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Como matar Portugal

por John Wolf, em 15.09.16

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Esta amostra de governo de Portugal quer destruir o país. Se achavam que 28% de imposto sobre mais-valias de títulos financeiros já era a doer, preparem-se para a estocada final. A iniciativa da geringonça, inspirada nos cânticos do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda, visa agravar ainda mais a tributação de bens mobiliários. Estes aprendizes de mercadores não entendem como funciona uma economia, nem para que servem acções transaccionadas em bolsa. Quando compramos títulos financeiros, estamos a conceder um empréstimo a uma ou mais empresas, estamos a tornar-nos co-proprietários de uma operação, estamos a contribuir para a geração de emprego e, naturalmente, em consequência desse estado de arte, os lucros aparecem e são repartidos por aqueles que depositaram meios financeiros, correram riscos, mas também alimentaram expectativas positivas em relação ao desempenho das empresas em causa. Ou seja, esta dinâmica permite suster a economia de um país, tornando-o menos dependente das subvenções do Estado. Ao castrar os agentes económicos activos e passivos, o governo contribui a longo prazo para a insustentabilidade do sector privado. O fundamentalismo económico dos partidos do governo irá tornar Portugal um país cada vez menos atractivo na óptica de investimento. Os aforristas nacionais ou os grupos de investimentos internacionais passarão cada vez mais a percepcionar Portugal como um destino pouco simpático para investir. Por outro lado a evasão financeira será estimulada. Os potenciais investidores de nacionalidade portuguesa procurarão encontrar ambientes tributários mais amenos. A geringonça está a emitir a sua própria modalidade de Austeridade. A marca branca que estão a desenvolver assenta na premissa primária de que a riqueza é um alvo a abater, mas também corta as pernas às aspirações financeiras e económicas dos pequenos cidadãos que sonham com poupanças, um modesto investimento e um pé-de-meia de retorno que uma reforma está longe de poder oferecer. A Catarina Martins e as irmãs Mortágua, co-adjuvadas pelo dependente António Costa e o parceiro Jerónimo de Sousa, afirmam que visam poupar a classe média e atacar a alta. Qualquer dia por este andar não existirá nada para atacar. Nada.

publicado às 18:14

Dos mercados

por Samuel de Paiva Pires, em 28.06.16

Dragão, Dominó, Chain reaction, Whatever!...:

Todavia, não deixa de ser bizarro... Os mercados fustigaram a Grécia porque ficou, fustigaram Portugal porque nem à chapada e a chicote de lá saíria, fustigaram a Rússia, a China e a República Centro Africana (todos os meses) porque não pertencem; fustigaram até o Estados Unidos sabe Deus porquê, e agora vão fustigar também os Britânicos porque saem? A verdade é que saiam, fiquem, ou nem por isso, são fustigados. Na medida em que os tais mercados se converteram num flagelo já não valem como argumento. É irrelevante o que um país faça em termos de acordos internacionais perante um flagelo. Esteja o céu para aí virado, apanha com ele e pronto. É como os furações, os terramotos ou as enxurradas.Ou seja, os Mercados já pertencem mais ao domínio da metereologia do que da economia. Digo da metereologia porque estou a ser simpático: o termo rigoroso é astrologia (bruxaria e candomblé se estivermos com exactidões).

