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Enquanto as casas de apostas e câmbios do Bloco de Esquerda, Livre, Partido Socialista, Partido Social-Democrata, Governo e afins, se posicionam ideologicamente para o desfecho-não desfecho-desfecho da situação grega, devemos aproveitar as precipitações de Catarina Martins e a excessiva cautela de António Costa para retirar algumas ilações sobre o quadro helénico. A saber; a Grécia aderiu ao Euro em 2001, mas acabou por revelar em 2004 que havia aldrabado as contas do défice orçamental para passar no teste de adesão à moeda única. Ou seja, começou mal. Depois embandeiraram em arco e gastaram 7 mil milhões de euros para pôr de pé os Jogos Olímpicos comemorativos - vá-se lá saber que valores foram desviados para amigos e compadres. Mas vamos avançar até 2010, antes da crise estoirar, para confirmar que foi o governo daquele momento que implementou as primeiras medidas de austeridade. Ou seja, o mito urbano de que a Troika foi o único papão da Grécia é falso. Os próprios gregos já davam conta de sérios problemas e decidiram tomar as suas próprias medidas fiscais. Em 2011 a Grécia recebe ajuda externa na ordem dos 150 mil milhões de euros e subsequentemente viu a sua dívida ser desbastada na ordem dos 50%. Por outras palavras - aquele país já recebeu ajuda substancial e mesmo assim não foi capaz de reorganizar a sua casa. A verdade deve ser dita e as falsidades rejeitadas. A Grécia já foi ajudada vezes sem conta ao longo da sua história, mas parece sempre ter o mesmo destino de negação e incapacidade. Mas existe ainda outra dimensão, uma externalidade que não deve ser afastada das nossas preocupações civilizacionais. A casa de penhoras Jogos Olímpicos, sempre que visita países não desenvolvidos ou emergentes, deixa uma rasto de incerteza, corrupção e bancarrota. Tudo em nome de uma certa vaidade do Estado organizador. E o mesmo se passa com a FIFA e os seus maravilhosos campeonatos do mundo de futebol. Veja-se o caso do Brasil, onde juraram a pés juntos que o mundial iria despoletar um processo de desenvolvimento económico e social mesmo ao lado dos esplendorosos estádios de futebol. Não sei que jogo a União Europeia vai decidir, mas aposto que o tabuleiro de decisões irá acarretar consequências para toda a Zona Euro. Ou seja, um espectáculo qualquer irá ser montado para demonstrar que está tudo bem e que decididamente caminhamos para bingo. Do modo como as negociações entre a Grécia e a Troika decorrem, podem atirar uma moeda ao ar. Ninguém sabe qual será o desfecho. E decididamente alguém sabe tudo, mas não quer dizer.