Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Assisti há pouco a uma entrevista a um alemão cuja mulher está numa sala, com outras pessoas, no centro comercial de Munique que foi alvo de um ataque terrorista. Dizia que tinha enviado mensagens à mulher a encorajá-la e às outras pessoas na sala a reagir caso um terrorista entrasse na sala, visto que "não se consegue falar com esta gente", e a não implorar pelas suas vidas, devendo imediatamente atacar o terrorista e "matá-lo". É o resumo perfeito daquilo que enfrentamos e devíamos fazer. Enquanto os líderes ocidentais continuarem a pensar que isto se resolve com diálogos entre civilizações e religiões e teimarem em negar a mais que evidente natureza violenta do islão e a sua perspectiva sobre o mundo moderno e o Ocidente - essencialmente, pretendem aniquilar-nos e ao nosso modo de vida -, vamos continuar a assistir, infelizmente, à ascensão da extrema-direita um pouco por todo o Ocidente, pela simples razão de que esta está ciente da necessidade de defender os valores do Ocidente perante a barbárie inspirada pelo islão e da mensagem que o alemão acima mencionado transmitiu: ou matamos, ou morreremos às mãos desta gente. Mas continuem a eleger Obamas e Merkels - verdade seja dita que, entre estes e personagens como Marine Le Pen ou Donald Trump, venha o diabo e escolha, e que infelizmente não se vislumbra ninguém capaz de assumir a liderança de uma ofensiva ocidental contra quem nos ameaça permanentemente - que o caminho para o desastre continuará a ser alegremente percorrido.
Os governos democraticamente eleitos do mundo ocidental tardam em enfrentar a dura realidade dos factos. O terrorismo já não equivale a incidentes esporádicos que se dissipam num calendário alargado de ocorrências e datas. Os ataques perpetrados em Paris, em Bruxelas, em Londres ou Munique fazem parte da mesma linha de continuidade. As teorias organizacionais, construídas sobre a premissa da existência de células e hierarquias, já não servem para antecipar ou retrospectivamente dissecar os contornos dos ataques. A questão da genealogia ideológica também se secundariza perante a emergência securitária. Por mais que queiram evitar a solução musculada na Europa civilizada, os lideres de sociedades livres em breve terão de encarar o destacamento de forças militares permanentes nas ruas das cidades, a colocação de forças especiais em pontos nevrálgicos das urbes. Não mencionei uma vez sequer a dimensão dos refugiados, dos fundamentos religiosos ou dos conceitos subjacentes ao auto-proclamado Estado Islâmico. Refiro, sem valorações adicionais, o desafio de ordem e segurança que deve ser abraçado a todo o custo. O declínio da capacidade de projecção de poder dos adversários em terras distantes significa a disseminação de esforços fragmentados, mas altamente letais, no encalce próximo da tranquilidade europeia. O 11 de Setembro, intensamente sofisticado do ponto de vista conceptual e operacional, migrou para propostas de terrorismo de fabrico artesanal. Será com os meios disponíveis que os golpes serão desferidos. Os defensores das liberdades e garantias ainda não entenderam que em nome dos mais altos valores de liberdade, o combate implica o arrestar limitado de algumas prerrogativas consensualmente aceites enquanto intocáveis. A Europa está em guerra, mas tarda em admití-lo. Os terroristas de Bruxelas e Paris também elegem lideres. Chegamos a um ponto insustentável que transcende birras fratricidas entre a Esquerda e a Direita, pacifistas e belicistas. Chegou a hora de uma união de facto. A convergência política e efectiva para derrotar os atavismos internos. Chegou o momento da Europa.