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Contratação de luxo do Estado Sentido - o Corcunda

por Samuel de Paiva Pires, em 13.10.11

Caríssimos leitores e amigos, é com grande prazer que anuncio a mais recente contratação do Estado Sentido, o Corcunda. Figura ímpar da blogosfera nacional que nos presenteou com as suas sublimes reflexões no Pasquim da Reacção, espaço que manteve desde 2004 até há cerca de um ano, o Corcunda dispensa longas apresentações. É para mim uma honra que tenha aceite o convite que em boa hora lhe enderecei. Tenho a certeza que a blogosfera se regozijará com o regresso de uma das suas mais eloquentes penas, que é também, sem dúvida, um dos melhores filósofos políticos portugueses. Bem-vindo, caríssimo!

publicado às 00:17

Bem a propósito

por Samuel de Paiva Pires, em 29.04.09

Do facciosismo dogmático comunista com que Odete Santos presentou a comunidade ISCSPiana em duas sessões no espaço de meia dúzia de dias, um excelente texto, já de há alguns dias atrás, do caríssimo Corcunda:

 

 

"Uma das maiores demonstrações de impotência da Esquerda é a forma como vê os seus adversários. O “fáchismo” que descrevem nos seus oponentes é uma visão infantil do que foi o Fascismo na realidade, com toda a sua moral popular, estatista, restruturadora, centralizadora. Para a Esquerda, o “fáchista” é aquele que defende um conjunto de normas que não vêm da soberania popular, que não se submete ao papel instrumental da racionalidade como forma de elevar a Humanidade ao papel de realidade transcendente, que rejeita que o objectivo da vida humana seja a criação de uma sociedade em que se cumpre a panaceia do indivíduo (em que este ultrapassa a escassez e vive como Deus no seu universo particular). É evidente que os fascistas não partilhavam esse credo, mas a infantilidade mental que preside a esta dicotomia é apenas um reflexo de visões simples do mundo que reflectem a forma populista da esquerda de contemporânea.
A forma como Hitler é descrito como um inimigo da razão esclarecida (um contra-iluminista, portanto), um mero caso clínico de loucura ou um defensor do preconceito social populista (que a Esquerda veio destruir) é apenas uma forma de varrer para baixo do tapete os problemas levantados pelo paradigma moderno de que Hitler foi consequência lógica.
Afirmar que o problema de Hitler se encontra no seu desprezo pela Razão é apenas o primeiro acto da paródia. É verdade que Hitler foi um crítico da razão iluminista enquanto forma de ordenar a comunidade política. Mas também o foram Rousseau, Nietzsche ou Sartre. Não se consegue vislumbrar de que forma é que o anti-racionalismo de Nietzsche, que se encontra tão em voga nesta época pós-moderna, pode ser a causa de uma mal tão grande e de tantas bençãos (Foucault, Deleuze, etc.). E quem mais do que Hitler, transformou as ciências numa forma de religiosidade política, forçando nas descrições científicas as distinções que a necessidade política forçava? O segundo acto está montado. A diferença entre o mau e os bons está na forma como os segundos fazem uso dessa racionalidade. Os maus matam pela raça, os bons pela classe social. Sartre, santificado na Europa Ocidental, afirmava o seu pacifismo enquanto defendia os campos de concentração onde se empilhavam inimigos do povo. Estaline, o maior assassino da História, era um santo que fazia o mundo adequar-se ao sonho de Marx. A diferença entre o populismo de uns (do povo, com toda a fúria socialista) e o que é dirigido a outros (a pequena burguesia, com todo o seu ódio racial) é, para o Esquerdista, toda a diferença do mundo. Mas qual é a diferença real, ou o critério para avaliar a diferença entre os preconceitos de Robespierre ou Marx, a necessidade do Terror e da destruição física e social da burguesia ou da nobreza e ou de um outro qualquer povo?
É curioso que num mundo obcecado com os campos de concentração, a abertura ao Leste tenha vindo com a total incorporação da máquina estatal comunista. Sem culpados, sem crimes, sem dias da memória histórica...
Estão nos a preparar para o quê?
"

publicado às 23:55

A ler

por Samuel de Paiva Pires, em 10.12.08

Mais uma vez, um dos meus bloguistas favoritos, O Corcunda, que pela erudição, classe, elegância e clareza na escrita se nos apresenta como uma das penas de maior qualidade em Portugal:


O profundo autismo em que a Teoria Política da actualidade vive, repleto de axiomas igualitários (a filosofia da inveja) e libertários (a filosofia do egoísmo) que vêm de vícios universalizados sem qualquer critério, é apenas um reflexo dessa loucura da separação da discussão sobre o Bem e a Virtude. Ao pressupor um desejo de igualdade ou de liberdade que não é passível de ser discutido em termos racionais e inserido numa reflexão sobre as finalidades humanas, mas com base em perspectivas e desejos que são reflexo de perspectivas individuais.

 

Destaco o axioma da igualdade, que na prática nada mais é do que aquilo que o próprio Corcunda diz, a filosofia da inveja, post que, tal como referi em debate hoje na faculdade e como por diversas vezes escrevi (aqui por exemplo), o conceito de igualdade é uma falácia tal como o próprio Rousseau demonstrou ao estatuir que o conceito de sociedade implica necessariamente desigualdade e, aliás, que a desigualdade é o motor da sociedade. É de facto uma pena que a própria Teoria Política se deixe enredar pelo politicamente correcto. Ai de quem não diga que é pela igualdade, pela democracia, pela república. Mesmo que na prática a teoria seja outra e que os mesmos acérrimos promotores desses alegados ideais sejam os mesmos que mais agravam a desigualdade e a oligarquia dos interesses instalados e prejudiciais do bem comum e do interesse nacional.

publicado às 00:06

A ler

por Samuel de Paiva Pires, em 29.11.08

O Corcunda, desta feita no Portugal Contemporâneo, sobre o erro do liberalismo:

 

O Liberalismo tinha como pretensão a construção de uma ordem político-moral meramente humana e racional, originada da participação individual (democrática) e em que os pressupostos da vida social, cristalizados na expressão arbitrária “Direitos Humanos” (uma corruptela das prioridades políticas do Cristianismo) são defendidos de forma instantânea e benevolente pelos cidadãos. Milenarismo no seu melhor.
O resultado de tudo isto foi uma sociedade em que a racionalidade não tem uso (a maioria é o argumento último da política, ou o a verdade é remetida para o reduto da opinião), em que os valores são meros reflexos do poder dominante, e por isso inquestionáveis (quem já tentou escrever alguma coisa contra os Direitos Humanos sabe do que falo...) e em que a única concórdia se faz pela submissão cega ao Poder, que comporta a repressão de todos os outros.
É evidente que a neutralidade liberal, que tinha como objectivo encontrar o ponto objectivo que permitiria estabelecer uma nova justiça, não passa de mais uma proposta tão subjectiva como qualquer outra que tenha mera origem humana. Esta liberdade autonómica permanece repleta de significados metafísicos, sem os quais uma escolha entre liberdade, segurança, igualdade ou justiça é impossível.
Um falhanço monumental.

publicado às 00:42






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