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Na National Review:
The president is leaving the same way he came in: with a great deal of vague and fruity talk about “hope and change,” very little of genuine interest, and an undercurrent of bitterness communicating his unshakeable belief that the American people just simply are not up to the task of fully appreciating History’s unique gift to them in the person of Barack Obama.
(...)As commander-in-chief, President Obama effectively lost the peace in Iraq, made a series of missteps that enabled the rise and the flourishing of the Islamic State (the so-called junior varsity of Islamic terrorism), helped turn Syria into a humanitarian disaster with his empty threats and then turned the mess over to the gentle offices of Moscow and Tehran, and failed to take seriously the threat of continued jihadist terror in the United States(...)
Barack Obama has spent eight years under the misconception that the job of the president consists mainly in the making of speeches. And for a man who rose to national attention on the basis of his oratory, he has said relatively little that is memorable. That is because he has relatively little to say, being a man who brought no new ideas or insights to the office, only a pointlessly grandiose sense of his own specialness. He is a man who stood astride History muttering “You’re welcome, you ingrates.”
Pode parecer um choque politicamente incorrecto, mas de um ponto de vista conceptual e pragmático, a nomeação do CEO da Exxon Rex Tillerson para Secretário de Estado do próximo governo dos EUA, deve ser assumida como uma interpretação de Realpolitik particularmente brilhante. Quase todos os conflitos dos tempos modernos, ocorridos no Médio Oriente, ficaram a dever-se a interesses energéticos digladiantes. Embora tivesse havido sempre o adorno ideológico de um mundo bipolarmente repartido, em primeira e última instância, o petróleo foi o combustível de alianças políticas e dissabores bélicos. Trump realiza um salto indutivo surpreendente. Não é necessário tomar ou largar partidos para constatar este facto. A dimensão inédita da nomeação "atípica" para esta pasta significa diversas coisas. Em primeiro lugar; Trump assume que o petróleo é o tema maior da política externa dos EUA e dos seus principais interlocutores. Em segundo lugar; embora a América tenha atingido a tão desejada independência energética, sendo há uma boa meia-dúzia de anos exportadora líquida de diversas soluções carburantes, a verdade é que tal condição não é passível de ser repartida com rivais - a dependência dos outros é condição basilar para a vantagem geopolítica americana. São ângulos de análise desta natureza que convém resgatar para realizar uma leitura desapaixonada das particularidades em causa desta nomeação. Rex Tillerson terá competências que não são detidas por Henry Kissinger e muito menos por Hillary Clinton. Se a Síria possa parecer um tema desconexo do quadro energético da região, talvez seja boa ideia repensar os vectores que estão em jogo. Lentamente, embora polvilhada de riscos, uma doutrina Trump começa a emergir. O intervencionismo americano, tantas vezes sancionado por diversos detractores de quadrantes ideológicos distantes, parece agora assumir contornos híbridos. Quando Obama se desligou das causas do Médio Oriente, nem mesmo a Esquerda o quis aplaudir, porquanto os resultados práticos da "saída americana" foram, para dizer o mínimo, catastróficas. Vejamos o que o resto do mundo reserva para Trump e a inauguração de uma nova modalidade de política externa menos académica e mais endémica. Ninguém sabe ao certo se Rex será cru ou se é apenas crude.
Bernardo Pires de Lima, Ser ou não ser a Grécia:
O acompanhamento ao minuto que a administração Obama tem feito da crise grega mostra bem a intranquilidade política que o dia seguinte ao grexit levanta. Por outras palavras, Atenas está a fazer tudo para dramatizar os efeitos políticos na Europa, de forma a flexibilizar os termos da negociação financeira. Sem ter percebido, Passos Coelho avalizou ontem esta estratégia quando sublinhou, precisamente, os perigos do "contágio político". Se não somos a Grécia, parecemos.
