uma gota de água no balde do relógio ontológico. Quando certos arrivistas vêm com aquela conversa pedante de que vão para a neve, nada digo. Apenas sei que seriam necessárias três vidas para realizar um slalon de montanha. Por isso nunca ousei esquiar. E o Padel não será excepção. Por isso, durante o ano que precedeu a minha estreia na modalidade preparei o corpo e o quadro mental. Ainda antes de defender a minha tese de doutoramente, já estava a pedalar diariamente e, por sugestão do meu grande amigo de longa data Pedro Choy (renomado acupunctor, e pelo menos 5º Dan de Karate), iniciei a prática de outra modalidade que ignorava por completo, mas que mudaria por completo a minha condição física.Desta vez refiro-me a Indian Clubs (club como em golf club) que não explicarei no que consiste (terão de usar este link e ver com os próprios olhos). Mas prestem atenção. A progressão foi ponderada. Comecei com clubs de 2kg e depois, de 4kg e agora de 10kg, sempre alternando exercícios com cargas distintas. Ou seja, antes sequer de contemplar a prática de uma (nova) nova modalidade, estava obrigado a reunir as condições físicas e deter o quadro mental adequado. A perda do meu pai em fevereiro de 2025 acabou por conceder-me a força interior, a imagem de superação, de dor e glória, assim como a paixão — vectores que também desenham o compasso das nossas singelas vidas. Sei que para atingir altos voos, seja em que domínio for, devemos fazer coincidir o poder atlético, o intelecto, a técnica correcta, a disciplina e a ambição, de um modo continuado e sem reservas. A competição é sempre a solo, íntima. A busca pelo equilíbrio interior pode vir a exteriorizar-se por via da expressão morfofuncional que, a partir de certo nível, ganha contornos estéticos, de arte. Enfim, já estou a viajar, a sonhar. Regressando ao Padel, assumo-me como raquético. Analisei raquete após raquete até encontrar a que melhor se poderia adequar ao nível de principiante. E fui surpreendido. Portugal surpreendeu-me. Para além do número impressionante de praticantes em Portugal, de todas as idades e feitios, incluindo profissionais de topo, descobri duas fabricantes high-tech-artesanais de raquetes. São elas, por ordem aleatória, a Cork Padel, a Quad. A escala singular destas duas marcas é a sua pedra angular. Não devem procurar conquistar o mundo. São produtos premium e exclusivos que oferecem aos praticantes seja qual for o seu nível. Essa medida de excepcionalidade limitada é o que torna valioso o bem oferecido, raro e especial. E a qualidade tem um preço naturalmente proporcional. Ainda bem que são duas as marcas confinadas ao mesmo espaço de competição. O padelismo só terá a ganhar com esta dupla de concorrência, de excelência. Só tenho uma coisa a dizer — chapeau (chapéu, lob...) O Padel é de Portugal.
Barbas por fazer, depilações íntimas ou pêlos no peito inscrevem-se todos no mesmo programa de maquilhagem política da Europa. Mas, de um modo conveniente, as ilações surgem sempre depois do caldo ter sido entornado. Não me parece que tenha havido um esquema gizado por "liberalistas" para levar por diante os ideais ecuménicos de uma União Europeia multi-color, tutti-frutti, aberta ao movimento de bens, serviços, capitais e travestis. Seja qual fôr o âmago da questão, a verdade é que um freak-show também serve para atrair públicos, quiçá investidores. E é isso que está em causa. Para o ano que vem mais uns quantos milhões de espectadores irão sintonizar a antena da Eurovisão, na expectativa de serem surpreendidos com uma proposta ainda mais híbrida, ousada. Em época de descrédito da Europa, de crises sucessivas e fracturas que dividem o Norte e o Sul, a barba "Wurst" de pouco servirá para tapar buracos e pontos negros, mas uma lição pode ser extraída. O público aprecia bizarrias e invulgaridades, e a excentricidade rouba as atenções todas, distrai da falta de qualidade de outras promessas, musicais ou não. Cada reino tem os seus bobos da corte e, se não os tem, deveria pensar nos benefícios que estes podem trazer. Sabemos que no dia 24 de Maio a final da Champions League irá gerar dinâmicas e audiências televisivas assinaláveis, e que imagens de Lisboa irão correr por esse mundo fora. E onde e como é que se pode encaixar uma oferta especial para temperar a ocasião? Não se arranja nada à altura de uma Conchita? Uma figura bordalo-pinheiresca que faça a bola descer à terra? Oh Turismo de Portugal e agências de marketing - toca a mexer, mãos ao trabalho. Vejam lá o que arranjam, mas não nos metam em sarilhos. Portugal deve saber aproveitar todas as oportunidades para extrair valor e dar a volta por cima. Sexo vende, mesmo que não se saiba o que o homem traz por debaixo das sete saias.
Ainda estou a pensar nesta jogada marketeira de Passos Coelho apresentar novas medidas de austeridade meia-hora antes do jogo da selecção nacional. Está cada vez mais parecido com Sócrates, nos métodos e na substância.
* título adaptado a partir de uma célebre interrogação de Salazar sobre os diplomatas e o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O Euro 2012 acabou, a época de incêndios ainda não pegou e ainda é cedo para o arranque oficial da silly season. Mas a distracção tem de continuar e, mal se ouviu o apito final de Pedro Proença em Kiev, logo estreou uma nova novela protagonizada pelo mal-amado Miguel Relvas, hoje reforçada com o folhetim do bem-amado Macário Correia. O povo quer ver ficção ciêntífica com políticos na cadeia, mas se o reality show os mostrar a fingir que estão a ter problemas com a "Justiça" ou em maus lençóis já é bom. Até ao fim do mês, altura em que as forças vivas da República se exilam no reino dos Allgarves (onde os espera um espectáculo automobilístico memorável na EN 125), poderemos esperar mais alguns casos obviamente escandalizantes, gritantes e fascinantes que irão encher os noticiários e debates televisivos, os jornais e a blogosfera. Aquilo de que estamos a ser distraídos virá visitar-nos mais tarde.
O marketing comanda a vida e sempre que o homem marketeia o mundo pula e avança. Façam o favor de ser felizes.