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Ainda que esteja assoberbado de trabalho, tenho sempre tempo para fazer notar que um bronco idiota é sempre um bronco idiota. Embora, de facto, não se possa esperar nada de um iliterato que mal sabe pensar e escreve com os pés. Como pedir que volte para a caverna de onde nunca deveria ter saído talvez seja pedir muito, então que ao menos continue a divertir-nos com a sua estupidez.
Esta lista é interessante, tem origem numa lista d' O Insurgente, mas reparei agora que nesta consta um Observatório do centro de pensamento de política internacional (n.º 57). Ou muito me engano, ou tratar-se-á de um núcleo de estudantes que existiu em tempos no ISCSP - já agora, era Observatório - Centro de Pensamento de Política Internacional, não um Observatório do respectivo centro. E eu sei isto porque fui o seu último presidente, tendo tomado a iniciativa de propor a sua extinção à Assembleia Geral, no ano lectivo de 2006/2007. Posso estar enganado, mas não encontro qualquer outra referência com este nome, pelo que talvez fosse bom começarem a ter algum cuidado com a elaboração destas listas, sob pena de existirem mais casos como este.
Margarida Bentes Penedo, Duas palavrinhas mais agitadas:
«Que me desculpem os meus amigos d'O Insurgente, mas não me apetece deixar passar.
A propósito de um grupo de reformados que hoje, durante a manifestação, vestiam camisolas a dizer "Nós não somos responsáveis", Rui Carmo comenta:
"Obrigado. Foi também pela inimputabilidade e pelo constante que se lixem as gerações futuras que chegámos aqui."
Este post é vil. Até pelo fundo de verdade que contém (como é costume acontecer com as mentiras mais eficazes).
Eu gostava que o Rui Carmo me informasse onde estavam "os jovens" mais "responsáveis". Aqueles que protestaram contra as mordomias que foram oferecidas aos empregados da função pública. E contra a Expo 98, e o Euro 2004, e as passagens de ano praticamente administrativas. E as internets "gratuitas", e os Magalhães, e as "festas das cidades". E a Fundações constituidas para os besuntarem, a eles e aos pais deles, com as "culturas", e as exposições, os concertos rock, e os "ateliers" das mais variadas "artes" a fim de lhes comprarem os votos ou (na pior das hipóteses) a indiferença. E os "investimentos" e as políticas "expansionistas" de Cavaco, de Guterres, de Barroso, de Sócrates e de toda a espécie de criadores de "um homem novo". Que permitiu, aos pais e aos avós desses "responsáveis" jovens, pagarem-lhes as contas dos iPhones, dos campismos, dos jogos de vídeo, das patuscadas, dos "doutoramentos", e das várias "emancipações" que eles escolheram viver - numa ignorância tão escura que não lhes permitiu sequer darem-se conta da sua dimensão.
Os velhos não costumam estar apetrechados com saúde, vagar, e vitalidade para se organizar em manifestações. São por isso um alvo fácil para cobardes, que lhes inflingem dano sem se arrepiarem.
Os velhos também não costumam passar cartão às boçalidades irrelevantes que se escrevem na blogosfera.
Mas estou cá eu. Que sinto gozo em oferecer umas perspectivas a certo tipo de putos, charilas e malcriados, com vontade de apresentar serviço.
Guardo as tolerâncias para os meus adversários; afinal, eles é que têm de viver dentro daquelas convicções que considero enlouquecidas. E gasto o rigor nas pessoas "da minha área". Porque ser lúcido inclui a ponderação necessária para, quando se analisa um problema, tentar vê-lo de todos os ângulos. A começar pelo ângulo dos envolvidos. Caso contrário, sofre-se de uma maluqueira de módulo igual e outro sinal qualquer.»
Durante este mês de Agosto, todos os dias sai um artigo de um Insurgente no Diário Económico. Até agora foram publicados os seguintes:
Desamparados, Bruno Alves
Saúde Doente, Miguel Botelho Moniz
Avaliação e Liberdades, André Azevedo Alves
(em actualização ao longo do mês)
Ricardo Lima: "Portugal é uma sessão de espiritismo de cadáveres políticos."
Ler isto primeiro, e depois o André Azevedo Alves, Um verdadeiro espírito livre (2):
"O Rodrigo Moita de Deus sente-se, compreensivelmente, pressionado, mas da minha parte não tem nada a temer. Lido com blogues e bloggers há quase uma década. Se fosse pessoa para fazer o que o Rodrigo Moita de Deus teme, já todos – até o próprio o Rodrigo Moita de Deus – teriam dado por isso."
