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Uma nota de rodapé que se encontra na pág. 39 do livro Portugal: Dívida Pública e Défice Democrático, da autoria de Paulo Trigo Pereira, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos:
«Este Novo Sistema Retributivo (NSR) foi aprovado pelo Decreto-Lei 353-A/89, de 16 de Outubro, e concretizado na Portaria 904-B/89 desse mesmo dia. Era primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva e ministro das Finanças Miguel Cadilhe. Esta medida encaixa na perfeição na gestão política do ciclo eleitoral. Para ganhar eleições, as medidas populistas tomam-se antes das eleições e as duras depois, caso sejam ganhas. Foi o caso. As eleições legislativas foram em Outubro de 1991 e Cavaco Silva ganhou a sua segunda maioria absoluta. Em apenas dois anos (1989-1991), o peso do «Estado» aumentou 7,8% do PIB, algo inédito desde a década de 1980.»
Está visto que o CDS é, neste momento, o único partido do Governo capaz, valha-nos isso, de formular uma visão alternativa a respeito do desastre iminente. A proposta que João Almeida (indiscutivelmente um dos deputados mais competentes da direita portuguesa) veiculou ontem é o reconhecimento expresso de uma realidade inegável. Já não se cura apenas de corrigir um plano que não funciona - sim, meus caros, estes planos de ajustamento são assustadoramente disparatados, mas não pelas razões aduzidas pelo PS e quejandos -, trata-se, também, de corrigir o tiro. E essa correcção passa, em parte, pela renegociação da dívida. Uma renegociação honrada, para usar a expressão de Miguel Cadilhe. Porém, desenganem-se os néscios se pensam que basta uma renegociação, pois, com ou sem ela, a despesa terá de ser cortada cerce. Sim, uma renegociação sem um corte radical da despesa do Estado não valerá a pena. Quem não entendeu isto, e infelizmente muitos dos comentaristas que diariamente nos assolam com os seus ditirambos ainda o não entenderam, faça o favor de estudar e raciocinar, se não for pedir muito. Até porque o que aí virá será uma austeridade reforçada. Com ou sem euro.