por Cristina Ribeiro, em 06.08.13
« Chamai-me, que eu de Abril nas auras voltarei / Quando a Acácia do Jorge inda uma vez inflore... »
Camilo Castelo Branco
CAMILO! como acreditar, como hei-de
entender esses versos que deixaste?
Floriu a Acácia em S. Miguel de Seide,
cada ano te espera - e não voltaste!
Já tantas vezes deu a sombra amiga
que tu gostavas tanto de gozar...
Florida, tem um ar de festa antiga
na esperança de te ver voltar!
Voltar? A velha árvore que canse!
Por fim há-de ruir numa amargura!
- Preparas um último romance?
Suprema indiscrição! Génio e loucura!
Dolorosa novela desmanchada,
que nos deixe pálidos e absortos,
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Oh Acácia! é já tempo: desesperas?
Não te ponhas florida, põe-te aos ais!...
Nunca mais voltará esse que esperas...
Ouves bem este horror? Jamais! Jamais!
E os versos dele, onde a saudade existe,
que à despedida te gritou também
ah! não são mais que uma mentira triste
como tudo, afinal, que nos faz bem.
Poetas, perguntai ao pensamento
que mais quimeras e desgraças forje?
Antes te seque um raio, ou parta o vento,
oh Acácia do Jorge!...
Afonso Lopes Vieira ( Boletim da Casa de Camilo )