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Estive ausente uns dias e algumas noites. Não acompanhei em real-time o que se passou no parlamento. Peço perdão pelo lapso. Mas regressei e não fui surpreendido. O parlamento carece de identidade e de um sentimento de família. Os partidos políticos presentes não entenderam o tempo que vivemos — o tempo de urgências e perigos que enfrentamos. Corroboram os nossos maiores receios. Portugal não parece ser a prioridade máxima. Os Portugueses não são elevados à condição de espécie em vias de extinção, à luz do seu risco de sobrevivência económica e social. Mas há mais. Parece que vem aí algo maior do que uma pandemia: uma "externalidade" que exigirá a noção de partido único — o partido de Portugal. Na iminência de uma resposta iraniana a Israel, os lideres de Portugal andam equivocados e melindrados, ocupados com miudezas dos corredores do parlamento. As coisas irão mudar num ápice, e não fará diferença alguma a paixão ideológica ou os lugares ocupados na bancada. A inflação não foi dominada em parte alguma. E muito menos pelo Houdini-Medina da bolsa farta de dinheiros subtraídos aos portugueses. Em vez de estarem dois passos à frente, quem habita o parlamento prefere o vão de escada, o lugar comum da miserabilidade e da vantagem labial. A política em Portugal está ao nível do herpes, da derme manchada por tatuagens deslavadas, fora de moda, que segue em contramão a uma ideia de avanço em direção ao esclarecimento, à convicção de que Portugal saberá ter o discernimento necessário para se salvar. Quando mais precisamos de uma união nacional, somos contemplados com manobras de diversão da parte daqueles que podem escolher. Escolher entre ser oposição destrutiva ou parceiros da única saída possível — o esforço concertado para que Portugal saiba ser igual a si, dando razão a uma ideia de identidade e família.
21 sem-abrigo com estudos superiores. Confesso que ao ler esta notícia fiquei sumamente chocado. Não é que, note-se, os sem-abrigo com estudos superiores sejam, por força desse facto, dignos de uma piedade mais achacadiça, em comparação com os restantes sem-abrigo, porém, é no mínimo dilacerante verificar que a sociedade portuguesa contemporânea, mole e amoral, logrou a proeza de atirar para o caixote do lixo gente que, em condições normais, deveria estar perfeitamente integrada na comunidade. Um entulho moral, portanto. Mas há nesta nova, diligentemente trazida aos leitores pelo Diário de Notícias, um aspecto que cumpre não desprezar, designadamente o facto de, em democracia (e, nós, para todos os efeitos, vivemos sob o imperium de um regime nominalmente democrático), não ser de todo sustentável um grande fosso social entre os mais ricos e os mais pobres. Por outras palavras, níveis de desigualdade excessivamente elevados fazem mal à coesão social de uma comunidade democrática. E isto não é, em boa verdade, um facto que possa dividir em campos irremediavelmente opostos socialistas e liberais, comunistas e democratas-cristãos. Mais: ainda que alguns liberais de pacotilha julguem o contrário, há, em certas situações, a necessidade de agir colectivamente (com o concurso do poder estadual, como é por de mais evidente) de modo a melhor afrontar estas chagas sociais. O Estado quando confrontado com fenómenos de absoluta carestia material deve, obrigatoriamente, agir, e tem, em face disso, de mitigar os efeitos mais deletérios de uma pobreza muitas vezes involuntária. Bem sei que isto contende com aquela ideia um pouco desfasada da realidade de que a liberdade implica, por assim dizer, uma não interferência absoluta na esfera privada de cada um, mas a verdade é que a sociedade moderna, com a sua teia de relações e transacções, atingiu uma complexidade tal que já não admite, em situações de grande miséria social, uma não intervenção minimizadora por banda dos poderes públicos. A liberdade é, como se tem visto em muitos rincões, um conceito moldado das mais variadas formas, mas o certo é que sem uma base material inteiramente plausível (propriedade) não é possível falar de uma liberdade que seja verdadeiramente sentida e gozada. E, no caso em apreço, é claríssimo que os 21 sem-abrigo com estudos superiores não dispõem dessa liberdade, isto é, de uma liberdade que só faz sentido se for devidamente acompanhada da tão incompreendida propriedade. É disto, pois, que se trata, da liberdade e da propriedade rectamente concatenadas. É por isso que, não obstante a berraria que por vezes ainda se ouve por aí, é absolutamente fundamental repensar, de um modo humanista, o Estado Social, reformando o inevitável, sem, contudo, esquecer que a Questão Social do século XIX poderá, a qualquer momento, reemergir na cena política. Estou certo de que as elites portuguesas e europeias não desejam de todo tal ocorrência.
