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Sobre o politicamente correcto

por Samuel de Paiva Pires, em 14.02.17

Raymond Boudon - Os Intelectuais e o Liberalismo.j

 

Raymond Boudon, Os Intelectuais e o Liberalismo (Lisboa: Gradiva, 2005), 85-86:

Podemos afirmar que estes diversos factores – a descida média das exigências escolares e universitárias, a implantação de uma epistemologia que desvaloriza o conceito de um saber objectivo – produziram ainda outro efeito de importância crucial: contribuíram para um alastramento do moralismo nos meios do ensino e, mais ainda, nos meios intelectuais, já que é mais fácil emitir um juízo moral sobre um determinado episódio histórico ou sobre um determinado fenómeno social do que compreendê-lo. Compreender pressupõe ao mesmo tempo informação e competência analítica. Emitir um juízo moral, pelo contrário, não pressupõe nenhuma competência especial. O reconhecimento da capacidade de compreender pressupõe uma concepção objectivista do conhecimento. O reconhecimento da capacidade de sentir, não. Acresce que, se um dado juízo moral vai ao encontro da sensibilidade de um certo público, ou cumpre os dogmas que cimentam uma determinada rede de influência, pode ser socialmente rentável.

 

A isto é preciso acrescentar, antecipando uma objecção possível, que o relativismo cognitivo – o relativismo em matéria de saber – não implica de maneira nenhuma o relativismo em matéria de moral. Pelo contrário, o relativismo cognitivo estimula a ética da convicção. Porque, como uma convicção não pode, à luz do relativismo cognitivo, ser objectivamente fundamentada, o facto de ser vivida como justa é facilmente encarado como único critério que permite validá-la. Este critério tende por isso a ser considerado necessário e suficiente. O episódio do Quebeque a que anteriormente me referi, em que um grupo de feministas propôs que fossem atenuadas as exigências do doutoramento a favor das mulheres, com o argumento de que o saber é sempre incerto enquanto as exigências morais são irrecusáveis, é um exemplo que atesta este efeito.

 

Assim se compreende que a desvalorização do saber possa ser acompanhada de uma sobrevalorização da moral ou, mais exactamente, de uma exacerbação das exigências em matéria de igualdade em detrimento de outros valores. É talvez este fenómeno que algumas expressões hoje repetidas à exaustão tentam captar: «o pensamento único», «o politicamente correcto», a political correctness.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 15:26

hottowel.jpg

 

O pai que bateu no filho que foi morto pelo cão que não era polícia. As comadres que defenderam o cão e acorreram para defender os agressores da escola. A Inquisição que ateou o fogo que arde e cem a ver. O ácido muriático que desfigura canos e faces. O transsexual do bungee jumping sem retorno na clareira da construção pouco civil. O rapaz que vestia os ténis de marca à hora errada. O vizinho do lado que não gostou que lhe mexessem nos marcos do terreno foi à caça e teve um dia em cheio, e não ficou para contar a história aos netos cujo tio afagou. O aficionado que levou a derradeira estocada de uma outra modalidade. O missil lançado no estádio nacional que se desviou da sua rota. Os meninos da casa pilha que lhes roubou a dignidade. Os sociólogos de escaparate que nos agridem com a explicação do vil, a partir da sua torre de vigia de superioridade moral, académica. Este país nunca foi de brandos costumes. Baltimore fica ao virar da esquina. São todos  iguais. Os de cá, os de lá. Os fardados, os destrajados, os que ostentam cachecóis ou usam as próprias mãos para esganar no trânsito. Este é o Portugal moderno, sonhado por revolucionários que prometeram libertar sem limites. E foram bem sucedidos. Democracia, Direitos e Deveres, Liberdades e Garantias, Constituições da República  - intocável. Agora escolha. Prefere o livre arbítrio da desordem reinante? E por quem vai chamar quando for consigo? Os defensores dos direitos dos animais? Não existem nichos. Não existem Musgueiras. Não são estratos económicos e sociais. Não são níveis académicos. É algo mais profundo que assola o país. Faz parte da matriz e de nada servem os paninhos quentes. De nada serve tomar uma posição firme. Estão todos errados.

