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O regionalismo na poesia

por Cristina Ribeiro, em 17.02.16

Vendo-os assim tão pertinho / a Galiza mail’ o Minho / são como dois namorados / que o rio traz separados / quasi desde o nascimento.// Deixal-os, pois, namorar / já que os paes para casar / lhes não dão consentimento ( João Verde ).

image.jpg

( O rio Minho em Valença - Illustração Portugueza - )

" Em João Verde é nos ' Ares da Raya ' que o seu espírito regional se demonstra mais evidentemente. ( ... ) Os seus versos são todos de lisonja sincera para as belezas rústicas da sua terra. No agrado com que canta os pinheirais, o toque das trindades, o rio Minho, o campo-santo, as raparigas minhotas, a viola e a flor-de-linho, vê-se a doce e alegre paisagem do nosso Minho, a Galiza vizinha, namorados eternos que o rio constantemente separa, segundo ele... ( ... ) Só João Verde, à semelhança dos cantares de Rosalia de Castro, nos deixou a alma raiana, às escâncaras, no seu pitoresco impressionante. ( ... ) Joao Verde, pelo perfume nacional e regional que deixou nas suas poesias pela facilidade da sua inspiração fecunda, pelos seus próprios considerandos líricos, ficará na nossa literatura como um dos maiores, senão o maior, dos líricos regionais. Porque o regionalismo em poesia é mais uma prova da natureza lírica, superiormente lírica, dos seus cultivadores " . Manuel Anselmo in Arquivo de Viana do Castelo

publicado às 19:02

« Alto Minho »

por Cristina Ribeiro, em 21.08.13
" No cumprimento de uma promessa há anos feita ao meu dilecto amigo Júlio de Lemos, botei-me uma tarde de Verão, há três anos, por aí acima, no rápido do Porto, até S. Pedro da Torre.
Uma vez no largo da pequena estação, espero pacientemente que se atrelem as pilecas dos três carros da carreira, enquanto se carregam nos tejadilhos e nas boleias, as pesadas caixas, os sacos e as trouxas de um magote de forasteiros que vêm das festas da Agonia, de Viana, e regressam a penates depois dos banhos que a prescrição médica lhes impôs. ( ... )
Num deslado, abre-se a boca da estrada poeirenta, cortando a direito pelo meio dos campos de lavradio, até à base da primeira serrania que limita o horizonte, fechando as planuras numa bacia ardente donde a vegetação dos milharais vaporiza as ténues lenturas de um estio rigoroso.
A esbeiçar com o largo fica a recolha do gado da carreira, com sua taberna anexa, sobre a entrada da qual uma parreira espreguiça, em pernadas vigorosas, tufos de folhagem opulenta....................................................................................................................................................................
Seguimos por uma garganta de barrancos ensilveirados ( ... )
Depois... o deslumbramento que volta, o sol que triunfa, e aí torna o sonho inefável da paisagem aberta numa concha imensa de encantos em que o olhar doidamente mergulha, arrastando na aventura sonhadora o espírito maravilhado, a alma ansiosa!
                                                ........................
Paredes de Coura! Paredes de Coura!
É isto realmente um sonho, ou juntou aqui a Natureza os encantos e as graças nunca vistas de um paraíso terreal? "
Oscarr de Pratt, « Limiana »
Dizia o escritor  de Arcos de Valdevez que morria de amor pelo seu pátrio Minho; além de por ele morrer de amor, morro de saudade pelo Minho que vislumbrei nos anos sessenta, inícios dos setenta, do século passado.
Claro que não me refiro já a esse Minho de que nos fala Oscar Pratt, quase contemporâneo do « Minho Pitoresco » de José Augusto Vieira, aonde fui buscar a imagem acima, mas era ainda um Minho cheio dele, desse pitoresco bucólico e feito sem pressas, em  que tudo era saboreado ao ritmo do lento crescer da árvore ou da erva, onde pachorrentamente pastava o gado, e, ao lado, o lavrador ia semeando as batatas, enquanto os filhos bebiam o leite a fumegar directamente das tetas da vaca, de olhar sonhador e barriga satisfeita.
Saudades dele!

publicado às 19:35

Carta do Minho.

por Cristina Ribeiro, em 01.08.10

" Tenho uma imagem do Câvado guardada para sempre no olhar, que não se cansa de recordá-la. Agosto no fim, já não era dia e ainda não chegara a noite. Vínhamos de Braga, era tarde. (...) Entrava já na estreita ponte sobre o rio e logo o espectáculo me obrigou a esquecer qualquer veleidade de pressa e a deixar o carro adormecer suavemente, aos poucos, até parar entre os muros roídos do tempo e dos abalos. O verde da outra margem diluía-se nas águas azuis sobre as quais o sol despedia uma luminosidade fugitiva "

Luís Forjaz Trigueiros, in « Paisagens Portuguesas- Uma Viagem Literária »

 

 

E no fim da ponte, velhinha no seu granito por onde o verde das ervas espreita, encontrou o escritor, quero imaginar, na manhã seguinte, se aí pernoitou, uma simpática Vila de Prado, de onde saíam em alegre algaraviada, coloridos ranchos de lavadeiras, com trouxas de roupa à cabeça, em direcção ao rio.