publicado às 10:35

Só vejo UBERs à minha frente

por John Wolf, em 30.04.16

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Muito obrigado. Passei a ver UBERs em tudo e mais alguma coisa. No jornalismo - a realidade não pertence aos media nem aos repórteres. Na imperial - a cerveja à temperatura certa a 50 cêntimos mesmo ao lado do Mercado da Ribeira. Nos cabeleireiros - o mesmo corte, a mesma permanente, e mais qualidade a um preço razoável. Nas oficinas de reparação automóvel - com as mesmas garantias e a um terço do preço. Nos serviços de advocacia - o mesmo processo, a mesma lei e os honorários conforme o desfecho jurídico. Nas telecomunicações - o custo de roaming a desaparecer. Enfim, UBER existe desde sempre. Desde Adam Smith. Desde a teoria das vantagens comparativas. O país que descobriu o mundo, que navegou mares desconhecidos e trouxe prata e marfim, ouro e especiarias, é o mesmo que inventou a UBER. Quando Portugal se fez aos mares alterou por completo a estrutura da economia mundial, dinamitou as relações laborais e volvidos séculos continua a encher o peito dos portugueses com um sentido de orgulho muitas vezes questionável, contraproducente. Fizeram a revolução há 42 anos? Pois bem. Foi para isto mesmo. Para que o espírito empreendedor se pudesse libertar. Quem não entende o que está em causa não entende o processo civilizacional. O de Elias ou de outro qualquer.

publicado às 07:18

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A dupla Jerónimo-Martins quer fazer frente à Jerónimo Martins. Sim, Jerónimo (de Sousa) e (Catarina) Martins. É tudo uma questão de mercados, economia e transferência de riqueza. Se o Jerónimo de Sousa e a Catarina Martins chegassem ao poder, não tenho dúvidas que viriam atrás daqueles que ganharam a sua vida de um modo honesto. Não tenho um pingo doce de dúvida que o atalho para fundamentar o seu conceito de geração de riqueza seria tirar a quem muito tem para dar a quem pouco tem. No entanto, esquecem-se que a grande maioria dos que tem, em tempos pouco teve. Confirmamos deste modo uma visão preconceituosa - o sucesso e a acumulação de riqueza são sinónimo de desonestidade. No caso destes senhores é mais fácil tirar do que dar - dar a cana de pesca, por exemplo. Portugal estava a dobrar a esquina económica e financeira, mas estes senhores têm uma visão altamente corrosiva da realidade. Aliás, o que a Esquerda do Partido Socialista, da Coligação Democrática Unitária e do Bloco de Esquerda propõem é a cara chapada de Wall Street. A operação que querem levar por diante é um takeover do governo, mas para o realizar encontram-se na fase de mergers and acquisitions. O regulador da bolsa de valores ideológicos (Cavaco) decerto que suspenderá a fusão, se ficar demonstrado que o cartel pretende avançar com o desmantelamento da sociedade económica e social tal e qual como a conhecemos e elegemos. Para já, lidamos com especuladores, traders como António Costa que negoceiam no mercado de derivados, alguns altamente tóxicos.

publicado às 10:16

Don´t cry for me Greece

por John Wolf, em 12.02.15

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Vamos lá ver se a gente se entende. Foi a 12 de Junho de 1975 que a Grécia solicitou a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) e a 1 de Janeiro de 1981 tornou-se efectivamente membro da CEE. Foi aquele país que quis fazer parte do clube da modernidade europeia. Foram eles que analisaram as implicações do projecto europeu. Ou seja, a Grécia dispôs de 40 anos para se organizar de um modo sustentável e pôr a casa em ordem. Teve quatro décadas para praticar a economia de mercado que bem quis. Teve tempo suficiente para passar de um país economicamente atrasado a país desenvolvido (ou em vias de desenvolvimento). Recebeu rios de dinheiro a fundo perdido (tal como Portugal), ao abrigo da necessidade de nivelar as diferenças entre o norte e sul da europa comunitária - os tais fundos estruturais e outros com a mesma finalidade. Pelo meio ainda teve fôlego para brincar à "sofisticação dos ricos" e organizar uma edição dos Jogos Olímpicos. Mas lamento: agora tenho de entrar com uma componente cultural, a dimensão que determina o sucesso de uns e o falhanço de outros. Podem vir com o argumento da intenção do eixo franco-alemão em alargar os seus mercados a compradores de Mercedes e BMWs por essa Europa fora, mas essa explicação assente numa ideia de exploração colonial intra-europeia não pega. Por que razão uns se propõem a objectivos e os alcançam, e outros nem por isso? Por que razão uns são suecos e outros cipriotas? Será uma questão étnica ou racial? Não. Será uma questão ética? Talvez. Provavelmente. Certamente. Em tempos de convulsão política onde se exige a cabeça de uns e os braços de outros, estamos obrigados a esta reflexão sobre as causas profundas do descalabro existencial de certas sociedades. Esse exercício de auto-crítica é penoso, mas qualquer nação à face da terra está obrigada a encarar a sua condição existencial. Pode ser que o paradigma europeu esteja a ser posto em causa, mas a explicação exclusivamente financeira não serve para responder à totalidade do questionário. Se o casamento entre a Grécia e a Europa tiver que chegar ao fim, que assim seja, sem dramas. Provavelmente com drachmas.

