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Viriato Soromenho-Marques, "Entre o abismo e o milagre":
"A expressão "terramoto" usada pelo primeiro-ministro francês Manuel Valls para classificar a vitória esmagadora da Frente Nacional de Marine le Pen em França não é uma metáfora. Apenas uma descrição realista. Atravessando o canal da Mancha em TGV, quem desembarcar na estação de Waterloo encontrará uma Grã-Bretanha onde o arqui-inimigo da União Europeia, Nigel Farage, líder do UKIP, encostou à rede os donos do sistema bipartidário que reina há muitas gerações na Velha Albion. Estas eleições europeias iniciaram uma reativação da crise europeia, com duas diferenças. Em primeiro lugar, a crise que até agora estava localizada essencialmente na periferia europeia (de Portugal até à Grécia) passou para o núcleo duro carolíngio do projeto europeu, para os países centrais da Declaração Schuman. Em segundo lugar, a crise que era capturada por um discurso dominantemente económico e financeiro vai agora traduzir-se numa linguagem política sobre o poder, os direitos, as instituições. Até que ponto é que o governo da chanceler Merkel percebe a mensagem que lhe está a ser enviada pelos novos e bizarros bárbaros do Ocidente? Será que ela perceberá que se persistir na atual "Europa alemã", baseada na austeridade, irá acelerar a destruição da própria ideia da unidade europeia, por muitos e dolorosos anos? Não basta dizer que importa criar emprego. É preciso rasgar o império do Tratado Orçamental, com o seu calendário de destruição económica e sofrimento social, sob pena de enlouquecer os europeus com o velho vírus da doença autoimune que, se não for combatido, acabará por incendiar a Europa."
Com os resultados das eleições autárquicas do passado dia 3 de maio, em que os resultados lhe sorriram de feição, tenho obtido ganhos impressionantes, o líder do UKIP posicionou-se de forma muito séria para o nº 10 de Downing Street, a ponto de os seus concorrentes conservadores e trabalhistas quererem já excluí-lo dos debates que irão ter lugar. Veja-se aqui os resultados:
Labour 29%, Conservatives 25%, UKIP 23%, the Liberal Democrats 14%.
Análise - Foi o resultado mais baixo dos Conservadores desde 1982 e dos Liberal Democratas desde a sua fundação. Foi também a primeira vez que nenhum dos referidos três partidos alcançou 30% ou mais dos votos.
Se as eleições legislativas tivessem lugar hoje, as projecções apontariam para os seguintes resultados nacionais:
Labour 29%, Conservatives 26%, UKIP 22%, Liberal Democrats 13%.
Com a curta distância que separa os partidos em causa, Nigel Farage tem razões para sorrir. Nunca um partido no Reino Unido cresceu tanto desde a IIª Grande Guerra como o UKIP.
O UKIP ficou em 2º lugar e derrotou o Partido Conservador de Cameron nas eleições de 1 de Março na circunscrição de Eastleigh, naquela que foi a continuação da enorme subida eleitoral (+24.20%) do partido de Nigel Farage e que culminará, supõe-se, com um muito expressivo resultado nas eleições para o Parlamento Europeu do ano que vem.
Uma das melhores intervenções de Nigel Farage. E repare-se na reacção da eurodeputada dos Verdes quando Farage diz (com toda a razão) que se existe paz na Europa desde 1945 isso se deve à NATO, não à UE.
No decorrer da UKIP 2012 Conference o líder do UKIP denunciou os planos para transformar, a curto prazo, a União Europeia num Estado Federal.
Reparem bem no ar embaraçado de Barroso e dos seus colegas da Comissão. Reparem ainda melhor no conhecido alemão careca, de barbas e óculos que esfrega incomodamente o respectivo traseiro no cadeirão.
No Parlamento Europeu, não temos um único conviva português que nos convenha. Um único!