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(imagem daqui)
Independentemente das discordâncias político-ideológicas, Miguel Portas era das poucas pessoas do Bloco de Esquerda a quem reconheço inteligência, cordialidade e simpatia. Era um ser humano verdadeiramente generoso. Como escreve o Fernando Moreira de Sá, Miguel Portas vai fazer falta. Os nossos pêsames a toda a família.
Miguel Portas quer ver os fundadores do BE porta fora. Ao primeiro abanão desferido pelo "povo urneiro", o aglomerado de foicezinhas logo iniçiou um mútuo picanço entre si. Era de esperar e uma vez mais, cumpriu-se a tradição.
Não fiquem irritados, até porque a Croácia vai aderir à U.E. Um dia destes, será a querida Albânia. Quem diria?
O senhor doutor Miguel Portas decidiu-se por mais uma originalidade, no melhor populismo de que o seu partido faz gala. Desta vez propõe a maioridade eleitoral para os dezasseis anos, exactamente no país onde um aluno do liceu ainda mal consegue interpretar um texto, desconhece os rudimentos da História do seu país e encara as aulas como mero frete que serve de antecâmara ao fim de semana de borga. Uma campanha eleitoral é isto mesmo e a democracia é maravilhosa, pois permite que tudo seja dito, mesmo tratando-se de qualquer asneirola arrotada após o bebericar de uns copos no Bairro Alto. Ao que chegámos... e ainda falam eles de Le Pen!
* Nota: provavelmente o BE pretende desprestigiar o próprio sistema democrático-eleitoral. Aqui está uma boa forma de incentivar a abstenção, encorajando os fanáticos do costume.
Esta semana que passou Miguel Portas e Francisco Louçã foram ao ISCSP dar uma conferência sobre a crise financeira internacional.
Tendo eu feito um breve comentário, refutado por Miguel Portas, continuo a pensar o mesmo, é engraçadíssimo assistir ao mesmo discurso à esquerda e à direita, e especialmente a tocar em certos pontos característicos dos economistas liberais e/ou neo-liberais, de onde se destaca a afirmação de Miguel Portas de que a culpa da crise é dos políticos que disseram aos banqueiros que podiam fazer o que têm feito.
Mais engraçado ainda, depois da pergunta de um colega meu que pretendia saber qual a doutrina do Bloco de Esquerda no que à política de nacionalizações concerne, foi constatar que o discurso de Louçã me soou bastante familiar. Não me atreveria a dizê-lo na conferência, mas o discurso de permitir a iniciativa privada mas com limites impostos pela regulação estatal e de reservar para o estado e sector público determinados sectores estratégicos que não podem ou não deviam (deveriam) ser privatizados é exactamente o mesmo discurso de Salazar em "Como se reergue um Estado".
Ironias à parte, na generalidade concordo com o que ambos disseram, e é de facto de notar que à esquerda e à direita, especialmente quanto à oposição, o discurso é o mesmo, o que pode ser diferente são os objectivos. Uns querem acabar com o capitalismo, outros querem apenas regulá-lo mais assertivamente. Por mim, preferia acabar com a plutocracia e que o capitalismo voltasse a assentar em crescimentos sustentados com impacto real no desenvolvimento das sociedades em vez de ser mera especulação financeira e jogos de casino, isso seria o suficiente para não termos que voltar a ter demasiada intervenção estatal que, feliz ou infelizmente, me parece ser o caminho que estamos a seguir