publicado às 09:18

A natureza da extrema esquerda

por Manuel Sousa Dias, em 06.02.15

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Depois da tournée europeia sem resultados  além de um perder da face ao vivo e a cores, qual a saída para a extrema-esquerda anti-capitalista-anti-globalização-anti-mercados-anti-Europa-anti-euro grega? Ser ela própria, claro!!

publicado às 17:42

A era da inflação já chegou

por John Wolf, em 18.06.14


publicado às 09:44

Não há sanitas limpas

por John Wolf, em 03.05.14

Não há sanitas limpas. Não acreditem piacabamente no que vos dizem.

publicado às 09:34

O messianismo social-democrático

por João Pinto Bastos, em 20.02.14

Não, Henrique, a resposta à questão "qual a principal tarefa da Europa nos próximos anos?" não é assim tão linear, prova disso é o facto de haver muito boa gente que pensa o problema europeu de um modo bem distinto do propugnado pelos apóstolos do modelo social tale quale. Mas deixando de lado esta pequena minudência, há, efectivamente, a consciência funda de que a saída da crise não poderá dispensar duas coisas, a saber: 1) a reforma ampla e transversal dos distintos modelos de protecção social estabelecidos no pós-guerra, 2) a fixação de mínimos sociais, isto é, a reforma do indispensável sem que, contudo, os mais desfavorecidos sejam abandonados ao acaso assimétrico dos mercados. Estas duas condições, que perpassam alguma da literatura publicada no último lustro, não foram, que eu saiba, suficientemente dilucidadas pelas elites políticas europeias. Aliás, como é por de mais conhecido, o debate público tem assentado num conjunto de falácias que, pela sua ampla difusão, têm impedido o esclarecimento cabal da cidadania. Falácias essas que vão desde o mito do "os portugueses viveram acima das suas possibilidades" (o carro-chefe de algum "liberalismo" pouco ilustrado) até à tese, aventada pela grande maioria das esquerdas, de que o Estado Social é intocável. É bom de ver que com uma esfera pública tolhida por pontos de vista tão alheios à realidade não é de todo possível esclarecer a cidadania dos ingentes desafios que impendem sobre o país, e, já agora, sobre a Europa. O que importa, desde já, sublinhar é o facto de a crise presente socavar, sem apelo nem agravo, a belle époque regressiva dos últimos decénios. O crédito fácil minguou e a paciência dos cidadãos/súbditos já não é, propriamente, a mesma. O que sairá daqui ninguém sabe, o certo é que Estados gordos e mercados politicamente dominados por rentistas salafrários já não são remédios que funcionem. De resto, nunca foram.