Coloquem no mesmo saco Realpolitik, estratégia, processos de tomada de decisão, política externa, propaganda, comunicação, poder económico, capacidade bélica, a história imperial da Rússia, a ex-superpotência União Soviética, o controlo dos média, os métodos políticos não convencionais, a repressão política interna, a condição geopolítica hibrída europeia-euro-asiática do país em causa, uma oligarquia, a Esquerda, a Direita, Capitalismo, Socialismo e Comunismo, e agitem muito bem, e terão o campeão de pesos-pesados de seu nome Putin. Não pensem por um instante que estamos a lidar com um louco que acordou para aí virado. Não se deixem enganar pela pausa forçada sobre as potências ocidentais e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO). Para começar a entender Putin, há que pensar como Putin. Para poder antecipar a Rússia, há que saber antecipar a sua antecipação. Para quem se deixa levar pelo brinde de um cessar-fogo acordado a escassas horas do início da cimeira da NATO (que amanhã tem início no País de Gales), relembro que Putin é hábil na transferência do ónus da questão. A NATO que já vinha preparando uma linha dura de resposta à Rússia e as suas incursões ucranianas (e outras que decerto se seguirão), pode vir a ser vislumbrada como a má da fita nesta história. No jogo de espelhos e percepções, Putin passa de agressor a vítima - a campeão da paz alcançada com a Ucrânia e a destinatário da mensagem agressora da NATO. A formulação da política externa dos EUA, e por arrasto dos países nucleares da União Europeia, parece não aproveitar lições dadas há décadas. Não peço um conselho de sábios, mas um George Kennan dos anos noventa aos dias de hoje teria dado algum jeito. No longo telegrama enviado do seu posto diplomático de Moscovo em 1946, Kennan refere a urgência da contenção dos desígnios expansionistas da União Soviética. Embora a história não se repita, a mesma pode ser alvo de desejos revisionistas (ou revanchistas ). Putin desenhou uma estratégia que vai muito para além da estância balnear da Crimeia ou do último reduto de Kiev. Os lideres ocidentais, que partilham o património atlântico e uma parte da história, se desejam efectivamente tirar o tapete por debaixo dos pés de Putin, devem pensar com grande avanço sobre os intentos russos. Devem estar adiantados no tabuleiro. Devem desejar o melhor, mas esperar o pior. Devem esboçar diversos cenários que envolvam resquícios de dominós em queda, porque a pequena paragem que Putin se nos oferece, não serve para inverter a direcção da sua marcha. Servirá apenas para deslocar o ângulo de vista de algo, que para alguns constitui um problema, mas que para outros será a única solução.
Do mesmo modo que não existem vazios de poder na grande paisagem geopolítica, também não pode haver falta de conceitos estratégicos no que diz respeito à política externa dos Estados. Obama declara que ainda não existe um modelo de resposta ou combate ao Estado Islâmico e, a União Europeia (UE), que ainda não conseguiu estabelecer a sua Política Externa e Segurança Comum, parece avançar com peças avulso na formulação das suas relações exteriores. Não sabemos com precisão o que o ainda Presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso terá dito, mas Putin respondeu de viva-voz que a conquista de Kiev (a acontecer) não demoraria mais do que duas semanas. Federica Mogherini, que ainda nem sequer teve tempo de aquecer a cadeira de responsável pela política externa da UE, também não precisou de muito tempo para atirar ao ar palavras vazias que ninguém pode garantir que sejam corroboradas por actos, decisões substantivas. Mogherini afirma peremptoriamente que cabe a Putin decidir se quer ser parceiro ou opositor da UE. Pelos vistos, entramos numa fase de improviso perigoso. Enquanto Putin passa dos actos aos actos, o mundo livre parece não conseguir se desatolar da espiral de palavras descoordenadas. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) parece ter a noção de que um novo conceito definidor deve nascer com um sentido de urgência notável, mas, enquanto se preparam cimeiras, Putin poupou trabalho aos think-tank a Leste e Oeste, e já partilhou com o mundo o tratamento que a NATO deve esperar do Kremlin. E isso deve ser considerado um factor de relevo - uma mensagem clara que obriga a uma resposta inequívoca da UE, da NATO, assim como das lideranças que ainda merecem essa designação.