Faz parte da tradição natalícia e em nome dos mais dignos valores da humanidade, o presidente da república fazer uso de uma das suas prerrogativas. Assim sendo, à medida que se aproxima a época do perdão e da compaixão, um assinalável número de processos são colocados sobre a mesa comprida da sala de juntar de Belém. Os processos-crime aterram na presidência com a esperança de serem analisados e obliterados do sistema de justiça. E os sentenciados regressam consolados a casa a tempo da consoada. Muito bandido condenado e residente atrás das grades, já está a esfregar as mãos para ver se lhe sai a fava da dispensa antecipada. O indulto, funciona assim como um mata-borrão, uma apagador de ardósia gasta, para dar uma segunda chance aos prevaricadores. Nestes últimos tempos, Cavaco reinterpretou o significado e âmbito do conceito de indulto, para aplicar indultos sucessivos ao governo da república e fora da época festiva. Têm sido tantas as situações em que Cavaco Silva vira a cara, para não ver as borradas. O indulto deixou de ser uma excepção. O indulto, nos termos em que disserto, tem a ver com a desculpa em demasia praticada pelo chefe de Estado. São tantas as situações políticas que exigiriam precisamente o oposto de amnésia sazonal, esquecimento. São tantas as transgressões que deveriam requerer acção vigorosa do presidente da república, mas não tem sido esse o caso. A cultura do indulto e esquecimento, não é porém um exclusivo presidencial. O cidadão nacional, movido pela sua alegada vocação distraída, tem tendência a indultar e esquecer de um modo leviano tantos e tão bons. Cavaco Silva já colocou no sapatinho de 2014 as comemorações dos 40 anos sobre o 25 de Abril e a conquista da Democracia em Portugal, mas seria mais útil rever o percurso realizado, e sem pudor, realizar um exame de consciência política para tentar explicar como o sucesso da instauração da Democracia se divorciou da salvaguarda dos mais basilares fundamentos de sobrevivência económica e social da população portuguesa. A Democracia, nos termos propostos, parece uma coisa muito distante das dimensões substantivas que regem a vida das pessoas. Podemos ter opinião, falar alto em público na companhia de mais convivas na esquina do bairro, podemos escolher as nossas orientações sexuais, podemos arrastar-nos para a igreja da nossa preferência, podemos criticar a torto e a direito os poderes instalados, podemos contestar as decisões dos governantes, mas, nos dias que correm, tudo isto é feito na penúria, muito perto da miséria e na residência da indignidade. Cavaco Silva, que tem de preencher a agenda de 2014, e apresentar-se como abrilista, parece não querer ver a situação em que se encontra o país. O presidente que já foi presidente, primeiro-ministro e ministro das finanças, entre outras titularidades, parece estar a aproveitar a ocasião para se indultar, para se branquear da neve de responsabilidades. Eu sei que é Natal e em breve terão passado 40 anos sobre a revolução do cravos, mas convém não exagerar as virtudes, elogiar os triunfos e as conquistas das liberdades e garantias, quando a realidade demonstra algo diverso. Que a Democracia de nada serve se os cidadãos são os derradeiros da cadeia política de interesses particulares. Venha de lá o ano novo, que a vida nova geralmente segue-lhe o rasto.