publicado às 15:14

A toxicodependência das taxas de juro

por John Wolf, em 29.01.14

Eu sei que a Turquia e a África do Sul estão a grande distância física de Portugal. Mas esse facto não deve ser subestimado. A mera sugestão de abrandamento do programa de estímulo financeiro levado a cabo pela Reserva Federal dos EUA ( na ordem dos 10 mil milhões de dólares), foi mais que suficiente para fazer subir as taxas de juro e gerar ondas de choque naqueles dois países. Este sintoma de pânico moderado não deve ser ignorado. Serve de indicador para efeitos que se farão sentir noutras paragens à medida que o preço do dinheiro retomar a sua via ascendente. São externalidades desta natureza que me preocupam especialmente. Os políticos europeus, nos quais incluo os portugueses, parecem fazer contas de somar sem levar em conta eventos excêntricos. A subida de taxas de juro "per se" causa desgaste em economias emergentes, ou nas desenvolvidas, já de si debilitadas pelas agruras da crise que começou a ganhar expressão em 2008. A subida das taxas de juro afectará as empresas que desejam reunir as condições de financiamento para dar continuidade às suas operações ou aquelas que pretendem realizar start-ups. São desalinhamentos desta natureza, assimetrias deste género, que poderão fustigar as boas intenções daqueles que sonham com a saída do programa de assistência a 17 de Maio deste ano. Por outras palavras, tenho dúvidas que o presente ambiente de dinheiro fácil tenha sido aproveitado para relançar a economia. Quando a hora das necessidades chegar, o comboio do dinheiro fácil já terá partido. Temo que Portugal venha a ser apanhado em contra-pé quando os EUA decidirem travar as medidas de estímulo de um modo mais brusco. Por essa razão a Reserva Federal tem sido cautelosa no "abandono da dependência". Os mercados e as economias de todo o mundo vivem sob a sombrinha dessas medidas extraordinárias, inventadas para relançar a economia americana, mas que se fazem sentir a grande distância dos domínios do Uncle Sam. Os decisores monetários norte-americanos sabem que a coisa tem de ser feita devagarinho para não causar muita mossa, mas em última instância, o sistema financeiro global é um animal que não pode ser domesticado para mitigar os mais que prováveis efeitos colaterais. Por essa razão o que se passa na Turquia e na África do Sul interessa (e muito) aos decisores políticos locais. Podem bradar aos céus que isso é lá com eles, mas não é bem assim. O BCE que se cuide e tome as medidas cautelares adequadas, nomeadamente a implementação das suas próprias medidas de estímulo das economias da periferia, mas sem esquecer as do centro que se degradam a cada dia que passa.

publicado às 18:46

O caminho estreito de regresso aos mercados

por John Wolf, em 14.11.13

O cidadão português tem motivos de sobra para andar baralhado. Os próprios analistas económicos e de mercados já não sabem a quantas andam. Se por um lado o governo apregoa o sermão do milagre económico e o fim da recessão, os estrangeiros que passam os cheques afirmam que o caminho de regresso aos mercados é estreito (não confundir com straight). A glória técnica que se traduz num crescimento de 0.2% da economia, embora seja um minúsculo sinal positivo, não se irá traduzir no dia a dia do trabalhador, empregado ou não - estes estão longe de tirar dividendos desta notícia. Na longa lista daqueles com a mão estendida, os indivíduos serão os últimos da fila a receber. O regresso aos mercados em condições normais, não é mais do que o princípio de um longo fim. Existe um conceito económico que se chama "velocidade do dinheiro" e que tem a ver com a forma fluente ou não, com que o dinheiro, ao abrigo instrumentos variados de substituição da dinâmica económica, chega aos destinatários da economia - as empresas, por um lado, e os consumidores, por outro. Quando se procura ficcionar a saúde económica do país, normalmente dá asneira. E regressar aos mercados em péssimas condições é quase a mesma coisa que ter a Troika à perna. O mercado consegue ser ainda mais implacável do que a mão pesada de uma entidade externa. Por isso, quando nos vêm falar em facilidades e da luz ao fundo do túnel, aconselho alguma prudência. Um programa cautelar ou um segundo resgate pode ser, em algumas circunstâncias, menos dramático do que o comportamento aberto de um mercado pertença de ninguém. Mas há ainda outros factores; o abrandamento da economia alemã poderá vir a ser uma preocupação séria para o resto da Europa, assim como para o sistema económico e financeiro global. O governo, que está de certo modo obcecado com a alegada "libertação" aquando do regresso aos mercados, trata a "mão invisível" dos mercados como um aliado inquestionável. O mercado, mesmo sem ser uma entidade soberana, decide desumanamente e sem a necessidade de um governo eleito. O mercado determina as condições de sobrevivência dos países, e chuta para canto questões ideológicas de fundo. O ideal seria o país pensar a sua grande estratégia como se não existisse mercado, como se não houvesse Troika. E é aí que reside o problema. Existe a tomada de consciência nefasta que a austeridade veio para ficar. O caminho de regresso aos mercados de que falam é de facto muito estreito. É uma linha ténue e perigosa. Quanto aos mercados - esses são eternos.