A minha avó ainda me falou delas, e a ponte está lá, testemunha desta azáfama toda. As águas é que serão outras...

publicado às 23:12

Respeitar a Natureza, deve ser coisa de todos os dias,

por Cristina Ribeiro, em 28.07.09

 

 

 

num gesto de agradecimento, e, egoisticamente, de preservação do bem estar que nela encontramos, mas se, para despertar consciências, foi necessário decretar o dia de hoje como o da sua Conservação, bom é que nele se fale; há sempre aquele a quem tem de se dizer para não deitar um papel ao chão: a lógica de pensamento é a mesma.

      A propósito, li há tempos sobre a importância  de promover a  florestação  autóctone de cada região, atendendo a que se uma espécie vegetal nasceu num território determinado, tal se deveu à sua melhor adaptação às condições climáticas desse mesmo território. É assim que o carvalho  surge (  com o castanheiro e o sobreiro ) como a árvore predominante nesta zona, e, ainda que encontremos grandes extensões de carvalhal, como a  Serra do Carvalho, que se estende de Braga à Póvoa de Lanhoso, ao lado de pedaços onde cresceu livremente, como no Bom Jesus e na Falperra, muitos foram os sacrificados, em prol dessa outra espécie que, num abrir e fechar  de olhos, se transformou em praga, combustível privilegiado dos incêndios, que deixam, na melhor das hipóteses, um lamentável rasto de terra queimada.

 

Foi, assim, com orgulho que vi os meus pais desbastarem muitos desses " secantes-de-tudo-em-volta ", para, no lugar deles, plantarem carvalhos e castanheiros; o resultado é deleitarmos a vista com essas árvores tão da nossa terra.

 

 

publicado às 19:24

Tradições minhotas de Monção a Tarascon

por João Pedro, em 16.06.09
 
Aproveitei os feriados para ir ao Alto-Minho. Entre as celebrações do Corpo de Deus e a festa do mar em Âncora, só tardiamente me apercebi que em Monção era dia da ancestral Festa da Coca.

 


Como em todas as tradições em que S. Jorge mata o dragão, o combate entre o Bem e o Mal dá-se entre um cavaleiro e um gigantone com rodas, empurrado por vários homens, cobertos com a "carapaça" da coca, em forma de dragão malévolo, com um pescoço que se move. Tem lugar no centro da vila, na praça DeulaDeu, que relembra a grande heroína de Monção. O cavaleiro tem de cortar a orelha à Coca e só desta forma é considerado vencedor. O problema é por vezes o próprio cavalo, que foge com medo da figura, provocando o riso geral e impossibilitando a façanha a "S. Jorge". Esta é a tal festa que perdi e que o meu pai chegou a assistir noutros tempos da sua infância, que passou por aquela vila debruçada sobre o Minho.


 


A representação da Coca lembra-me a Tarasque, o monstro lendário, de enormes dentes, forte carapaça e cauda de escorpião que atormentava a Provença, e que segundo a lenda, terá sido amansado por Santa Marta, que ali andava em evangelização. A cidade de Tarascon (também conhecida pelo célebre Tartarin de Tarascon, das novelas de aventuras de Alphonse Daudet) deveria o seu nome à Tarasque. Alguma ligação haverá entre esta tenebrosa criatura e a Coca, já que em algumas cidades de Espanha, nas procissões do Corpo de Deus, surgem figuras simbolizando a Tarasca. Mais ainda: Monção está geminada com Tarascon-sur-Ariége, que fica já perto dos Pirinéus mas cujo nome não deverá ser alheio à origem do da Tarascon da Provença. Mais indícios que indicam que entre a Tarasque e a Coca haverá um qualquer parentesco. E que há sempre um santo por perto capaz de os dominar.
 

publicado às 00:25

Ao olhar este campo.

por Cristina Ribeiro, em 29.05.09

 

lavrado, gradado, e com as sementes do milho na terra já - ao lado, os lavradores foram mais expeditos, e já se vêem as plantas verdes, numa corrida desenfreada, para que nelas surja e cresça a espiga que o sol há-de dourar -, mais uma vez o lamento de quem vê, quase de ano para ano, esta paisagem tão nossa a ficar aceleradamente com menor espaço, e a ser substituída pela aridez do betão, que, até há não muito tempo, lhe era estranha. E a minha irmã, que ouve este queixume, lembra o tempo, não distante, em que estes pedaços eram continuados, em extensões de terra cultivada, onde os olhos descansavam, naquele que era o resultado de um trabalho gostoso - via-se no olhar dos camponeses, adivinhava-se nas suas palavras felizes - .

