Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Dos vícios do poder

por Samuel de Paiva Pires, em 18.06.13

Não é por acaso que Lord Acton observou que "o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente", e que Montesquieu afirmou que "todo o homem que tem poder é levado a abusar dele" indo até onde encontra limites. Por isto mesmo, como diria Abraham Lincoln, a melhor forma de testar o carácter de um homem é dar-lhe poder. Infelizmente, o pessimismo antropológico está frequentemente certo, mesmo onde e quando menos se espera. A tirania espreita amiúde por onde deveria ser mais insupeita. Talvez valha a pena relembrar um ensinamento clássico de São Tomás de Aquino, aquele que nos diz que o povo tem o direito de remover do poder quem o usurpa e pela paixão pelo comando o faz degenerar, ou seja, o tirano. Ou isso, ou pelo menos virar-lhe as costas. Porque «na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...»

publicado às 21:45

Esta frase do nosso genial Gil Vicente bem que poderia ser o título da farsa que, por certo, não deixaria de escrever, soubesse ele da outra faceta, até agora desconhecida, do também genial autor de Hamlet, ele que não desperdiçava uma oportunidade para rir e fazer rir, ao mesmo tempo que denunciava as fraquezas humanas, desde a mais insignificante até às mais desprezíveis.

publicado às 15:01

Imaginação, perfectibilidade, literatura e política

por Samuel de Paiva Pires, em 26.01.13

Da introdução de Louis Menand a The Liberal Imagination de Lionel Trilling:

 

«For a key perception of the book is that most human beings are not ideologues; intellectual coherence is not a notable feature of politics. People’s political views may be rigid but they are not necessarily rigorous. They tend to derive from, or to be reflections of, some mixture of sentiment, custom, and moral aspiration. Trilling’s point is that this does not make those views any less potent in the political world; on the contrary, it’s the unexamined attitudes and assumptions – the things that people take to be merely matters of manners or taste, and nothing so consequential as political positions – that require and repay critical analysis. “Unless we insist that politics is imagination and mind”, as he puts it in his essay on Partisan Review, “we will learn that imagination and mind are politics, and of a kind we will not like.”

 

In Trilling’s view, the assumption all liberals share, whether they are Soviet apologists, Hayekian free marketers, or subscribers to Partisan Review, is that people are perfectible. A liberal is someone who believes that the right economic system, the right political reforms, the right curriculum, the right psychotherapy, and the right moral posture will do away with unfairness, snobbery, resentment, prejudice, tragic conflict and neurosis. A liberal is a person who thinks that there is a straight road to health and happiness. The claim of The Liberal Imagination is that literature teaches that life is not so simple – for unfairness, snobbery, resentment, prejudice, tragic conflict and neurosis are literature’s particular subject matter. This is why literature has something to say about politics.» 

publicado às 12:22

 

Um dos melhores e mais intensos episódios de toda a série, com interpretações sublimes que chegam a ser verdadeiramente comoventes, em particular as de Rick (Andrew Lincoln) e Carl (Chandler Riggs, que começa talvez a perfilar-se como um futuro actor de renome). Não deixa de ser paradoxal que uma série baseada num colapso civilizacional em virtude de um surto de zombies seja provavelmente uma das melhores abordagens à natureza humana que alguma vez foi realizada para televisão - embora este seja mesmo o ponto central da série.

publicado às 05:17

Da imutável leveza da condição feminina

por Samuel de Paiva Pires, em 03.09.12

 

(imagem do ionline)

 

Elevando o senso comum à condição de ciência: «Em tempo de crise, as mulheres investem mais na beleza para caçar homens ricos, garante estudo norte-americano.»

publicado às 13:49

Há animais mais nobres que certos bípedes

por Samuel de Paiva Pires, em 02.09.12

Como há tempos escrevi, nutro apenas indiferença pelo espectáculo tauromáquico. Não deixo, contudo, de o compreender na sua dimensão cultural e social como sendo uma tradição portuguesa que não deve ser eliminada apenas porque um movimento de reduzidíssima expressão social o queira. Da mesma maneira que, sendo agnóstico, obviamente compreendo a herança judaico-cristã enquanto expressão da identidade ocidental. Infelizmente, há quem não conceba o conceito de tolerância, bastas vezes não se coibindo de mostrar à saciedade que talvez não devesse partilhar a mesma categoria moral dos demais bípedes. 