Às segundas, quartas e sextas, era a greve na distribuição de água. Às terças, quintas e sábados, cabia a vez da electricidade e por vezes, em simultâneo com a do gás. Tornaram-se rotineiros os duches de água fria pelo lombo abaixo. Em pouco mais de seis meses, Portugal conseguiu copiar os bons exemplos que vinham de leste, ou melhor ainda, filhou aquela dengoza incompetência a cheirar a cascas de bananas podres vindas da terra dos Castro. A propósito deste post do John Wolf, convém recordar alguns episódios de um passado que alguns teimam em querer fazer regressar.
Uma família onde existissem três filhos, era coisa própria de sortudos. Se os pais conseguissem uns trocos, um dos miúdos ia para a bicha do pão, o outro para a do leite e o terceiro para o "supermercado" Val do Rio, à espera de conseguir um quilo de batatas cobertas de terra, ou meia dúzia de ovos ainda com claros indícios de terem saído do orifício do galináceo.
Mesmo ao lado do prédio onde a família foi viver, existia uma pequena padaria. Os fins de semana eram dias de aprovisionamento com o que fosse mais acessível. O sábado tornava-se num dia santo para a compra de carcaças capazes de encher as barrigas desses três garotos que de qualquer forma, tinham de ser alimentados. Para um indescritível número de felizardos, o Quitute da Revolução foi o pão com pão, em momentos imprevistos barrado com margarina Planta. Invariavelmente era necessário esperar uma meia hora para conseguirmos chegar ao balcão, onde uma vendedora já histérica pela gritaria dentro e fora de portas, era de chofre confrontada com um pedido hoje simples, mas naquela época perigosamente escandaloso:
- Quero trinta carcaças!
- Trinta carcaças?! Fo...-se!, além de virem para cá estes fascistas cheios de doenças roubar-nos as nossas casas e empregos, agora são açambarcadores!
Era infalível escutarmos latidos destes, aos quais respondíamos com um sorriso por vezes sobranceiro. Vindos dos impacientes que aguardavam a sua vez na rua, logo se ouviam alguns rosnares que jamais passaram disso. Se por milagre ainda existisse a almejada quantidade daquele ainda hoje detestável pãozinho borrachoso e cheio de vento, éramos mesmo servidos e da "pádeiria" saíamos, tendo ainda a oportunidade de deixarmos no ar um provocador dito espirituoso e claramente político. O efeito era imediato e momentos após, mais acima na segurança do quarto andar, o berreiro era audível, mutuamente se enviando para os respectivos aparelhos reprodutores maternais, os furibundos "progressistas" e "reaccionários" de então.
Debruçados no parapeito da varanda e mortos de riso sob o abrasador sol do verão de 1975, era um deleite gozarmos o panorama.
Os Portugueses correm risco de vida. Quando o Presidente da República Portuguesa exprime o seu louco desejo de saltar por cima da dura realidade dos factos, torna-se colaborador activo do assassinato social do país. O estado de negação em que se encontra, deveria requerer que uma junta médica determinasse se o chefe de Estado reúne as faculdades mentais para continuar a exercer o mandato que lhe foi conferido. O salto à verdade que pretende realizar sobre o descalabro nacional, é sinal inequívoco da falta de equilíbrio psicológico deste lider recentemente tornado espiritual. Não sei se a lei prevê uma figura clínica que obrigue um titular de cargo público a ser sujeito a um conjunto de análises e exames médicos, sempre que as provas o justifiquem, e a pedido de uma comissão Parlamentar, mas chegou o momento para aferir da sua capacidade para exercer um cargo público de tamanha responsabilidade. Porque todos os outros argumentos lógicos e naturais caíram por terra. Os conselheiros de Estado, que se encontram no consultório de Belém, prestariam um serviço à nação, se confrontassem o Presidente com a loucura do Rei Aníbal. A crise que ele pretende tapar com a peneira, não é apenas política. A política, embora seja em simultâneo um sintoma e uma causa patológica do descalabro, não pode ser apresentada como falso alibi para o desastre económico e social. Como se fosse possível reparar a carroça escangalhada que desce a pique e a toda a velocidade a montanha. Já chega de ficção embelezada, fornecida pelos estúdios de Belém. O Presidente fala em pós-Troika? A única coisa que posso aproveitar desta hifenização que envolve os pós e a Troika, é o pó em si. O pó que assentou nos processos intelectuais. O pó que tolda a visão. O pó que não sei se inspiraram. E acho uma maravilha que o Presidente da República tenha enviado, pela primeira vez na sua vida, a documentação da reunião, aos 19 conselheiros de Estados. Pelo menos assim, os papéis não ganham pó. Decididamente o Cavaco Silva não percebe nada de obras nem do pó que se levanta. O país que se encontra em estado de emergência não tem tempo para estes convívios. Um plano de salvação deve ser posto em andamento sem demoras. Em vez de discutir o após-Troika, aqueles valentes homens estão obrigados a evitar uma catástrofe de proporções imagináveis, porque já temos amostras que cheguem para traçar um cenário muito negro para os sobreviventes deste cantinho à beira-mar plantado.