É conhecida a longa lista de chanfrados que têm passado pelos corredores do poder em Washington, Casa Branca incluída. Alguns deles foram quem mais entusiasmadamente arrastou os tanques de Estaline até às capitais de toda a Europa central. Desta vez, um tal ex major Adam Kinzinger declara que "os EUA deveriam considerar uma resposta militar como opção". Refere-se à situação na península da Crimeia, território ficticiamente oferecido pelo ucraniano Kruschev, à não menos fictícia "república" socialista soviética da Ucrânia. Estórias coloniais, portanto.
Resposta militar à Rússia? Não se ouvia tal coisa desde a crise dos mísseis de Cuba.
Após a queda do regime comunista, os norte-americanos logo aproveitaram todas as oportunidades que lhes eram oferecidas, estabelecendo-se na Ásia central e manobrando para a pulverização do Cáucaso em novos países muito belicosos entre si. Não lhes interessa minimamente a atracção da Rússia à comunidade ocidental e pior ainda, ao longo dos últimos dez anos, tudo têm feito para uma reconstituição de blocos à imagem dos existentes durante a Guerra Fria. Do Afeganistão à Líbia, do Iraque à Síria, a intervenção dos EUA é patente, por vezes sem qualquer tipo de caução internacional garantida pela instrumental ONU. Na Europa, não se escuta qualquer voz que tente persuadir os nossos aliados quanto a uma melhor compreensão das realidades políticas, económicas e culturais na vasta região para além do Prut. Talvez alguém lhes possa exemplificar com o Texas, o Arizona ou a Califórnia.
Esperemos que a fatuidade política de Obama não chegue longe demais.
A política não é uma ciência exacta, isso já nós sabemos. A política não existe para inventar a roda, também podemos confirmar. A actividade política deve, por isso, centrar-se na busca de soluções que já deram frutos. Nessa medida a cultura política vem mesmo a propósito. Especialmente em época de crises e convulsões, os lideres estão obrigados a vasculhar nos arquivos, a pesquisar o que decisores contemporâneos ou de outros tempos históricos fizeram. Não sei o que fazem os governantes nas suas horas vagas, mas poderiam aproveitar para observar o que fazem os outros. O caso de Portugal é enigmático. Não passaram tantos anos assim sobre o esplendor da obra pública, geradora de emprego e orgulho nacional. Não foi há tanto tempo assim que a Expo 98 fez renascer a cidade de Lisboa. Não foi há décadas que o Euro 2004 gerou um frenesim nacional com efeitos directos na economia. Foi ontem. Mas não percebo muito bem porque esses casos, que agora fariam muita falta para gerar verdadeiras dinâmicas de retoma, não foram replicados. Estão à espera do quê? Não é preciso ser um génio-governante (ora aí está uma contradição!) para entender que este é o momento para o investimento em larga escala. Que este é o momento para o Estado lançar projectos de dimensão assinalável capazes de contagiar o sector privado. Emissão de títulos do tesouro? Não me parece. O que faria sentido seria emitir "government bonds" adstritos a projectos específicos. Isso sim. Parece que os governantes europeus nunca ouviram falar no New Deal. Talvez sejam jovens demais. Se for esse o caso, bastar-lhes-ia prestar atenção ao que Obama acaba de anunciar. Esse seria um dos caminhos possíveis. A restauração das infraestruturas do país. E ao fazê-lo gerar dinâmicas em tantos sectores económicos, provocando desse modo a inversão da tendência do desemprego, de um modo real e efectivo. Estão à espera do quê para arrancar Portugal do seu triste estado. Querem que lhes faça um desenho? Francamente. Esta é mesmo muito fácil.
Satisfazendo todas as vontades de Washington e procurando evitar um Caso Gleiwitz, os sírios iniciaram a entrega de listas contabilizando o seu arsenal de armas químicas. Seria uma excelente ideia se outros países - EUA, Rússia, Paquistão, Irão, China, Israel, Coreia do Norte e Índia - decidissem tomar a mesma iniciativa, aproveitando a oportunidade para uma maciça destruição deste tipo de armas. Contabilizar-se-iam uns seis ou sete valiosos e credíveis Nobel da Paz, já de antemão garantidos.
Agora, aguarda-se por algo que a Administração inventará para descredibilizar esta listagem feita a bom ritmo.
Pela primeira vez vez em muitas décadas, um texto saído da cúpula moscovita teve eco internacional. Já não se trata de uma velha tirada de retórica ideológica "aglomera-ânimos" dos tempos do estalinismo, mas sim de um magistral documento que em cheio atinge a psique do americano comum. Os argumentos são clássicos - e por isso mesmo sumamente eficazes -, indo sempre apelar a um bastante politicamente correcto appeasement que ao invés daquilo que o comum dos mortais julga, jamais se tratou de uma característica da politica norte-americana. Putin é bem claro, pois afirma ..."I carefully studied his address to the nation on Tuesday. And I would rather disagree with a case he made on American exceptionalism, stating that the United States’ policy is “what makes America different. It’s what makes us exceptional.” It is extremely dangerous to encourage people to see themselves as exceptional, whatever the motivation. There are big countries and small countries, rich and poor, those with long democratic traditions and those still finding their way to democracy. Their policies differ, too. We are all different, but when we ask for the Lord’s blessings, we must not forget that God created us equal." Lapidar.
Para não irmos demasiadamente longe na retrospectiva da história, temos de considerar a provocada guerra espano-americana, eivada de falsas informações, atentados inventados ou decorrentes de meras contingências alheias a qualquer malévola vontade. Prosseguindo, durante a I Guerra Mundial, o presidente Woodrow Wilson capciosamente indicaria aos beligerantes um programa que flagrantemente era por si mesmo uma tomada de posição de pré-beligerância, dada a situação sobre a qual se erguiam os impérios da Áustria-Hungria e Otomano. De facto, todo o articulado dos 14 pontos poderia ser resumido àquilo que aos Aliados pareceu essencial, isto é, num novo e oportuno - sobretudo para a França - redesenhar do mapa do velho "continente", desarticulando-se toda a Mitteleuropa e impedindo sine die o alvorecer daquilo a que Coudenhove-Kalergi designaria de Paneuropa. A autoria americana da destruição do outrora poderoso fiel da balança de poderes que era o império dos Habsburgos, de forma alguma consagrou os princípios anunciados por Wilson. A Checoslováquia, a Jugoslávia, a Roménia e a própria Polónia, foram o efervescente cadinho para novos conflitos que inevitavelmente desestabilizariam a ordem estabelecida por Versalhes.
A inevitável ascensão do nacional-socialismo ao exercício do poder na Alemanha, - o Tratado de Versalhes e a política de "reparações" assim o permitiram - serviria precisamente para demonstrar o quão falaciosos eram os 14 pontos apresentados ao mundo como caboucos da paz eterna. Hitler deles se serviu para a contabilização das suas reivindicações territoriais na Europa. Ao pretender a inclusão da Áustria, dos Sudetas, de Dantzig, de áreas da Posnânia, do Tirol do Sul e de outros territórios povoados por alemães, não estaria o Fúhrer a basear o seu discurso naquilo que Wilson indicara como essência da justiça e da confiança internacional? Era, daí a política de appeasement que as democracias ocidentais cultivaram durante toda a década de trinta, presas ao sofisma por elas próprias adoptado como fonte primeira do direito. Prosseguindo na longa série de interpretações unilaterais do direito internacional, Washington, detentora de jamais assumidas possessões coloniais - as Filipinas, por exemplo -, verberou com acrimónia o cada vez mais evidente expansionismo japonês, precisamente no momento em que sugeria aos portugueses a cedência de Angola como possível solução para as nebulosas promessas de Lord Balfour.
Todo o caminho que conduziria a América a Pearl Harbour foi balizado por discursos e atitudes claramente beligerantes, desde as proibições de comércio de matérias primas destinadas ao Japão, até a claros ultimatos enviados a Tóquio logo após a intervenção japonesa na Indochina. Se a isto somarmos as conversas à lareira que Roosevelt prodigalizaria como forma de justificar a intervenção que já se verificava em pleno Atlântico - comboiando a US Navy os freighters britânicos a caminho do R.U. -, temos então um quadro bastante completo do assumir da pretensão hegemónica mundial. O fim da II Guerra Mundial consagraria esta política, aliás facilitada pelo completo ocaso das antigas potências europeias destruídas pelo conflito. Na verdade, a emergência da URSS - previsível desde 1905, quando a espectacular recuperação económica prometia a hegemonia continental ao império dos czares -, porque tardia, serviu os interesses norte-americanos, evitando qualquer multilateralismo, ou melhor, um mundo multipolar que já se adivinhava com a chegada à cena internacional de novos países recentemente descolonizados.
A simbólica queda do Muro de Berlim apenas confirmaria a suposição de uma provisória assunção americana da ordem internacional, pois em 1989 já eram nítidos os sinais do despertar chinês e da aproximação da Índia e de países sul-americanos - o Brasil - a um maior protagonismo nas relações internacionais. Os erros cometidos foram imensos, entre os quais avulta a apressada entrada da China na OIC e por isso mesmo caindo as vitais barreiras que durante muitas décadas garantiram a estabilidade e pujança das economias ocidentais.
A liquidação do império soviético conduziu ao esperado resultado da fragmentação da massa euro-asiática, facto que os norte-americanos logo souberam aproveitar, estabelecendo fortes laços com as novas autoridades de alguns dos Estados da Ásia Central. A verdade é que tal como Roosevelt não fazia a menor ideia acerca da localização de importantes províncias alemãs como a Silésia, Pomerãnia e Prússia Oriental - entregando-as sem um piscar de olhos à limpeza étnica promovida pelo seu aliado J.V. Estaline -, as sucessivas administrações de Reagan, Bush, Clinton e Bush (filho), pareceram dar nenhuma importância à necessidade da existência de uma esfera de segurança russa. Já não se tratava da Europa central e oriental, do Afeganistão ou de Cuba, mas sim das áreas tradicionalmente ligadas aos russos durante os últimos trezentos anos. Washington não foi capaz - ou terá sido intencional ? - de prever a gravidade dos desafios que eram colocados a Moscovo, cujas autoridades foram subitamente colocadas perante factos consumados nas suas fronteiras. O radicalismo islâmico alastrou em algumas áreas ainda componentes do Estado russo e Putin ver-se-ia colocado perante a desagradável escolha entre uma contemporização que denotaria fraqueza extrema, e a acção que macularia a sua imagem de estadista pós-soviético. Washington não ajudou e pior ainda, deu carta branca a dirigentes considerados próximos, sendo o caso georgiano um entre outros exemplos. Todos conhecemos o afã quanto à intervenção no Iraque, alegando então George W. Bush com aqueles perigos que durante estes dias Obama tem escrupulosamente enunciado quanto à Síria. Ora, tendo sido comprovadamente falsas as alegações com as quais se mimoseou o sanguinolento regime de Saddam Hussein - um reconhecido antigo aliado táctico na luta contra os aiatolás - , como esperará agora a administração norte-americana, um acatar ocidental do mesmíssimo discurso agora dirigido a Assad? A verdade é que o regime de Damasco tem sido moderadamente eficiente na passagem da sua mensagem anti-Al Qaeda e na Europa, ao contrário dos loucos de Deus que parecem prevalecer nos EUA, o repúdio por mais uma aventura Yes we can, é evidente. Os aliados incondicionais - as populações do Reino Unido e de Portugal - fazem saber via sondagens, da sua total indisponibilidade por um caucionar do conflito que se prepara, enquanto outros, entranhadamente avessos a projectos de contornos muito difusos - a Alemanha -, abertamente se opõem ao toque a reunir. Em suma, os russos sabem que desta vez os americanos se encontram isolados e pior ainda, a administração não pode contar com um esmagador apoio interno. Neste sentido, a carta de Putin também é magistral.
O presidente russo sabe a quem se dirige. Senão, vejamos:
1. "Amansando a fera", o presidente russo anuncia não desconhecer as dificuldades do período da Guerra Fria, matizando-as com a fugaz aliança durante a II Guerra Mundial. Este poderá ser um argumento com mais peso que aquele aparentemente suspeitado, pois sabe-se que a política do Departamento de Estado está intimamente ligada, quando não dependente, do posicionamento do seu mais forte aliado no Médio Oriente.