 

Perante o sucedido com o forcado Nuno Carvalho, que corre o risco de ficar paraplégico após ter sido colhido por um touro, certos ditos defensores dos animais, que pretendem impor aos outros, por via da coerção, a sua visão quanto à existência de touradas, aproveitaram ou para utilizar o sofrimento do forcado para dar força às suas convicções, demonstrando lapalissianamente que além dos animais, os humanos que participam em touradas também se sujeitam a lesões graves - como se eles não soubessem -, ou para se regozijarem com o que potencialmente lhe virá a acontecer. Se dúvidas houvesse quanto à falta de nobreza de carácter dos ditos cujos, ficariam agora desfeitas.

 

Leitura complementar: Os animais que um forcado tem de pegar (JCS).

publicado às 22:52

Tomás Belchior, Automutilação (negrito meu):


«O português não se transforma num santo quando vai para o governo ou para a administração pública. Na melhor das hipóteses fica o português que sempre foi. Na pior, com a polícia, o fisco e a Assembleia da República à mão, transforma-se no tiranete que nunca conseguiu ser. Sendo absurdo ter como objectivo de política económica mudar a natureza humana ou a estrutura do universo, resta-nos o caminho inverso. Resta-nos reconhecer que a única visão, a única estratégia, o único plano de que as empresas precisam é de um plano para levar euros do bolso dos consumidores para os seus próprios bolsos. Ou seja, precisam de começar a ajudar os portugueses a concretizar as suas visões individuais em vez de ajudarem o Estado a acabar com elas.»

publicado às 12:59

Do estado mental irracional dos comunistas

por Samuel de Paiva Pires, em 09.08.12

Eric Voegelin, "Liberalism and Its History":

 

«The radical revolutionary must make the revolution into a permanent condition; there can be no compromise or stabilization of the achievements at a definite point. For as soon as a plateau of stabilization is permitted, the revolution is over. To keep a revolution alive one must carry it on further; it thrives on unrest, it needs a permanent opponent; it must meet obstacles to be overcome by its assault, etc. If there are no more obstacles, no more imperialists or deviationists, the revolution dies for lack of things to attack. Revolution can end only if it has reached its goal. And this is precisely the insight expressed by Trotsky in his idea of the révolution permanente: revolution in the modern sense has no intention of producing a stable condition; revolution is the mental and spiritual condition of an act which has no rational goal. The revolution can be permanent because its formal goal, which in communism is a society whose members have become supermen, cannot be realized. Revolution becomes permanent when the revolutionary posits a goal which ex definitione cannot be reached because it requires the transformation of human nature. The unchangeable nature of man constantly places obstacles in the path to the paradisaical goal. If the goal of the revolution is defined by a gnostic philosophy of history, then revolutionary action has no rational goal.»

 

Fernando Pessoa, "O Preconceito Revolucionário":

 

«O estado mental do homem que crê na eficácia social directa das revoluções é exactamente o mesmo do do homem que crê na realidade dos milagres. A crença na eficácia das revoluções pressupõe a crença na intervenção antinatural da vontade humana no curso natural das coisas sociais. Não é mais absurdo supor que determinado taumaturgo inverte, por o uso de qualidades inanalisáveis, as leis físicas e naturais [?], do que supor que um grupo de homens nascido no mesmo meio que outro grupo, educado da mesma maneira, sofrendo as mesmas influências, e com hereditariedade social idêntica, pode, substituindo-se a esse outro grupo e por o simples facto de ter ideias diferentes, agir diferentemente na vida social. Isto é tão simples!