Estamos sob a égide de algo ruim. Um cocktail de conseqências nefastas, de efeitos secundários que destroem a alma, uma overdose de disparates sem antídotos. Uma sopa de dislates que intoxica, que gera náuseas. A voz concedida à farsa que nunca foi falsa - uma mala de verniz e um cão de uma fila defendido pela cólera, a coleira que nos esgana. Serão estes os efeitos secundários da sombra? A futilidade levada ao extremo de um desejo suicidário canino? O dente plantado debaixo da almofada que embala os pesadelos? Uma pobre coitada equivocada pela marca global e que deseja sorte, imensa sorte. A refutação in loco da própria demência? A defesa do último bastião da inocência? Chegamos em cima da hora, montados num burro, perto do fim que anda às voltas da nora sem acalentar esperança. Os sintomas já ocuparam as cadeiras de um auditório repleto de assentos e prejuízos. São notas avulso com escritos e números, para que alguém telefone para a emergência, para nos levarem daqui para fora. Para nos levarem estendidos pela catadupa de mocadas. Uma benção lixada que nos engasga. E a imunidade levou para longe a madrinha, a fada do lar que vasculhou anos a fio no lixo. Ruminamos, mas já não sabemos vomitar.
Boa noite a todos.
Se eu tivesse que resumir, para um estrangeiro ou para um extraterrestre, a condição vigente em Portugal, diria apenas "irreversível". Tão só.
Com tal confiança o digo, que somente o filme homónimo de Gaspar Noé, com o seu retrato hiper-realista das mais vis e animalescas vivências - da suma entrega à desesperança - consegue fornecer-me uma referência cinematográfica que aluda convenientemente à repulsa que me acomete quando interiorizo em que ponto, afinal, nos encontramos.
Com vossa licença, carrearia para o início deste meu primeiro despautério uma citação, datada de hoje, emanada pelo edil da capital:
"É uma situação inesperada. Como a rotunda exterior dá para todas as saídas e as pessoas têm medo de se enganar, estão a ir para essa."
E aqui se encerra mais do que à vista é dado destrinçar. Senão vejamos, passe o trocadilho infame.
Há uma situação inesperada que ocorre logo no primeiro dia em que exequenda obra é posta à prova. Ninguém é inquirido, e ainda menos punido, mas mais grave, voz alguma se eleva. Porquê? Porque "bacalhau basta". Pode ser por isto, pela atávica necessidade de atender à voz do dono, ainda que os desmandos deste se resumam a exigir contínua, perene, passiva, bovinidade. Pode ser por isto, de facto.
Mas ao autarca pode ter fugido, por atavismo de igual porte, a boca para a verdade. As pessoas têm medo.
E o maior pavor, tal como o sonho da razão produz monstros, é que seja esta a verdade. Que as pessoas, na verdade, nunca tenham deixado de ter medo, diluindo uma forma de despotismo noutra, nova, tanto ou mais brutal que a anterior, certamente mais insidiosa e torpe, acoitada na aleivosia de quem se faz, há 38 anos, eleger em nome de um bem comum que reiteradamente só a alguns beneficia , e isto às custas de todos - com a inclusão, à revelia, de nascituros e "voluntariamente interrompidos".