publicado às 08:43

Ah, a moral republicana

por João Pedro, em 14.08.09


 

 
Rodrigo Moita de Deus propôs à CM de Lisboa, em nome do Movimento 31 da Armada, a troca da bandeira municipal pela azul e branca, "agradecendo que a devolvessem". Depois da operação nocturna, o humor corrosivo continua agora nas palavras dos seus autores (ou membros do blogue), enquanto que os neo-carbonários parecem andar à nora e não perceber nada de nada. Entretanto, a PJ aproveitou a sua ida à CML para os levar à esquadra, com recurso à manha.


 

 


Claro que o episódio do 31 não pretendia levar-se demasiado a sério, mas tão somente chamar a atenção para a historiografia oficial da república com uma acção simbólica. Há quem já clame pelas "necessárias medidas legais" e quem, mesmo não sendo republicano, invoque o primado da lei e da ordem. É claro e indiscutível que estas devem imperar em qualquer sociedade que se queira sã e livre. Que era precisamente o que os republicanos não queriam, ao instalar o seu regime pela calúnia, pelo agit-prop, pelas bombas e pelos tiros. Pergunto-me que espécie de legitimidade terão os defensores republicanos da ordem pública, que se preparam para comemorar os 100 anos do 5 de Outubro, quando defendem a obra da carbonária? Que respeito pela lei e pelos símbolos nacionais podem invocar, eles que rasgaram a Carta e colocaram as cores do partido na bandeira nacional, acabando com o branco e azul que sempre tinham sido as cores por trás das quinas (ou até antes, em tempos do 1º Rei)? A demagogia tende a confundir-se com a hipocrisia.


 

Já agora, desde quando é que o municipalismo é pertença exclusiva do "ideário republicano"? É ver as tradições desde a Idade Média e o que do municipalismo escreveram os autores Integralistas, por exemplo.


 

Temos depois a usual tentativa de colar o rótulo de "meninos bem" a todo aquele que se reclama monárquico. O truque é velho, mas tende a perder eficácia, com a passagem do tempo e o crescente esclarecimento das pessoas. Ontem, no Público, Rui Tavares tentava fazer crer que se tratava de um grupo de brincalhões que errava o alvo porque "desrespeitaram a equivalência hierárquica" (por causa da bandeira municipal) e que a acção em si foi uma cópia do que os republicanos tinham feito, tratando-se consequentemente de uma "aculturação pela república", em que os monárquicos teriam perdido cultura própria.
 
 
Como Rui Tavares não é ignorante nem simplório, acredito que o texto fosse mais uma imensa laracha ao gosto da época, a não ser que se tenha espalhado ao comprido. Porque a ideia era uma demonstração simbólica da reposição da ordem legítima pré 5 de Outubro; por isso se substitui a bandeira da edilidade, que era a que lá estava; por isso se procedeu a tal acção, sem desacatos ou bombas. A "vassalagem perante a república" não faz por isso o menor sentido. Em termos de "aculturação", as diferenças ficaram vincadas.


 

 
Já a ideia de "meninos-bem", como disse atrás, é chão que deu uvas. Há monárquicos de direita e de esquerda, dentro e fora dos partidos, em todos os estratos sociais, nas universidades, nas artes e letras, na diplomacia, na imprensa e nas forças armadas. Se durante uns tempos eram reduzidos à imagem dos bigodes enrolados e capotes alentejanos (por vezes por culpa própria, fechando-se um pouco à sociedade), hoje só os néscios - ou os demagogos, descendentes directos dos governantes de 1911- é que recorrem à caricatura.