publicado às 12:09

Twitter e as andorinhas lusas

por John Wolf, em 06.11.13

Em dia de lançamento em bolsa do Twitter, que segue as pisadas da rede social mais famosa - Facebook -, é caso para pensarmos sobre mercados e economias. Nunca antes (com a excepção da bolha dos dot.com de finais do século passado) dimensões tão virtuais de geração de riqueza tiveram uma expressão financeira tão intensa. Podemos desde já retirar algumas ilações em relação a este fenómeno; em primeiro lugar, as economias também são imateriais e dependem da percepção que os mercados e consumidores fazem delas, e em segundo lugar, estes eventos que geram dinâmicas de milhares de milhões de dólares (ou Euros, se quiserem) devem servir de farol para as orientações de estrategas de mercado, economistas, políticos e governantes. O Twitter é um bom exemplo de que uma economia pode apresentar soluções a nível global sem obedecer a uma lógica de investimento industrial e infraestruturas maciças. A economia portuguesa, embora obedeça a outra matriz, também é reconhecida pelas suas empresas de vanguarda em tecnologia ou desenvolvimento de software. Falta ainda um elo à excepcionalidade portuguesa para que ela se defina numa frase curta, à moda de um tweet e com proveitos expressivos. Os ingredientes estão cá todos; a capacidade, a inteligência e as competências. Falta apenas dar corda global e mediática às aspirações lusas que nascem localmente mas que têm vocação global. Se Portugal conseguir essa projecção que merece, será muito mais que uma via verde. Envolverá qualquer coisa no fim do arco-íris da economia que procura a luz - as andorinhas de Portugal merecem voar mais alto e para bem mais longe.

publicado às 11:11

A raquete económica de Portugal

por John Wolf, em 06.10.13

Portugal colocou o seu nome no mapa desportivo mundial em duas modalidades distintas na última semana. João Sousa em ténis, no torneio ATP, conquista o seu primeiro título e Rui Costa sagra-se campeão mundial em ciclismo. Parabéns aos dois atletas! Contudo, por forma a que o sucesso alcançado não passe de uma andorinha solitária de Outono, os resultados alcançados exigem uma análise económica e social mais profunda. As perguntas que devem ser colocadas são as seguintes: será que Portugal consegue efectivamente maximar o esforço dos seus atletas? Será que existem estruturas nacionais suficientemente prospectivas que garantam mais prémios em alta competição? E que economias de escala são geradas nas diferentes disciplinas desportivas? Um país ao colocar um tenista no top 100 deve pensar numa estratégia económica e de marketing de longo prazo. Porque não pensar em raquetes e acessórios com a marca de Portugal estampada na frente e nas costas. Uma vez que a economia portuguesa deve renascer da penumbra da austeridade, que relação económica pode ser estabelecida com estes resultados? Será que já são produzidos artigos para a prática das referidas modalidades que possam gerar receitas a nível global? Existem centros de treino para a alta competição? E de que modo poderia Portugal se tornar em polo de atracção de atletas extrangeiros? Sabemos que os tenistas de craveira aperfeiçoam a sua técnica em Barcelona. Porque não o Alentejo? Quem fala de ténis ou ciclismo, tem de pensar na modalidade de Golfe. Por que razão Portugal ainda não produziu um Tiger Woods algarvio? Temos os melhores campos de golfe da Europa, mas parece ser apenas para os de fora, para os britânicos e companhia. Para além destas modalidades existe uma outra que corresponde a uma verdadeira malha económica - um ecosistema de valores e produtos de eleição. Os pensadores da grande estratégia económica de Portugal parece que não conseguem ligar os pontos que saltam à vista. Os governantes têm de olhar para o umbigo de Portugal para extrair valor para o país. Pela primeira vez em jogos olímpicos (Londres 2012) um cavaleiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre montando um cavalo Lusitano da Coudelaria de Alter terminou a sua participação no 16º posto da disciplina de Dressage, e esse facto tem uma importância económica tremenda (por realizar). Portugal tem perto de 400 criadores de Puro Sangue Lusitano e o cavalo nacional está a aumentar a sua visibilidade, sendo procurado por mercados globais. Associada à criação de cavalos existem uma série de indústrias e sectores a potenciar. Refiro-me às botas de montar, os arreios, os atrelados, os produtos veterinários, as rações, os suplementos vitamínicos e as escolas de medicina desportiva veterinária. E Portugal tem a coisa mais importante - o know-how. A técnica e a doutrina de equitação portuguesas que já foram reconhecidas pela sua correcção e o seu alto padrão de qualidade. Por vezes penso que os governantes de Portugal não conhecem a riqueza do seu país (são mesmo ignorantes). Está cá tudo, de um modo exclusivo e centenário, para que o país possa dar cartas a nível económico. O cavalo Lusitano é um valor intrínseco de Portugal internacionalmente reconhecido, mas os responsáveis económicos domésticos ainda não acordaram. A breve trecho outros países irão potenciar aquilo que Portugal tarda em reconhecer, globalizar. O Brasil já é o maior criador mundial de cavalos Lusitanos. Já definiu o seu stud-book e daqui a nada os cavalos passarão a relinchar com uma pronúncia distinta. 

publicado às 16:44

No fim deste dia

por Samuel de Paiva Pires, em 03.07.13

José Mendonça da Cruz, O inimigo principal e a assintonia com a direita:

 

«Permaneça ou não o CDS na coligação governamental, deve sempre registar-se que a decisão de Paulo Portas de abandonar o governo nos custou milhares de milhões em aumentos de juros e desvalorização de títulos. Ou seja, estando Portas no poder, ele sacrificará sem reserva nem escrúpulo às suas jogadas caprichosas a credibilidade financeira e os mercados. Ora um partido como o CDS deveria saber que (ao contrário do que pensam PS e PCP) «os mercados» não são nem uma abstracção nem um casino, mas a sede do pleno exercício da liberdade económica para muitas pessoas e empresas.»

publicado às 21:15

O regresso aos mercados

por João Pinto Bastos, em 23.01.13

O "regresso aos mercados" - estamos a falar do regresso à emissão de dívida a médio e longo prazo - é uma boa notícia. Sem aspas nem vírgulas. Ponto. Porém, seria aconselhável não tomar a árvore pela floresta. Por um lado, este regresso foi patrocinado em grande medida pela acção benemérita do BCE liderado por Draghi, por outro, este sucesso relativo, "conditio sine qua non" para o retorno do crescimento económico, não influirá, pelo menos imediatamente, na política fiscal seguida pelo Governo. Mais: a política do BCE tem subjacente a guerra de divisas que o John mencionou numa posta recente - é pena que a menção feita nos media portugueses ao que se vem passando no Japão e nos EUA seja bastante pífia. As coisas vão-se movendo, e enquanto nós nos divertimos a zurzir os apetites eleitorais de Costa e Seguro, o debate económico lá fora vai furando o consenso até aqui dominante. O que importa relevar do dia de hoje, não obstante os senãos mencionados, é o facto de o Governo ter obtido um triunfo que, analisando com rigor, é um passo importante na credibilização creditícia da República.