Contudo, manda a curiosidade, motor para o Mal e para o Bem de todas as transgressões do Homem, que se aclare esta noção de irrevogabilidade.
Crime. O sistema de justiça, pilar primeiro de um Estado de Direito, deixou-se inflar como uma cabaça podre, minado a partir de dentro por uma Constituição anacrónica e colectivista, deixando lavrar, a eito, leis que somente ao legislador e seus correligionários podem ser benfazejas. Também isto grassa sem oposição no seio de quem vota.
Cui bono?
Programas operacionais, obras faraónicas, processos infindáveis ou que se finam num arquivo sumário, autarcas convocados às custas do erário para que neguem gostar de automóveis: o ridículo e a pilhéria cobriram de desgraça, à falta de vergonha, três gerações de portugueses. Onde em tempos o teor das minhas palavras faria soerguer debate, hoje haverá quem me queira empalado por não acrescentar "e as portuguesas", sintoma maior da parvoíce e da leviandade incrustadas no meio de todos, e em cuja senda caminham males ainda maiores.
Corrupção. Nos partidos, há já filhos e netos à espera da sua fatia. De entre os que não se abstêm, alguns ainda acreditam, na inocência de quem labora honestamente, que é uma questão de tempo, que Roma não se fez num dia, enfim, que podia ser pior. Que dantes andávamos descalços e sem pão, e como tal devemos fechar os olhos e relativizar o esbulho e o gáudio em que refocilam os mesmos de sempre, que chamaram à União Europeia um figo dourado.
Cui bono?
A quem favorece a burocracia e a imanente estagnação da sociedade?
Ignorância. Infantilização por via do amorfismo cultural e académico, do escárnio para com a dissonância; a promoção subsidiada da puerícia, a salvo de tudo, particularmente de si mesmos. Uma redoma que traduz com o viés necessário qualquer tentativa individual de interpretação da realidade. Jornais, televisões e rádios que complementam a apatia e o catéter anestésico. Jovens promissores reduzidos à boçalidade, crianças nascidas livres mas tornadas em títeres mimados e incapazes de vingar uma vez desligados da máquina estatal.
É isto que os portugueses querem para o futuro. Reparem, não falta aqui nenhum ponto de interrogação. Querem-no e estão de boas relações com as suas consciências, pois assim têm votado, livres de coacção, sem que ninguém sobrevenha no acto do sufrágio, coarctando a sua real intenção. E assim o têm, ou pelo menos, certamente que assim o dirá o espelho de suas casas, quando todas as manhãs, na mesma insatisfação modorrenta do dia anterior, se forçarem a encarar mais um dia, ainda outra jornada.
Terei mais a dizer. A razão dita-me que cerceie essa vontade agora, para que possa postar isto, mas a emoção manda que escreva mais.
Um verdadeiro liberal, aprendi, é humilde. Não diz que sabe, ainda que saiba. E muitas vezes, a maioria das vezes, dirá que não sabe, por ser verdade. É agnóstico, e senta-se entre os muros ávido do saber, do rigor que advém com o entendimento da própria discussão, do próprio debate. Não advoga o fanatismo e chama uma crença a uma crença e um facto a um facto. Lida com absolutos com a mesma tranquilidade que lhe permite relativizar a comédia e a tragédia.
A lacuna de liberalismo, em Portugal, passou de risível a gravosa, mas para azar dos imperecíveis que teimam sangrar a tudo e a todos, é para eles o princípio do fim.
Se vi na manifestação de sábado a herança do PREC, os idiotas úteis, e os meninos bem postos que se charram e querem ser "mitras"? Se vi gente desvairada que pretende apenas mais dinheiro fácil para estoirar em futilidades? Vi tudo isso. Querem saber, contudo, a melhor parte? Eram peduncularmente minoritários. Contar-se-iam dois ou três em cada cem.
É aos outros que este post é dedicado, porque a ninguém deve ser permitido, impunemente, que escarneça e apouque daqueles que, finalmente, saíram de casa e começaram a resistir.