 

Restam algumas tentativas de menorização do caso, como o do repórter da SIC que dizia que "daqui a dias o caso vai cair no total esquecimento". Pela mediatização que colheu, incluindo o destaque no Público, não parece. Se outras se seguirem, então, vai ser o bom e o bonito. Paciência. Sempre é melhor do que os "marqueses da Bacalhoa", as bombas e os tiros, não é?

publicado às 23:40

Primitivismo

por Samuel de Paiva Pires, em 30.06.09

 

(imagem "roubada" ao João Gonçalves)

 

O João Gonçalves, que tenho o hábito de ler diariamente, apesar do estilo de análise demasiado personalista e pouco holística, estrutural e abstracta em relação ao estado de coisas a que chegámos, mas que pelo corajoso e livre espírito que detém e que o tornam num exemplo de combate e resistência contra a dormência em que vivemos merece a maior das considerações, julga poder aferir-se o primitivismo dos portugueses pelo facto de 40% destes concordarem com a tortura como método de combate ao terrorismo.

 

Não sendo, obviamente, a favor da tortura indiscriminada sobre indivíduos inocentes ou sobre os quais não existem provas das acusações de envolvimento em actividades terroristas, e sabendo-se da existência de diversas Convenções sobre o tratamento deste tipo de suspeitos, Convenções essas que pouco mais fazem do que propagandear os Direitos Humanos - sem correspondência prática (sempre a falta de autenticidade e de correspondência entre o discurso e a prática de que fala o Professor Adriano Moreira) pois não há acordo sobre o que esses são e a haver um eventual acordo corre-se o risco  de incrementar o que Robert Kagan considera como a constante ingerência nos assuntos internos de estados soberanos (O Regresso da História e o Fim dos Sonhos), eventualmente fazendo perigar a ordem mundial tal como já escrevi aqui, não deixando no entretanto de nos providenciar anedotas como esta -, não posso deixar de considerar que em determinados casos, e comprovado o envolvimento dos indivíduos em actividades terroristas, a tortura pode acabar por ser um método justificável e inclusive necessário in extremis. Só quem não está por dentro dos segredos de estado  e da realidade pura e dura das questões de terrorismo internacional - eu obviamente não estou, mas sou um realista e pessimista antropológico no que diz respeito às relaçoes internacionais - pode considerar o contrário.

 

Barack Obama e o seu director da CIA, Leon Panetta, são a evidência mais crua de que a realidade se sobrepõe aos moralismos e idealismos, wishful thinking de um punhado de militantes e alegados arautos da bondade, muitos deles manipulando factos históricos a seu bel-prazer para esconder o que eram as fomes, gulags e campos de concentração, outros tantos defendendo o multiculturalismo mas só no que lhes interessa (bem de acordo com os seus double standards), acabando por defender oprimidos terroristas que, a título de exemplo, só querem exterminar uma nação inteira - é só atentar nas louçanadas bloquistas e de outros que tais que passam a vida a defender os simpáticos senhores do Hezbollah ou do Hamas.

 

A questão central deveria recair sobre o ónus da prova, isto é, efectivamente considerar-se que todo e qualquer indivíduo é inocente até prova em contrário, e não partir da presunção de culpa que parece ter constituido o mote da detenção de muitos dos prisioneiros em Guantanamo. É ainda necessário não deixar ao livre arbítrio de meros soldados a decisão sobre o recurso a métodos de tortura - o que se passou em Abu Ghraib é execrável e inqualificável -, e utilizá-los apenas quando se encontrem reunidas e verificadas determinadas condições restritas que garantam o carácter de excepcionalidade do recurso a estes métodos.

 

A vida não é um mar de rosas e a sociedade internacional muito menos. O Estado ainda detém o weberiano monopólio da violência legítima e possui como atribuição fulcral o providenciar a segurança aos seus cidadãos. Se isso implica recorrer a métodos de tortura para desmantelar células terroristas e evitar atentados que matam centenas ou milhares  de inocentes (em analogia poder-se-á considerar tal como uma legítima defesa preemptiva) - leia-se Fareed Zakaria em O Mundo Pós-Americano explanar sobre a eficácia das medidas de combate ao terrorismo internacional no pós 11 de Setembro -, então eu prefiro continuar a ser um primitivo de acordo com o padrão de julgamento moral do João Gonçalves. No dia em que todos os seres humanos forem naturalmente bondosos, em que cristãos, judeus, muçulmanos, ateus e todos os povos do mundo convivam pacificamente entre si e não se prestem a atentar contra a vida de outros através de actos terroristas, serei o primeiro a opor-me ao recurso à tortura. Até lá, primitivo, pessimista e realista continuarei. Eu e mais umas quantas centenas de milhões de pessoas no planeta, Barack Obama incluido.