Pedaços que persistem, apesar dos pesares, por teimosia de alguns que lutam para que este Minho não desapareça na uniformidade a que muitos querem ver Portugal reduzido...

publicado às 22:11

 com um livro, junto daquele ribeiro- do Carvalhal, disseram-; olhava à minha volta e via campos verdes, prontos para receberem as sementeiras que se aproximam, as vinhas recém enxertadas, os carvalhos que começam, muito lentamente, a adquirir nova folhagem, para substituir a que o Outono lhes levou, e toda esta frescura de paisagem, a fazer lembrar as gravuras antigas de um Minho Pitoresco, contrastando com o caos de construções que assola uma aldeia, que ainda lembro de ver sem as marcas da malfazeja intervenção humana, que parece só ficar satisfeita quando tudo estraga;  mais crescia a revolta...

 

publicado às 19:04

São Martinho de Sande

por Cristina Ribeiro, em 20.05.08

publicado às 18:30

...

por Cristina Ribeiro, em 20.05.08
Descendo as abas da serra da Falperra note ahi a situação dos quatro SANDES ( S. Clemente, S. Lourenço, S. Martinho e Santa Maria de Vila Nova) (...) à direita, no fundo de uma pittoresca bacia vegetal, S. Martinho(...) o mais importante., tanto sob o ponto de vista de população, como de recordações históricas. Era de fundação antiquíssima o seu mosteiro de benedictinos, pois existia já no século V, e foi pela família dos Sandes reedificado. Em 1596 o arcebispo de Braga, D, Agostinho de Castro doou-o aos eremitas de Santo Agostinho, do Populo, que dentro em pouco o reduziram a abbadia secular. Depois foi commenda da ordem de Christo.
Da moderna Sande o melhor edifício público é o da escola, no sítio das Gaias, offerecido ao governo por D. Maria Alexandrina Vieira Marques e custeado depois pela junta de parochia. As quatro Sandes figuram na industria vimaranense como productoras em larga escala de garfos - ponham-se de recato as canellas ao passar por lá- e nessa industria as acompanha Santa Christina de Longos, cuja situação, na encosta do Sameiro, perfeitamente se descobre d'esta elevação da Citania, assim como a de Balazar, já na serra da Falperra, rodeada de arvoredo e cortada por veios d'agua" «O Minho Pittoresco»

Foi assim que, em 1886, José Augusto Vieira retratou a freguesia onde, muitos anos depois,nasceram os meus pais, frequentei, tal como eles e todos os meus irmãos, aquela mesma escola, no Lugar das Gaias, e em cuja Igreja fiz a Primeira Comunhão...

publicado às 17:41

Terapia termal (1)

por Cristina Ribeiro, em 29.04.08

Não sei se o facto de ter nascido numa vila termal, banhada pelo Rio Ave, onde são notáveis os vestígios de balneários romanos, datados de, pelo menos, o tempo do imperador Trajano Augusto, o qual deu nome a um monumento nacional, o Penedo de Trajano, dito da Moura, viria a influenciar neste fascínio que sinto pelos lugares termais.
Vidago, por exemplo, é um lugar mágico, e percorrer os vastos jardins do Palace Hotel, abertos ao público- quando lá fui, ainda o hotel estava em obras- é, por si só, a melhor das terapias.
Mais perto, são famosas as Termas de Vizela e as de Caldelas; a todas elas é comum, além da calma que lhes é, justamente, associada, uma atmosfera da "Belle-Époque", que, também, marcou Portugal.

publicado às 12:06

"Verdes são os campos"

por Cristina Ribeiro, em 28.03.08
 
É o que me apetece cantar hoje, como Camões!
Mas o verde destes campos é mais da cor da lima, do que do limão, resultado da chuva que tem caído nos últimos dias.
Aqui, juntinho da Falperra, no termo do concelho de Guimarães, onde, no interior da aldeia, longe da Estrada Municipal, ainda se encontram pedaços daquele "Minho Pitoresco", os carvalhos já se cobriram de folhas nos mais variados tons desse verde. Tão lindo que é o caminho onde outrora se acoitava Zé do Telhado...
Pena é que os nossos autarcas, mancomunados com os depredadores da construção civil, estejam apostados, numa luta desigual, em destruir esta generosidade da Natureza...

publicado às 11:53






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