publicado às 22:27

 

Não sei como se tratam de problemas de visão, mas penso que ainda não existe cura para glaucoma jornalístico. Uma doença que afecta intensamente a vista panorâmica e as faculdades mentais que permitem ver o quadro maior de interdependências. Em primeiro lugar, a emissão de dívida de longo prazo serve para pagar a dívida da dívida da dívida da dívida da dívida.... É uma pescadinha de rabo na boca que nada tem a ver com os aspectos fundamentais da economia. É dinheiro mais barato. É a remissão plena da doença do crédito, que trata dos sintomas, mas que nada contribui para gerar crescimento e baixar o desemprego. Se é para mandar às urtigas o Banco Central Europeu e demonstrar que Portugal consegue angariar apoios financeiros no mercado aberto, não irá servir de muito no contexto de um quadro muito mais dramático. Infelizmente Portugal não está sozinho no mundo. Existe vida para além de Badajoz e esse facto parece passar ao lado dos analistas de mercado. Não sabem que estamos em Guerra? Que o conflito de que falo é global e irá causar imensas baixas? Enquanto se celebra o regresso ao futuro de Portugal, o resto do mundo está envolvido num confronto épico. Refiro-me à guerra de divisas. A corrida à desvalorização das moedas nacionais como forma de melhorar o nível de exportações dos países beligerantes. Eu sei que pode parecer que passa ao lado de Portugal, como se a sua guerra fosse outra, como se já não fosse uma nação, como se não importasse. Contudo, não é bem assim, e haverá um preço a pagar pela ligeireza de espírito. Portugal ofereceu de bandeja a sua política monetária aos lordes Europeus em troca de uma cartão de sócio do clube dos exemplares países desenvolvidos. Pois é. É o que dá não reflectir profundamente sobre as implicações de decisões tomadas. Mas regressemos ao tema dos murros e pontapés. O que pensam que os EUA estão a fazer ao Dólar e o que os Japoneses anunciam fazer ao Iene? Estão efectivamente a tornar as suas economias mais competitivas baixando o preço do seu dinheiro. Abriu a época de saldos de divisas. E a União Europeia, o que fará? O Banco Central Europeu fará exactamente o mesmo. Não tem alternativa, uma vez que a retoma económica da Zona Euro não acontecerá devido às suas forças intrínsecas, à dinâmica do mercado interno que está mais a coxear do que a marchar na direcção certa. Este procedimento de intervenção monetária gerará efeitos distorcidos, mas  podem ter a certeza do seguinte. Pode entrar dinheiro  a rodos em Portugal, mas essa não é questão principal. A pergunta que tem de ser colocada tem a ver com a qualidade do crédito. O rating do dinheiro quando comparado com outras moedas. O valor do Euro no contexto dos grandes descontos das outras divisas. Seria excelente que os jornalistas fossem capazes de equacionar cenários mais distantes e expor algumas das implicações deste quadro dinâmico. Eu sei que não tiveram bons exemplos, mentores adequados. Os economistas, por este mundo fora, falharam redondamente nas projecções que estabeleceram. Em busca de consolo e alguma razão, não me viro para os matutinos. Os jornais não reflectem. Os jornalistas são incapazes de conjecturar. São matutinos na verdadeira acepção da palavra. Estão a dormir.

publicado às 10:37

O Rato que Ruge

por Fernando Melro dos Santos, em 22.09.12

Boa noite a todos.

 

Estamos no ano da Graça do Estado de 2017.

 

Os Portugueses, as Portuguesas, os Transgenders de Nacionalidade Portugues@ e os Cidadãos Diferenciados Enquanto Possuidores de Anomalia Psico-Dramática estão felizes. Portugal, num salto histórico, ocupa agora o primeiro lugar no ranking de felicidade subjectiva da OCDE.