publicado às 20:02

Ainda assim Cristina

por Samuel de Paiva Pires, em 24.02.09

"Medida cautelar" ou "apreensão cautelar" em nome da manutenção da ordem pública, creio que não está nada longe de ser uma excelente definição para o conceito de censura prévia. Reproduzo ainda alguns escritos que se podem encontrar na blogosfera a este respeito, não sem antes retomar parte de um post meu de há uns meses, em que falava de um caso bem mais "pornográfico", a série Morangos com Açúcar, e esse sim preocupante pois passa-se numa televisão de sinal aberto que apesar de detida por privados presta um serviço público (teoricamente...):

 

É óbvio que nos dias que correm as crianças têm acesso a tudo e mais alguma coisa, seja pela televisão, revistas, livros, internet. Já há 10 anos atrás, quando eu tinha 11 anos, tinha acesso a imensa informação principalmente através da internet, que na altura ainda muito pouca gente tinha. Ainda para mais se tiverem acesso a algum serviço de tv por cabo ou satélite, facilmente acederão por exemplo a pornografia gratuitamente, tal como através da internet. Mas esses são serviços pagos, não são serviços públicos como as televisões de sinal aberto, repito, ainda que privadas, se prestam a ser, que desempenham um grande papel de influência em muitas mentes ainda em processo de formação pessoal e social.

 

Dizem que as "criancinhas" estavam agitadas? Vivemos num mundo completamente diferente daquele de há décadas atrás. Eu com 5 anos já sabia o que eram os respectivos aparelhos reprodutores e como se "faziam bebés". As tais "criancinhas" por ora já devem saber mais do assunto do que porventura alguns dos polícias envolvidos na "apreensão cautelar". E por isso é que escrevi que, com a quantidade de material pornográfico que há pelas ruas do país e, já agora, nas televisões, há muitos postos de trabalho à espera de serem preenchidos, com certeza...

 

Aqui ficam então alguns excertos do que se pode encontrar na blogosfera a este respeito:

 

A apreensão de ontem, mais do que acto censório, é uma performance artística em si mesma. No seu implacável legalismo, o gesto policial re-actualizou a afirmação estética  de um quadro que nunca se quis  respeitosamente admirado, e muito menos banalizado em reproduções displicentemente espalhadas por bancas de livreiros. E isso, caro leitor, é serviço público. (Vasco Campilho no 31 da Armada)


Agora, não deixa de ser estranho que em tão poucos dias e sempre a pretexto da pornografia pudéssemos assistir à  rábula  dos autocolantes carnavalescos do Magalhães, protagonizada pelo Ministério Público e agora a este episódio  em Braga, digamos, mais artístico…Juraria que já vi cenas análogas no “Conta-me como foi“  e, independentemente da  razoabilidade (ou não) da intervenção da PSP,  é isso que me deixa a pensar… (PMF no Blasfémias)


Imaginemos que amanhã decido ir à Bertrand e, deparando-me com a tal capa pornográfica para as mentes retorcidas de alguns, alego que desato a bater em tudo e em todos se a mesma não for apreendida. Terá a PSP legitimidade para a apreender a obra? Pelos vistos, tem. A justificação encontrada pela PSP de Braga para a medida censória de ontem não faz qualquer sentido, constituindo-se como um precedente muito perigoso para a nossa democracia. A ideia de censura preventiva não é feliz, abrindo portas a todo o tipo de condicionamento da liberdade de expressão, em nome da moral púdica e atávica de um punhado de gente que ainda não chegou ao século XXI. (Pedro Morgado no Avenida Central)

 

A PSP de Braga está preocupada com os bons costumes. Começa sempre assim: Com um imenso moralismo. (André Abrantes Amaral n'O Insurgente)

publicado às 23:52






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