Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Sartre, no prefácio a O Estrangeiro, de Camus:
"Certo é que o absurdo não está no homem nem no mundo, se os tomamos separadamente; mas, como é o carácter essencial do homem o «estar-no-mundo», o absurdo é, em suma, unitário com a condição humana. Por isso não é, em primeiro lugar, o objecto de uma simples noção: é uma iluminação desolada que no-lo revela. «Os gestos de levantar, carro eléctrico, quatro horas de escritório ou de fábrica, refeição, carro eléctrico, quatro horas de trabalho, refeição, sono, e segunda-feira, terça, quarta, quinta, sexta, sábado, no mesmo ritmo…» (Camus, O Mito de Sísifo), e depois, de repente, os cenários desabam e acedemos a uma lucidez sem esperança. Então, se sabemos recusar o socorro enganador das religiões ou das filosofias da existência, temos algumas evidências essenciais: o mundo é um caos, uma «divina equivalência que nasce da anarquia»; - não há amanhã, visto que se morre."