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O futebol em abraço armilar

por Samuel de Paiva Pires, em 15.07.18

xanana gusmão euro2106.jpg

 (fotografia daqui.)

 

Parece que muita gente terá descoberto, com um espanto inusitado, após a final do Mundial de futebol, que em tempos a França foi um império colonial. Ora, boa parte do país da “liberdade, igualdade e fraternidade” cultiva a concepção subjectiva de nação, que tem raízes em Ernest Renan, para quem a nação não assentava em critérios como a raça, o território, a língua ou a religião, sendo, na realidade, “uma alma, um princípio espiritual,” no qual os indivíduos concretizam “o desejo de viver em conjunto, a vontade de continuar a fazer valer a herança que se recebeu indivisa.” Mas um certo nacionalismo assente na concepção objectiva, tributária de diversos autores franceses, alemães e britânicos e com especial relevo na cultura germânica, ignorando que a história humana difere da zoologia, parece assistir a uns quantos que se esquecem do que foi e do que ainda hoje é Portugal, cuja Selecção nacional de futebol tem jogadores originários de vários países da CPLP. Por mim, subscrevendo aquele Fernando Pessoa para quem a pátria era a língua portuguesa, preferia cumprir o abraço armilar no futebol e ter num Mundial uma equipa da lusofonia. Já que noutros domínios o triângulo estratégico Lisboa-Luanda-Brasília parece funcionar mal, talvez ajudasse a causa da lusofonia ter na mesma equipa Ronaldo e Neymar, Casemiro e William, Marcelo e Pepe, Gelson e Philippe Coutinho, Danilo e Fernandinho.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 22:45

Populismo à Portuguesa

por John Wolf, em 01.07.18

Screen Shot 2018-07-01 at 15.35.35.png

 

Não existe uma estirpe de Populismo que possa ser considerada benigna. O hino "a minha alegre casinha" adjudicado pelos Xutos & Pontapés ao coro da Santa Geringonça não pode escapar à doutrina que postula a apropriação de símbolos avulso para fins propagandistas, políticos. A subida ao palco do Rock in Rio de diversas representações soberanas não é um populismo melhor do que o nacionalismo de Orbán ou o Trumpismo da Casa Branca. Com a aparente candura e inocência da bochecha rosadinha, Marcelo, Costa, Ferro e Martins (entre outros bivalves da comitiva mandante, consortes ou nem por isso) lá entoaram a versão pimba da melodia, já de si questionável em termos ideológicos, por ser uma faixa remanescente do Antigo Regime. É nessa pequena e alegre casinha onde deve pernoitar o cidadão português - quietinho e sem causar alarido - é essa a mensagem apaziguadora que passa em rodapé. Fernando Santos também lá podia estar a rufar versos da mesma melodia com a sua noção de desígnio-maior, assente no endeusamento intocável de Cristiano Ronaldo. Essa fé, repelente da objectividade analítica, é uma praga que tem vindo a atraiçoar a falsa-brandura dos costumes de Portugal. Sob a pretensa aura-suave da chefia das migrações ou da Organização das Nações Unidas, o país recruta e confirma o serviço de limpa-vidros tão útil para aliterar percepções e paixões. A graxa interna é semelhante à pomada esfregada no exterior. Com a ingenuidade da decoração atribuída, Portugal coloca-se a jeito da sua auto-valoração. A agência de rating política suprema passou a ser o Rock in Rio. Os tronos "branco-bronco" assentes sobre rodinhas, amestrados no palanque da realeza-selfie, atestam sem margem para dúvida o grau de sordidez que traja o poder em Portugal. O que o povo precisa é de circo. Um grande circo volante que dê guinadas para encobrir a falência do Serviço Nacional de Saúde, assim como a crónica e paliativa doença da Educação em Portugal e a nova crise financeira que não tardará a eclodir à luz da feroz guerra de tarifas entre a União Europeia e os Estados Unidos. Portugal não é os Estados Unidos. Mas aposto que Cristiano Ronaldo ainda se torna Presidente do Governo Regional da Madeira deixando os demais daquele coro com dor de corno. E sim, Cristiano, já o sendo, seria ainda mais populista do que é, e do que aquela cambada que diz que não sabe de nada sobre aventurismos políticos e perfis extremados. A pergunta colocada por Donald Trump é pertinente.

publicado às 15:10

Chegou ao fim a era Fernando Santos

por Samuel de Paiva Pires, em 30.06.18

Fernando Santos será sempre o homem que nos deu o Euro 2016. Mas um seleccionador que joga de início com Gonçalo Guedes, Ricardo Pereira, João Mário e sem extremos e que insiste repetidamente em deixar no banco Quaresma, André Silva e Gelson e em ter vários jogadores em sub-rendimento nos diversos jogos (Raphael, William, Bernardo Silva), merece esta derrota vergonhosa contra um Uruguai que não jogou nada. Enquanto continuarmos a ter seleccionadores teimosos e que não vêem o óbvio ululante, continuaremos a desperdiçar gerações de futebolistas talentosos.

publicado às 21:09

Cristiano "Monstruoso" Ronaldo

por Samuel de Paiva Pires, em 16.06.18

CR7.jpg

 (fotografia daqui.)

 

No New York Times:

But it is equally true to say that Ronaldo, even in his twilight, shines brighter than almost any player with whom he comes into contact. He has not so much faded as a player as evolved into something different. It is misleading to suggest that he has transformed into a striker, a penalty- area predator, because he is not really restricted by such mortal concepts as geography.

Instead, he has attained a level of such devastating efficiency that he now does not really require something so mundane as the ball. He does not need to be involved. He looks, often, like he is doing nothing, or something quite close to it — as if he is a mere passenger. It is an illusion. He is always in the cockpit.

Isco, his Real Madrid teammate, was the dominant player on the field here, the one who was most involved, who prompted and probed and prodded, and he was wearing a Spain jersey. Ronaldo has moved beyond needing to dictate games. He concerns himself only with defining them.

publicado às 17:30






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