 

Milhares de cidadãos, quiçá mais de metade da população activa de 2.000.000 de pessoas, por seu turno metade da população total de 4.000.000 de almas, passam os dias nas recém-refundadas zonas ribeirinhas de Setúbal, Faro, Ponte de Lima e Fonte do Bebe e Vai-te Embora, onde todo um litoral artificial foi construído para dar vazão às pulsões felizes do eleitorado.

 

A fruta nunca foi tão barata, tal como a sardinha, uma vez abolidos os atilhos das certificações internacionais. As crianças pululam com a jovialidade de cordeiros pejados de sacrossanta saúde, envergando as cores da Nação, garbosos nas peças de indumentária oriundas das indústrias renovadas de Vermoim, Ceide, Ronfe, Valdante e Baguim do Monte. Enquanto escrevo esta crónica ergue-se das cinzas outra fábrica, de resistências para torradeiras, na Z.I. do Soldado Desconhecido.

 

O gáudio é total e a revolução irreversível. A una e coesa massa lusitana confia nos seus líderes, Zeca I (anteriormente conhecido por Anacleto Louçã) e Maria Teresa Horta, na demanda do progresso ulterior.

 

Às vozes bota-abaixistas que venham bramir queixumes, o nosso desprezo.

 

Que importa isso? Quem é que sente falta dos ténis nike, dos cereais crocantes, do chocolate, de poder ir de carro levar os miúdos à escola, de ter um carro novo de 20 em 20 anos, das férias em Cancun, do cabeleireiro com produtos cosméticos aprazíveis, da carne de borrego, das bananas (morte aos sequazes do separatista Jardim! morte!), da malha polar, das bicicletas, das bolas e raquetes de ténis, enfim, de tudo aquilo que sendo supérfluo, a nossa magnífica e refulgente Nação em tardia hora decidiu, a bem de todos, repudiar?

 

Viva a Revolução! Viva o Novo Calote, moeda de heróis e ditosa divisa dos libertados! Viva!

publicado às 20:15

Maradona em grande

por Samuel de Paiva Pires, em 16.05.12

Ou de como os comunistas não são capazes de ver o óbvio, "Qual é o valor da tua ferramenta?":

 

«150 ou coisa assim anos depois do início da luta comunista propriamente estruturada contra o capitalismo, ainda existem comunistas que escrevem coisas assim: "Até para o mais fiel defensor da boa fé dos mercados e do capitalismo, [não sei quê não sei que mais]". Isto significa que o Tiago Mota Saraiva vê o defensor do capitalismo, ou seja, a pessoa contra a qual dedica grande parte da sua energia ideológica, como alguém que alimenta as suas tácticas e estratégias políticas segundo o pressuposto de que "os mercados" possuem, ou são capazes de gerar, uma moral e justiça inquestionáveis, as quais devem ser preservadas e emolduradas em talha dourada. Ora, excepto para uma meia dúzia de excêntricos, nenhum defensor do capitalismo possui qualquer ilusão quanto à verdadeira competência do capitalismo: é, de muito longe, a forma de organização que mais informação consegue produzir para uso efectivo das relações económicas entre pessoas, organizações e países; e que, em consequência disso, a diferença de capacidade produtiva entre uma sociedade comunista e uma sociedade capitalista é tal que mesmo uma ideologia de inequívoca "boa fé" como o comunismo nunca jamais conseguirá oferecer aos seus súbditos condições de vida comparáveis ao capitalismo mais escandalosamente amoral e selvagem, e isto mesmo descontanto as mundialmente famosas desigualdades. E é só isto, um gajo não se põe a protestar boas fés, muito menos a nossa. Enquanto o Tiago Mota Saraiva não for a banhos com esta simples observação, a sua luta será sempre contra uma mera meia dúzia de fantasmas da raia capitalista, que com certeza lhe permitirão viver sem atribulações dialécticas, mas que muito dificilmente avançarão a sua causa (...)»

publicado às 12:50






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