por Nuno Castelo-Branco, em 26.05.09

O recente teste nuclear - com a correspondente interligação balística - triunfalmente anunciado pelo regime norte-coreano, deve ser levado de forma séria e responsável pela comunidade internacional. Mesmo a Rússia asiática, que claramente se encontra ao alcance dos mísseis de Kim jong-Il, reagiu prontamente a esta inegável manifestação de força que aparentemente frisa a vontade do regime coreano em manter-se imutável no seu zuchismo estalinista. Nem sequer procurando emular o exemplo de abertura económica chinesa, Pyong-Yang cerrou fileiras em torno da complexa oligarquia político-militar que despoticamente governa o país há mais de meio século, mas ainda pior que a manutenção da implacável disciplina interna - à custa de uma dificilmente imaginável repressão e generalizada miséria da população - , manifesta uma directa intenção de coagir todos os seus vizinhos, entre os quais a Coreia do Sul e o Japão surgem como os mais próximos aliados ocidentais na região. A ameaça é directamente dirigida a estas duas potências, dado o facto destes mísseis balísticos possuírem apenas um alcance intermédio, sendo por ora incapazes de atingir directamente o território dos EUA.
A partir deste momento, será extraordinariamente tomar qualquer tipo de atitude de força perante os zuchistas, pois a arma final serve de escudo a um regime capaz de a utilizar em nome da mitologia ideológica que lhe serve de esteio. Acresça-se a este episódio, o inquietante sistema de colaboração militar entre os norte-coreanos e o Irão, para deparamos com uma ameaça clara - desta vez verdadeira, bem armada e sem confusão possível com uma alegada retórica belicista ocidental -, à qual o ocidente - Rússia incluída - deverá dar pronta resposta.
Aguarda-se com expectativa, a já previsível reacção da administração de Obama, que uma vez mais e confirmando o estatuto dos EUA no mundo, não poderá divergir muito daquela que seria própria de Bush, Clinton ou Reagan.