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Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:
«- ... todos os bons chapéus são feitos de nada.»
«- Como todas as boas reputações, Gladys - interrompeu Lorde Henrique. - Todo o efeito que produzimos gera-nos um inimigo. É preciso ser medíocre para ser popular.»
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:
«Começou a perguntar a si mesmo se nós poderíamos um dia tornar a psicologia uma ciência tão absoluta que nos pudesse revelar as mais recônditas molas da vida. Com as noções de que dispúnhamos equivocámo-nos sempre a respeito de nós mesmos e raras vezes compreendíamos os outros. A experiência nenhum valor ético possuía. Era apenas o nome que os homens davam aos seus erros. Os moralistas haviam-na, em regra, considerado como um modo de advertência, haviam-lhe atribuído uma certa eficácia ética na formação do carácter, haviam-na exaltado como alguma coisa que nos ensinava o que devíamos seguir e nos mostrava o que devíamos evitar. Mas na experiência nenhuma força motriz existia. Era uma causa activa tao exígua como a própria consciência. A única coisa que ela deveras demonstrava era que o nosso futuro havia de ser o mesmo que o nosso passado, e que o pecado que nós uma vez havíamos cometido com repugnância o volveríamos a cometer muitas vezes, e com prazer.»
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:
"- Não ouso, Sr. Gray. Ora, ela inventa-me chapéus. Lembra-se daquele que eu levei ao garden-party de Lady Hilstone? Não se lembra, mas é muito gentil em fingir que se lembra. Bem, foi ela quem os fez de nada. Todos os bons chapéus são feitos de nada.
- Como todas as boas reputações, Gladys – interrompeu Lorde Henrique. – Todo o efeito que produzimos gera-nos um inimigo. É preciso ser medíocre para ser popular.
- Não sucede assim com as mulheres – disse a duquesa, meneando a cabeça -; e são as mulheres que governam o mundo. Afianço-lhe que nós não podemos suportar as mediocridades. Nós, as mulheres, como diz alguém, amamos com os ouvidos, precisamente como vocês, os homens amam com os olhos… se é que alguma vez amam.
- Parece-me que nunca na realidade amam, Sr. Gray – respondeu a duquesa, num misto de ironia e de tristeza.
- Minha querida Gladys! – exclamou Lorde Henrique. – Como pode dizer isso? O romance vive pela repetição, e a repetição converte um apetite numa arte. Além disso, cada vez que a gente ama, é a única vez que jamais amou. A diferença de objecto não fragmenta a paixão: apenas a intensifica. Podemos ter na vida apenas uma grande experiência, e o segredo da vida é reproduzir essa experiência o maior número possível de vezes.
- Mesmo quando ela nos tenha ferido, Henrique? – perguntou a duquesa, após um momento de silêncio.
- Especialmente quando ela nos tenha ferido – respondeu Lorde Henrique."
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray:
"- Os maridos das mulheres bonitas pertencem às classes criminosas – disse Lorde Henrique, sorvendo o seu vinho.
Lady Narborough bateu-lhe com o leque.
- Lorde Henrique, não me surpreende nada que o mundo diga que o senhor é muito mau.
- Mas que mundo é que diz isso? – perguntou Lorde Henrique, elevando as sobrancelhas. – Só se for o outro mundo… Com este estou eu nas melhores relações.
- Toda a gente que eu conheço diz que Lorde Henrique é muito mau – disse a velha dama abanando a cabeça.
Lorde Henrique pôs-se sério por alguns momentos.
- É perfeitamente monstruosa – disse, por fim – a maneira como hoje andam por trás das nossas costas a assacar-nos coisas que são inteira e absolutamente verdadeiras."