 

O estado social permanece o mesmo agravado com a anarquia que resulta da substituição violenta de uma situação administrativa por outra. Os antigos detentores do poder, por imorais e corruptos que fossem, tinham, ao menos, pelo uso do poder, certa noção inevitável de como usá-lo, conheciam, pelo menos, como administrar. Os recém-vindos, iguais moralmente a eles por serem produto do mesmo meio, levam para o poder a falta de prática do poder; são fatalmente piores — intelectualmente piores. Assim, os governos revolucionários, sendo tão imorais como os governos anteriores, são intelectualmente mais incompetentes. (...)»

publicado às 16:00

Oh the irony

por Samuel de Paiva Pires, em 11.05.12

Spain's indignado protesters face anniversary crackdown:

 

"In the meantime a battle for leadership of the indignado movement, and control of its social network assets, has broken out. The fight pitches purists, who do not want any formal structure or leadership, against those who complain that the movement's assembly based system is cumbersome and easily blocked by a handful of extremists."

publicado às 18:15

 

Edmund Burke, "Discurso sobre a reforma da representação na Câmara dos Comuns":

 

«É verdade que dizer que a nossa Constituição é o que sempre foi não é uma defesa que satisfaça aqueles que dizem que é uma má Constituição. É uma resposta àqueles que dizem que é uma Consituição degenerada. Àqueles que dizem que é má, respondo: olhai para os seus efeitos. Em todos os mecanismos morais, os resultados morais são a prova.

 

A que fundamentos recorreremos para restituir a nossa Constituição ao que já foi num dado período, ou para a reformar e reconstruir sobre princípios mais conformes com uma sensata teoria do governo? Um governo consuetudinário, tal como o nosso, nunca foi obra de um legislador, nunca se fez com base numa teoria anterior. Parece-me um modo desarrazoado de raciocinar e uma perfeita confusão de ideias, aceitar as teorias que homens eruditos e especulativos formaram desse governo e supor que este se fez com base nessas teorias elaboradas a partir daquele para acusar o governo de não corresponder a essas mesmas teorias. Não estou a vilipendiar a teoria nem a especulação - não, pois isso seria vilipendiar a própria razão. Neque decipitur ratio, neque decipit unquam (A razão nunca engana nem é enganada). Não, sempre que falo contra a teoria, viso sempre uma teoria fraca, errónea, falaciosa, infundada ou imperfeita - e uma das maneiras de descobrir que é uma falsa teoria é compará-la com a prática. É esta a pedra de toque de todas as teorias atinentes ao homem e aos assuntos humanos - serve à sua natureza em geral, serve à sua natureza modificada pelos seus hábitos?»

publicado às 22:52

Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:

 

«Começou a perguntar a si mesmo se nós poderíamos um dia tornar a psicologia uma ciência tão absoluta que nos pudesse revelar as mais recônditas molas da vida. Com as noções de que dispúnhamos equivocámo-nos sempre a respeito de nós mesmos e raras vezes compreendíamos os outros. A experiência nenhum valor ético possuía. Era apenas o nome que os homens davam aos seus erros. Os moralistas haviam-na, em regra, considerado como um modo de advertência, haviam-lhe atribuído uma certa eficácia ética na formação do carácter, haviam-na exaltado como alguma coisa que nos ensinava o que devíamos seguir e nos mostrava o que devíamos evitar. Mas na experiência nenhuma força motriz existia. Era uma causa activa tao exígua como a própria consciência. A única coisa que ela deveras demonstrava era que o nosso futuro havia de ser o mesmo que o nosso passado, e que o pecado que nós uma vez havíamos cometido com repugnância o volveríamos a cometer muitas vezes, e com prazer.»

publicado às 22:22

Sobre a alma e a natureza humana

por Samuel de Paiva Pires, em 01.04.12

Edward Feser, What is a soul?:

 

