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Como é que eles diziam há um ano? «Nós não somos Portugal». Pues que no.
Durante horas os lusos calaram os "gringos". Os americanos, entretanto, recuperaram o controle do seu site durante a noite.
Aquando do recente corte de rating da Moody's ao estado português, aqui alertei que o melhor, em vez de se entrar em histeria, era ler o comunicado da Moody's para perceber que estávamos a ser um mero peão no jogo entre o que se passa em Bruxelas e Atenas. Não é muito difícil de entender, está lá no comunicado, bem explicitado. Mas o jornalismo indígena precisa que o Professor Marcelo o leia e verbalize na sua missa dominical na TVI para dar notícia disso nas parangonas dos jornais de referência - já depois da excelente entrevista de Vítor Bento na SIC Notícias onde alertou para o mesmo. Está certo. É mais fácil dar ouvidos a certos oráculos sacrossantos que apenas constatam o óbvio ou andar por aí a lançar petições patéticas do que fazer jornalismo a sério.
A respeito da questão do corte de rating da Moody's ao estado português:
Da histeria à volta da Moody's (Carlos Guimarães Pinto)
Portugal no lixo (Luís Menezes Leitão)
Agência de rating europeia e outras ilusões (João Miranda)
O poder das rattings é filha... da regulação (Gabriel Silva)
E que tal se nos portássemos como adultos? A Moody's não disse mentira nenhuma (e até fomos nós que lhe pagámos para nos dizer a verdade) (Francisco Mendes da Silva)
Nesta guerra de surdos entre os que defendem a isenção e a capacidade analítica das famigeradas agências de rating, e os que nelas vêem projectados interesses mais ou menos obscuros, o melhor mesmo é ler a fonte de tanta indignação e perceber, como há tempos escrevia o Professor José Adelino Maltez, que "o nosso futuro se joga entre Bruxelas e Atenas", num tabuleiro político onde as agências de rating também interferem, embora a sua declarada preocupação seja essencialmente a salvaguarda de investidores privados, e onde quem está verdadeiramente em cheque é a União Europeia. Ora atentem neste parágrafo do comunicado da Moody's:
Although Portugal's Ba2 rating indicates a much lower risk of restructuring than Greece's Caa1 rating, the EU's evolving approach to providing official support is an important factor for Portugal because it implies a rising risk that private sector participation could become a precondition for additional rounds of official lending to Portugal in the future as well. This development is significant not only because it increases the economic risks facing current investors, but also because it may discourage new private sector lending going forward and reduce the likelihood that Portugal will soon be able to regain market access on sustainable terms.
Bismarck utilizou uma guerra para unificar a Alemanha e os alemães. Este recente corte da Moody's parece estar a ter o mesmo efeito nos portugueses. Inimigo externo bem definido é sempre algo útiil a qualquer governo. Nem tudo é mau nesta história cada vez mais estranha das agências de rating. É preciso saber aproveitar com habilidade as oportunidades. Entretanto, valha-nos o humor do FB leaks que voltou a fazer uma aparição: