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Segundo consta, os foliões companheiros de clube de Manuel Alegre, pretendem coagir preventivamente o calendário das próximas eleições iegislativas, enviando um sério aviso à actual direcção socrática. Ameaçam lançar um novo partido que denominar-se-á Nova Esquerda, não querendo "ver perdido o capital de esperança" que a candidatura presidencial de Alegre significou. Precisamente, a palavra exacta deste imbróglio, é... capital, no sentido marxista do termo! Não se prevendo cedências a manifestações saudosistas e exteriores à férrea fidelidade ao actual secretário-geral, surgem aqueles que hoje ameaçados de exclusão das listas PS ao Parlamento, encontram assim um meio de perturbar o anunciado cerrar de fileiras que o primeiro-ministro corneteou. Estamos a ver a coisa: os conhecidos homens bons, amigos dos seus amigos, de frescas ideias, abertos à inovação propalada ainda há tão pouco tempo no Das Kapital, as companheiras, os companheiros, os voluntários da solidariedade e claro está, aqueles que sacrificam uma vida inteira, vivendo do rendoso pensar em outrem. É este o verdadeiro "capital" alegre, resumindo-se a uma mera questão gastronómica, ou melhor, de uma outra forma de conjugar o verbo enfardar.
Estamos a regressar ao período áureo dos movimentos "de esquerda" que pulularam como percevejos em enxerga podre logo após o 25 de Abril. Havia-os para todos os gostos e discutia-se fundamentalmente a importância da foice e do martelo estarem voltadas para a esquerda (PC) ou direita (LCI) da estrela ser cheia (PCP-ML, PRP-BR, MES, FSP, UEDS, PC de P, AOC) ou vazia (PC), da foice e martelo ostentarem uma bandeira vermelha (UDP) ou estarem inscritas no centro de uma estrela amarela (FEC-ML), etc, etc e etc. Dois deles, o PS e a FSP exibiam punhos e esta última, dirigida por Manuel Serra - o "Manecas das Intentas" - até sugeria algo de gratificante mas publicamente indecente. Em conclusão, coisas importantes que não deixavam os revolucionários descansar na labuta dinamizadora e salvadora do porvir do proletariado.
Hoje, esta Nova Esquerda vai apresentar-se com novidades tão raras como um maior controlo do Estado sobre a economia, uma fiscalidade mais exigente (1), uma verdadeira política cultural (2), uma total abertura ao multiculturalismo (3), a liberalização do código penal (4) e outras medidas tão urgentes e inéditas quanto estas.
O arauto da Nova Esquerda diz ainda pretender mudar o sistema político, preenchendo o "buraco negro" existente no dito cujo. Deve certamente querer referir-se ao buraco terminal do sistema digestivo em que a 3ª república - imitando as duas anteriores - se transformou.
Fazem ainda um apelo à recolha de 5.000 assinaturas necessárias à legalização do partido. Contem com a minha, porque aficcionado das "mais amplas liberdades", defendo o princípio de quantos mais, melhor. A verdadeira e importante questão é saber se surgirão com uma estrela aberta ou fechada. Pode até ser um buraco aberto ou fechado...
(1) Lá vem a palavra de ordem "os ricos que paguem a crise!" Os tais ricos dos 750 Euros/mês, claro.
(2) Lá vêm novamente os friends - ou mais propriamente, les amis - ocupar em exclusividade os palheiros adstritos às funções intelectualizantes, algures nas granjas colectivas das fundações, universidades bibliotecas e EP's.
(3) Lá vêm os privilegiados contactos com os povos irmãozinhos da Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Cuba, Coreia do Norte e porque não?!, do Irão. Com muita cantoria de intervenção subsidiada, ora essa!
(4) Lá vêm mais medidas protectoras das "vítimas da sociedade da decadente opressão do capitalismo neo-liberal", obrigadas a assaltar, traficar e a protegerem-se da "violência" policial.
Nota: o proclamado inspirador desta velha Nova Esquerda, deverá indisponibilizar-se para mais este trabalho de Hércules, até porque matreira, a direcção do PS já terá manifestado as necessárias garantias quanto à necessária e quotidiana ração calórica a conceder ao rebelde bardo.