«I noted in a recent post that those beholden to scientism tend to reify abstractions -- to abstract the mathematical structure of a concrete physical system and treat it as if it were the entirety of the system, or to abstract the neurobiological processes underlying human action and treat them as if they were the whole source of human action.  I also noted that while those prone to scientism are notorious for this, Cartesians are guilty of reifying abstractions too.  Specifically, they abstract from the one substance that is a human being its intellectual aspect and its animal aspect and make of them two substances -- putting asunder, as it were, what God and nature had joined together.  And when they finally recombine them, what they are left with is nothing human at all, but a bizarre shotgun marriage of angel and animal, or ghost and machine.  But sometimes a man is just a man.» 

publicado às 12:57

O episódio que passou hoje de The Walking Dead na Fox (11.º da 2.ª Temporada, "Judge, Jury, Executioner") é das melhores coisas que vi nos últimos tempos. É uma soberba representação do estado de natureza hobbesiano, de onde se destaca a reunião em que decidem da vida ou morte de um prisioneiro, em que apenas um dos elementos do grupo se pronuncia favorável à vida, lembrando a todos que optar pela execução de alguém para prevenir um eventual crime em que este pode nunca incorrer contraria a noção de civilização prévia ao holocausto de zombies. É o instinto de auto-preservação de um grupo contra a obstinação idealista de um só, que normalmente estaria correcta, mas que é mais do que colocada em causa no contexto do estado de natureza hobbesiano.

publicado às 23:31

Da perfeição da mulher

por Samuel de Paiva Pires, em 02.02.12

 

Soren Kierkegaard passa 90% de In Vino Veritas em pleno orgasmo intelectual misógino, para no fim reconhecer a realidade, que por força das evidências sou obrigado a subscrever. Quer-me parecer que a misoginia de Kierkegaard, Wilde ou qualquer outro, diz mais da muito imperfeita natureza masculina do que da feminina:

 

«No princípio havia só um sexo; dizem os gregos que era o sexo masculino. Dotado de faculdades magníficas, era uma criatura admirável em que se reviam os deuses; os dons eram tão grandes que aconteceu aos deuses o mesmo que por vezes acontece aos poetas que gastaram todas as forças na criação de uma obra: tiveram inveja do homem. O pior é que tiveram receio dele; temeram que ele não estivesse disposto a aceitar de bom grado o jugo divino; tiveram medo., embora sem razão para isso, que o homem chegasse a abalar o céu. Haviam feito surgir uma força nova que lhes parecia estar a ser indomável. A inquietação e a perplexidade dominavam então no concílio dos deuses. Mostraram-se primeiro de uma generosidade pródiga ao criarem o homem; mas agora tinham de recorrer aos meios mais violentos para legítima defesa. Os deuses pensavam que o seu poderio estava em perigo, e que não podiam voltar atrás, como um poeta que renegue a sua obra. O homem já não podia ser dominado pela força, porque se o pudesse ser, os deuses teriam resolvido facilmente o problema; e era isso precisamente o que lhes causava desespero. Era preciso cativá-lo pela fraqueza, por um poder mais fraco e mais forte do que ele, capaz de o subjugar. Que poder espantoso e que poder contraditório não havia de ser! A necessidade também ensina os deuses a transcenderem os limites do engenho. Pensaram, meditaram, encontraram. A nova potência foi a mulher, maravilha da criação; e os deuses, ingénuos e contentes, mutuamente se felicitaram pela nova invenção. Que mais poderei eu dizer em louvor da mulher? A mulher foi tida por capaz de fazer o que parecia impossível aos deuses; além disso, a verdade é que desempenhou admiravelmente o seu papel; que maravilha não deve ser a mulher para conseguir os seus fins! Tal foi a astúcia dos deuses. A encantadora foi formada e dotada de uma natureza enganadora; mal encantou o homem, logo se transformou, enleando-o entre todas as dificuldades do mundo finito; era isso mesmo o que os deuses queriam. Que seria possível imaginar de mais fino, de mais atraente, de mais arrebatante, do que este subterfúgio dos deuses que querem salvaguardar um império, do que este processo para seduzir o homem? Tal é a realidade; a mulher é a sedução mais poderosa do céu e da terra. Comparado com ela, o homem é um ente muito imperfeito.» 

