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Bimby do estado da nação

por John Wolf, em 27.12.13

Ouvi bem? Ou terei cera nos ouvidos? - A Câmara Municipal de Lisboa pede aos digníssimos moradores o favor de guardar o lixo nas suas casas. Será que estão doidos? Conseguem imaginar o que será armazenar os sacos de lixo na sala de estar, na banheira, ou debaixo do divã, durante quase uma semana. Estamos a falar de uma greve que tem data prevista para terminar no dia 5 de Janeiro de 2014. É no mínimo curioso que os responsáveis políticos, assim como os parceiros do turismo de Portugal, estejam mais preocupados com a péssima imagem que os visitantes estrangeiros levam para os seus países, directamente da Praça do Comércio, do que com as questões de saúde pública que irão afligir os residentes da capital. Mais uma vez as prioridades estão invertidas, e, aproveito a ocasião, para fazer uma pequena referência à Bimby. Esta contribui ou não para a geração de ainda mais lixo? Ou será que é uma ferramenta ecológica? Pode e deve servir enquanto imagem de rigor e eficiência, como bandeira de um partido político? Como podem ver, não sei se foi o Natal que me deu a volta à cabeça, ou se é o Ano Novo que aí vem, mas esta caldeirada de temas e ecopontos, gera, no mínimo, náuseas e vómitos. Sugiro máscaras "à japonesa" para os maus odores, e já agora uma venda de burro, para não ferirmos ainda mais a vista com a novela sórdida em que se reciclou Portugal. Porque o resto, como o serviço mínimo de dignidade, há muito que foi pelo cano. 

publicado às 16:11

A dessintonia de Paulo Portas

por João Pinto Bastos, em 03.07.13

1) O dia de hoje foi bastante estranho. A boataria correu infrene por todas as redacções, e meia "Lesboa" ficou assanhada com o prospecto de um Governo no charco. Entretanto, no meio de tanta confusão, a Bolsa caiu abruptamente, e os juros voltaram a disparar. Há quem tenha falado num momento "Lehman". Com tanta desgraça à nossa volta, vê-se que ainda sobra algum humor na indústria comentadeira. Ao início da noite, para rematar a nervoseira de meio país, investidores incluídos, o CDS anunciou, pela boca de Luís Queiró, que Paulo Portas foi mandatado para renegociar a coligação com Passos Coelho. Vivemos, de facto, tempos muito estranhos.

 

2) A procissão ainda vai no adro, mas se nos ativermos ao papel que Paulo Portas teve no espoletar desta crise, parece-me mais do que evidente que o líder do CDS cometeu um erro de palmatória. Em primeiro lugar, o timing escolhido dispensa quaisquer comentários. Na verdade, com a oitava avaliação do programa de resgate prestes a começar, e, num momento em que a crise económica se avoluma a olhos vistos, nada fazia indicar que Portas fechasse os canais de diálogo com Passos. Foi um erro, e, como escrevi aqui, teria sido preferível optar pela via da hipocrisia útil. Colocar um país à beira do colapso, sobretudo quando os canais normais de financiamento da dívida pública se encontram encerrados, é uma loucura que se paga caro.

 

3) Paulo Portas demitiu-se depois de ter aceite a nomeação, e respectiva tomada de posse, de um secretário de Estado indicado pelo CDS, sendo que, pelo menos a julgar pelas informações vindas a público, não comunicou previamente aos seus pares as suas pretensões quanto ao futuro do CDS no Governo. Mais: Portas sabia que a sua demissão colocaria em risco o Governo. Ou seja, demite-se e não comunica ao partido? Em que estado ficam, então, as relações políticas e institucionais no seio do Governo? Para lá destas questões, há uma perguntinha, que não é de somenos, que tem, obrigatoriamente, de ser feita: porque é que o país foi colocado em suspenso se a intenção final era a renegociação da coligação? Era necessário tanto espectáculo? Sinceramente, é difícil descortinar o porquê desta conduta ziguezagueante. 

 

4) Dito isto, não posso deixar de manifestar a minha total discordância com alguns dos meus convivas de blogue. Não concordo minimamente com a saída de Paulo Portas da liderança do partido. É certo que a moção apresentada pelo líder do CDS quedou-se, face aos últimos acontecimentos, completamente desactualizada. É verdade, também, que Portas não é o único candidato à liderança do partido, e, como fiz questão de sublinhar nas linhas anteriores, a sua conduta, dúbia e incoerente, não abona em nada ao seu curriculum passado de animal político. Porém, neste momento, não me parece de todo avisado pensar numa alteração da liderança do partido. Mais: continuo a crer que Portas, com ou sem erros, continua a ser a figura melhor avalizada para liderar o partido. O Congresso será um momento particularmente oportuno para aferir das reais intenções de Paulo Portas. Na liderança ou fora dela, Portas é, e continuará a ser, uma figura marcante da cena política portuguesa. Goste-se ou não, o líder do CDS e ex-MNE é uma personalidade indispensável no arranjo político do Portugal pós-troika.

 

5) Lamento que muita gente tenha incidido exclusivamente na conduta de Portas, ilibando o comportamento errático, fraco e ignorante de Passos Coelho. Reitero o que disse aqui: Passos é o culpado número um desta crise. Destratou repetidamente o CDS, e desprezou todas as propostas vindas do partido. Mais: sempre que pôde, Passos quebrou em estilhaços o espírito de cooperação essencial a qualquer acordo coligatório. Por mais que se tente tapar o sol com a peneira, Passos demonstrou, se dúvidas existissem, que não tem a menor fibra intelectual e política para liderar o Governo de Portugal.

publicado às 22:44






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