No seguimento do debate iniciado pelo meu post que inspirou o Filipe Faria a escrever um excelente artigo, Democracia, "Common Law" e a Broken "Britain", ao qual procurei responder e complementar com o post intitulado Hayek, PJ Harvey e a Broken Britain, e no qual lancei o desafio ao meu caro amigo Filipe de envidar esforços para nos ajudar a compreender o papel da Escola de Frankfurt na fragmentação da identidade britânica, eis que o mesmo nos presenteou com um excelente artigo, de leitura indispensável e fortemente aconselhada, intitulado A Tábua Rasa, A Escola de Frankfurt e a "Broken Britain".
(Sugestão musical para acompanhar a leitura deste texto)
Inspirado pelo meu post, o Filipe Faria escreveu um excelente texto, cuja leitura é indispensável, em que ele, como bom português à solta, observando directamente a realidade britânica contemporânea, onde o multiculturalismo coloca em risco as tradições culturais e políticas da Inglaterra, nos revela, entre várias ideias, esta: "Conhecendo bem a realidade de ambos os países, neste momento arrisco dizer que Portugal usufrui de uma maior liberdade de expressão."
Neste texto, o Filipe coloca em causa a defesa da democracia por Hayek, que se insere na tradição anglo-saxónica do liberalismo clássico, como forma de limitar o governo, consubstanciada na observação que faz do que se passa no Reino Unido. Mas Hayek estava alerta para os perigos advindos da miragem da justiça social (e do alargamento dos poderes do estado ao abrigo deste, como fiz notar no ponto 4 do meu post "Equívocos a respeito do liberalismo"), das coligações de interesses organizados que negoceiam com e sustentam os partidos políticos, e do positivismo legalista - que confunde a lei (Direito Natural) com legislação, em detrimento da primeira -, cujos efeitos combinados denomina por perversão democrática.
Assim como estão vários autores britânicos, como John Gray e Roger Scruton, que entre o liberalismo e o conservadorismo, com destaque para a inspiração em Hayek e Oakeshott, alertam para os perigos destas acepções modernas. Permitindo-me fazer corresponder a ordem espontânea de Hayek à civil association de Oakeshott, e a ordem de organização à enterprise association, e sabendo que os elementos dos dois tipos de ordem ou de associação se misturam na prática, podendo ser encontrados em vários estados, torna-se útil salientar que para Oakeshott a civil association não necessita de ser culturalmente homogénea mas apenas respeitar a lei acima da identidade cultural, ou seja, a comunidade deverá fundamentar-se no respeito a princípios abstractos e formais. Acontece que, segundo Gray, esta acepção kantiana é profundamente questionável e um calcanhar de Aquiles para o liberalismo e para o conservadorismo. A História recente mostra como é difícil que o estado sustente a sua autoridade apenas sob concepções de lei formais, abstractas e processuais, que assim se torna fragmentada e fraca. Esta ideia surgiu numa altura em que a identidade cultural era dada como garantida, quer por Kant quer pelos Founding Fathers americanos, sendo a identidade em causa a da Cristandade Europeia. Com o Iluminismo francês, a Revolução Francesa e a fragmentação desta identidade, tornou-se mais fraca a autoridade do estado com base em concepções abstractas (veja-se precisamente o caso do Reino Unido, com comunidades muçulmanas que desafiam constantemente o estado e rejeitam as normas tácitas de tolerância características dos britânicos, ou ainda o caso dos EUA, em que uma horda de minorias vai progressivamente tornando o estado cativo, tendo apenas o legalismo a uni-las)[1]. Roger Scruton assinala esta fraqueza e os seus reflexos práticos sob a denominação de falácia da agregação, em que dando o exemplo do Reino Unido evidencia como o multiculturalismo e o Estado Social se combinam de uma forma que é potencialmente destrutiva para a comunidade[2]. E também Hayek faz notar que a modernidade produziu um enquadramento que é altamente destrutivo das tradições intelectuais e morais europeias, que através do racionalismo construtivista e do relativismo produz morais inviáveis, ou seja, sistemas de pensamento moral incapazes de sustentar qualquer ordem social estável, que através de teorizações sociológicas contemporâneas e da corrupção da arquitectura e das artes (como Scruton e Gray demonstram) criam um clima cultural que é profundamente hostil à tradição e também à sua própria existência. Confrontamo-nos, assim, com uma cultura que tem ódio à sua própria identidade, tornando-se, em larga medida, efémera e provisória.[3]
Inspirados pelo Projecto Iluminista, os autores modernos e pós-modernos desenvolveram um caos moral, em que o abuso da razão, o objectivismo e o relativismo criaram um ambiente cultural, social e intelectual que é inimigo da tradição. Ao proporem ancorar a moralidade no racionalismo, o positivismo, o cientismo, o historicismo e o cepticismo conduziram naturalmente ao niilismo, construtivismo e planeamento social, e, consequentemente, ao utilitarismo e emotivismo. A rejeição de qualquer tipo de instituição ou código de comportamento que não seja racionalmente justificado parece ser uma característica distintiva da modernidade[4], o que talvez possa ajudar a explicar o que se passa no Reino Unido, já que os costumes britânicos são completamente postos em causa por este quadro.