publicado às 01:17

Um breve mas elucidativo artigo de Peter J. Boettke e Peter T. Leeson que mostra como o liberalismo se fundamenta num pessimismo antropológico que está mais próximo da verdadeira natureza humana do que o ideário socialista, daí derivando a sua grande força: a capacidade de tornar vícios e interesses de indivíduos egoístas em contribuições efectivas para o bem comum por via do mercado, sem depender de governantes com boas intenções. Ademais, não entrando pelo campo das intenções (ou não fossem os socialistas virgens ofendidas), Mises e Hayek destruíram o edifício teórico socialista ao exporem a sua fragilidade no que diz respeito à questão da informação e conhecimento, ou dito de outra forma, mostraram como o socialismo é uma impossibilidade epistemológica, mesmo quando todas as suas condições ideais são reunidas. Simplesmente não funciona, ponto.

publicado às 13:30

Mulheres e a natureza masculina

por Samuel de Paiva Pires, em 25.09.11

 

Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser:

 

«Os homens que têm a mania das mulheres dividem-se facilmente em duas categorias. Uns procuram em todas as mulheres a ideia que eles próprios têm da mulher tal como ela lhes aparece em sonhos, o que é algo de subjectivo e sempre igual. Aos outros, move-os o desejo de se apoderarem da infinita diversidade do mundo feminino objectivo. 

 

A obsessão dos primeiros é uma obsessão lírica; o que procuram nas mulheres não é senão eles próprios, não é senão o seu próprio ideal, mas, ao fim e ao cabo, apanham sempre uma grande desilusão, porque, como sabemos, o ideal é precisamente o que nunca se encontra. Como a desilusão que os fez andas de mulher em mulher dá, ao mesmo tempo, uma espécie de desculpa melodramática à sua inconstância, não poucos corações sensíveis acham comovente a sua perseverante poligamia.

 

A outra obsessão é uma obsessão épica e as mulheres não vêem nela nada de comovente: como o homem não projecta nas mulheres um ideal subjectivo, tudo tem interesse e nada pode desiludi-lo. E esta impossibilidade de desilusão encerra em si algo de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do femeeiro épico não tem remissão (porque não é resgatada pela ilusão).»

publicado às 13:50

John Gray e a natureza humana

por Samuel de Paiva Pires, em 19.07.10

 

Retirado da introdução, que podem encontrar aqui:

 

Contemporary humanism is a religion that lacks the insight into human frailty of traditional faiths. In envisioning the universe as the work of a divine person Western monotheism has always been anthropocentric, but it has preserved a sense of mystery, the insight that the nature of things is finally unknowable. In contrast secular rationalists have promoted a type of solipsism. Like the Tlonists of Borges’s fable, examined in Chapter 5, they think the real world and their intellectual constructions are — or can be made to be — identical. Hence the ornate theories of justice devised by credulous philosophers, the elaborate systems of incentives designed by bien-pensant economists and the recondite schemes for taxing emissions advanced by Greens — just the latest of many attempts to reorder human life by the use of reason.


Humankind is not a collective agent that can decide its destiny. If humans are different from other animals it is chiefly in being governed by myths, which are not creations of the will but creatures of the imagination. Emerging unbidden from subterranean regions, they rule the lives of those they possess. Many of the worst crimes of the last century were the work of people possessed by what they believed to be reason. Science is believed to confer a superior rationality on its initiates, but science cannot make us into a rational animal of the kind imagined by humanist philosophers. Humans can anthropomorphize anything, except themselves.


A little realism would surely be useful. Accepting that we are flawed and our problems not fully soluble need not be paralysing; it could make us more flexible and resourceful. But no realist will try to convert the world. The myth-free civilization of secular rationalism is itself the stuff of myth. Myths are fictions, which cannot be true or false; but fictions can be more or less truthful depending on how they capture human experience. No traditional myth is as untruthful as the modern myth of progress. All prevailing philosophies embody the fiction that human life can be altered at will. Better aim for the impossible, they say, than submit to fate. Invariably, the result is a cult of human self-assertion that soon ends in farce.

publicado às 23:03






Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas