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Nomeado a 11 de Março, sendo uma boa forma de Duarte Cordeiro dizer à sociedade portuguesa: "Estou-me ca*ando para a polémica das nomeações". Aliás, ao afirmar que "Nenhuma relação familiar pesou na minha escolha", demonstra o que continua a ser a falta de ética do PS nesta questão, pois seriam precisamente as relações familiares que deveriam afastar quaisquer possibilidades de nomeações. Explicava Montesquieu que "todo o homem que tem poder é levado a abusar dele” indo até onde encontra limites. Já se percebeu que não há limites, checks and balances, no sistema político português a este respeito. Agora ficamos a saber que já nem a vergonha constitui limite para os socialistas, comportando-se ostensivamente como donos do regime. Ora, como aprendi com um dos meus mestres, nós inventámos a política para deixarmos de ter um dono, um dominus ou pater. Quando se governa a polis como o pater domina a casa, a oikos ou domus, não estamos no domínio da democracia, mas sim do paternalismo e do despotismo. Por mais tergiversações e justificações que utilizem, nada disfarça a falta de ética e de vergonha do PS e os seus tiques de pendor autoritário.
Vamos lá ver se a gente se entende. A gente?!!! Não. Vamos ver se eles se entendem. Então não era o Bloco de Esquerda, armado em associação de defesa dos interesses da nação, que tinha mandado a Troika àquele lugar. Não tinha sido a Catarina Martins, as irmãs Mortágua e a colega Matias, a mandar o gang (Wolf) do Schäuble ir dar uma volta. O que se passa, Jesus? (resquícios do cartaz, perdoem-me). Queriam um concurso público internacional (repito, estrangeiro) para nomear um novo chefe no Centro Cultural de Belém? Pois. E pois outra vez. Já não percebo nada. Ou se calhar percebo. As moças estão cheias de razão. Não é assim que se faz a coisa. Manda-se um para a lama e encomenda-se um Somaeseguevielle, assim sem mais nem menos? Só não concordo com o seguinte. O BSE (BS...do americano, para rimar com Trump, Bullshit) acha mal um projecto que envolva parceiros privados na zona de intervenção de Belém? Porquê? As construções governativas são para que servir que clientelas? Não serão para servir o público? Ou será que ao passar alguns equipamentos e competências para a esfera privada deixa de haver poleiros para os amigos como aquele do João Soares? Como podem ver, isto não faz muito sentido. Ou pelo menos uma metade não faz. Ah!! Já estou a ver. Mas chegam tarde, muito tarde. Varoufakis já foi contratado por Corbin da Silva. Agora amanhem-se. Pelo menos o director da galeria Berardo tem nome que soa a estrangeiro. Deveria chegar.
João Soares nunca deixará de ser filho do antigo Presidente da República Mário Soares, e este nunca deixará de ser pai do antigo Presidente de Câmara. Esse grau de parentesco político deveria ter implicações éticas e condicionar a ocupação de certos cargos. Parece-me uma asneirada, e uma falta de bom senso, que João Soares faça parte da comissão designada para fiscalizar as "secretas". Vamos supôr que amanhã há razões de Estado que obrigam a rever factos que envolvem Mário Soares. Será que estaremos na presença de níveis de imparcialidade suficientes? Ou teremos mais um caso que corre em sentido contrário ao princípio democrático de idoneidade? No meu entender, e na condição de mero passante, acho que deveriam ter tido um pouco mais de bom senso. Por outro lado, a integração de João Soares na entidade que fiscaliza as secretas, poderá ser entendida como uma medida preventiva. Não vá o diabo tecê-las, mesmo que baixinho. Será que ainda não perceberam, depois de tantos anos a pisar o risco, que não deixam de ser ligações perigosas, por mais inocentes que sejam os visados? São estas soluções políticas que danificam ainda mais um acervo governativo severamente amolgado por tantos acidentes de percurso, de discurso. Tudo isto tem contornos de trágico e caricato. E estamos a falar de duas gerações. Qualquer dia teremos um neto na comissão de ética a invocar grandiosos princípios, o legado de fundadores e reformistas. Seria bom que tivessem juízo. E se não o têm, é melhor ficarem quietinhos.