Por outro lado, esta discussão relembrou-me um texto que escrevi por altura dos motins em Inglaterra em Agosto de 2011, e de várias discussões que surgiram na blogosfera sobre estes, em que às tantas o Bruno Garschagen colocou uma hipótese que me parece particularmente útil recuperar, e que vai no sentido do pensamento de Scruton a que aludi acima: Os criminosos de Londres são filhos do Welfare State e do multiculturalismo? Não se encontrará aqui também parte da explicação para o que se passa em Inglaterra? E mais, daqui lanço o repto ao caríssimo Filipe, caso ache(s) por bem, de elaborar(es) sobre algo que conhece(s) muito bem (ao contrário de mim), a Escola de Frankfurt, que em larga medida se faz sentir na academia britânica, e de nos ajudar(es) a perceber se e de que forma as ideias desta não são também em grande parte responsáveis por este ambiente.
Só para finalizar, quanto a Hayek, este propôs uma reforma das instituições democráticas em Law, Legislation and Liberty. Para além de demonstrar a vacuidade do conceito de justiça social, para tentar recuperar e/ou evitar a confusão entre lei e legislação e os efeitos nefastos do positivismo legalista, propõe que os parlamentos sejam compostos por duas câmaras, em que uma trataria da lei (as regras de justa conduta da ordem espontânea, descobertas e em linha com a opinião pública), e outra da legislação (correspondente aos comandos específicos da ordem de organização, ou seja, à noção de vontade), o que seria complementado por um Tribunal Constitucional que teria como missão evitar a confusão entre lei e legislação, para que as duas assembleias não entrem em conflito relativamente às suas respectivas competências. Até que ponto isto será praticável, não sei. Mas fica a sugestão.
[1] John Gray, “Oakeshott as a liberal”, in John Gray, Gray’s Anatomy, Londres, Penguin Books, 2009, pp. 83-84.
[2] Roger Scruton, As Vantagens do Pessismismo, Lisboa, Quetzal, 2011, pp. 151-163.
[3] John Gray, “Hayek as a Conservative”, in John Gray, Gray’s Anatomy, op. cit., p. 131.
[4] Edward Feser, “Hayek on Tradition”, in Journal of Libertarian Studies, Vol. 17, No. 1, 2003, p. 17.
Há 7 anos a combater o socialismo em Portugal. Da nossa parte, como muy humilde oferenda blogosférica, fica em destaque na barra lateral.
Normalmente, em debates com pessoas minimamente inteligentes e racionais, deve-se evitar brandir a acusação de "demagogo". A mais das vezes, significa que quem o profere perdeu o debate, passando a tentar desqualificar intelectual e mentalmente o adversário. É por isso que faz já várias semanas que Manuel Castelo-Branco perdeu o debate sobre a privatização da RTP, quando deixou de ter argumentos para contrariar os dos Blasfemos. Recomenda-se ainda vivamente a leitura deste post inebriado de fundamentalismo demagógico do Tomás Belchior, que aqui deixo na íntegra:
Até estou disposto a admitir que a RTP não é só um esquema para oferecer empregos bem remunerados a uns milhares de pessoas. Mas uma coisa é certa: a RTP não é um grupo de comunicação social. É um braço político do(s) Governo(s) e é como braço político do(s) Governo(s) que tem de ser avaliada. É por isso que me faz alguma confusão ver o Manuel Castelo-Branco falar em “racionalizar” a RTP sem sequer aflorar essa questão.
A RTP tem uma única missão, arranjar votos, e duas formas de cumprir essa missão: indirectamente, através do “serviço público” (que muita gente defende mas que pouca gente vê) e do condicionamento do sector da comunicação social e, directamente, através de propaganda mais ou menos explícita. “Racionalizar a RTP” significa melhorar o rácio euro/voto do dinheiro que os contribuintes portugueses metem na empresa. Não significa, ao contrário do que o Manuel Castelo-Branco diz, combater o desperdício, arranjar estruturas mais produtivas ou definir estratégias empresariais racionais. Isso é o que os privados fazem. Isso é o que só os privados podem fazer. Logo, se é para avançar nesse sentido, mais vale passar-lhes a bola o mais rapidamente possível.
O problema é que, se a RTP cumprir a sua missão como empresa pública, funciona como uma espécie de subsídio à acção governativa. Um subsídio que os contribuintes são obrigados a pagar pelos governos cuja acção subsidiam. Não me parece uma situação particularmente higiénica. Como se isto não bastasse, ainda resta saber se os contribuintes ganham alguma coisa com esse subsídio, ou seja, se ao subsidiarem essa acção governativa subsidiam a qualidade da acção governativa ou apenas a sua quantidade (e, pelos vistos, o resultado líquido dos concorrentes da RTP).
Enquanto a RTP for pública, são estas as contas que têm de ser feitas. A RTP é mal gerida porque é pública e não é “racionalizável” enquanto se mantiver pública. Eu percebo que eventualmente não se possa falar desta questão abertamente mas talvez o facto de não se poder falar disto acabe por ser o melhor argumento para se tirar de uma vez por todas o Estado da comunicação social.
Ver o 31 da Armada a fazer o papel do Câmara Corporativa do novo governo é, no mínimo, curioso, para não dizer intelectualmente pobre, como o demonstram os posts dos últimos dias. Pobreza essa que fica ainda mais patente quando os argumentos dos novos spinners são consistentemente demonstrados como falaciosos em toda a linha pel'O Insurgente e Blasfémias. Não estavam assim tão longe da verdade no 31 quando alteraram o cabeçalho para Câmara Corporativa logo a seguir às eleições. Eu bem disse que íamos assistir a mudanças na blogosfera. Só não pensava que fossem tão sofríveis.
Diz-nos o André Azevedo Alves, n'O Insurgente:
"Com a orgia de despesismo de inspiração (mais ou menos) keynesiana em curso, é de temer que a situação das finanças públicas se deteriore ainda mais, Mas o mais assustador é não parecer haver em Portugal – salvo raras excepções – consciência da gravidade e insustentabilidade do desequilíbrio das contas públicas portuguesas: Dívida externa só será paga com 396 dias de trabalho
Os portugueses precisavam de trabalhar, em Setembro do ano passado, um ano e 31 dias para liquidar a totalidade da dívida do País ao estrangeiro. Mais dois meses do que em igual mês do ano anterior.
(…)
Nos primeiros nove meses de 2009, a dívida externa era de 108,6% do PIB, utilizando cálculos conservadores. Ou seja a factura ascende a 177,3 mil milhões de euros, de acordo com dados do Banco de Portugal, contraída na forma de empréstimos e em títulos do Estado, adquiridos pela banca internacional."
Enquanto o autismo continua, enquanto preferirem continuar na fuga para a frente e insistirem em tentar descredibilizar Medina Carreira e outros que tais chamando-lhes profetas da desgraça, é sempre bom relembrar uma daquelas músicas de intervenção, bem apropriadas, sabendo que não seria/será a primeira vez, não é verdade...
Em primeiro lugar, ao colectivo d'O Insurgente pelo seu 4.º aniversário. Nunca me canso de repetir foram os primeiros a efectuar uma ligação para o Estado Sentido, quando ainda era escrito a apenas duas mãos, e é, portanto, sempre com especial honra que lhes dou os parabéns por esta altura.
Em segundo lugar, parabéns pelo pelo 5.º aniversário do colectivo do Blasfémias, que em conjunto com O Insurgente representam uma das correntes liberais mais combativas da blogosfera lusa.
Que continuem a insurgir-se e a blasfemar, é o que se deseja!
Também a plataforma actual dos blogs do Sapo está de parabéns pelo 3.º aniversário. Aqui fica um sentido abraço a toda a equipa, em especial à Jonas e ao Pedro Neves!