2. Aquando das intervenções russas na Alemanha (1953), Hungria (1956), Checoslováquia (1968) e Afeganistão (1979), os americanos fizeram enorme alarido em todos os areópagos internacionais, apelando à carta das Nações Unidas. Aliás, os seus interesses específicos naquela parte do mundo - o Médio Oriente - obrigariam os EUA a rapidamente condenar a intervenção anglo-francesa no Suez (1956), implicitamente reconhecendo uma violação da soberania por parte das outrora poderosas potências europeias. Putin escreve hoje exactamente segundo o mesmíssimo guião, indicando a ONU como o forum capaz de dirimir conflitos e até aponta o direito de veto - prodigamente utilizado pela Rússia e China - como um dos recursos capazes de manter o equilíbrio nas relações internacionais. O espectro da Sociedade das Nações está presente, pois não é por acaso que de imediato nos surge a lembrança das atitudes unilaterais daqueles que um dia foram os parceiros do Eixo que a Rússia (a então URSS) e os EUA combateram em nome do direito internacional. Este é um argumento de rápida divulgação e de esperado sucesso na Assembleia Geral da ONU. Em suma, "the United Nations’ founders understood that decisions affecting war and peace should happen only by consensus, and with America’s consent the veto by Security Council permanent members was enshrined in the United Nations Charter. The profound wisdom of this has underpinned the stability of international relations for decades.
3. Putin conhece perfeitamente a forma como o americano comum entende a sua própria presença terrena. O apelo a Deus - neste caso, o dos cristãos - e a menção ao actual Papa, não será por mero acaso. A evidência do alastrar da instabilidade pela consolidação de grupos terroristas - os americanos atrever-se-ão a considerar este facto como uma falsidade? -, não deixará de influir pesadamente na opinião pública americana, ela própria copiosamente alimentada de pavores, conspirações e mania de atentados sugeridos pelas suas autoridades. Putin simplesmente aproveita o caldo de cultura servido pelos sucessivos governos norte-americanos e ameaçando com o terrorismo islâmico - nisto irmanando os interesses de russos e americanos -, desfere um golpe fulminante em todo e qualquer discurso que Obama possa proferir. Pior ainda, ameaça a Europa com a subversão, pois "mercenaries from Arab countries fighting there, and hundreds of militants from Western countries and even Russia, are an issue of our deep concern. Might they not return to our countries with experience acquired in Syria? After all, after fighting in Libya, extremists moved on to Mali. This threatens us all." É mesmo verdade, não há como negar.
4. Um aspecto nada negligenciável e que se prende com a situação actualmente vivida noutros países da região - referimo-nos ao Egipto -, faz de Putin um defensor das minorias religiosas, nomeadamente dos cristãos que mais que nunca se encontram ameaçados pelo avanço islamita. Há que considerar o papel da Turquia - ela própria a braços com a instabilidade - na região, sempre sob forte suspeita da tentativa de criação de um certo Lebensraum de claro recorte imperial e que obedece grosso modo à tradição otomana. O tácito apoio russo aos iranianos não deve ser apartado deste caso.
5. A propaganda desmontada. São bastante fortes as suspeitas do uso de gases por parte dos chamados rebeldes e talvez esporadicamente, por Assad. Crescem os testemunhos e a lógica indica o total desinteresse de Assad em cruzar a barreira que Obama ainda não há muito estabeleceu. Todos se recordarão do Caso Saddam e a evolução iraquiana não foi de molde a deixar qualquer tipo de ilusões na opinião pública norte-americana, ainda para mais confrontando-a com a iminência de um ataque químico a Israel: "no one doubts that poison gas was used in Syria. But there is every reason to believe it was used not by the Syrian Army, but by opposition forces, to provoke intervention by their powerful foreign patrons, who would be siding with the fundamentalists. Reports that militants are preparing another attack — this time against Israel — cannot be ignored."
5. A desculpabilização do Irão e da Coreia do Norte. O bastante previsível unilateralismo norte-americano que Putin aponta ao longo de todo o seu texto - "millions around the world increasingly see America not as a model of democracy but as relying solely on brute force, cobbling coalitions together under the slogan “you’re either with us or against us.” - conduzirá à inevitabilidade do surgimento de todo o tipo de arsenais dotados de armas de destruição maciça e entre estas, a pavorosa bomba atómica que ensombra a imaginação do Ocidente. Assim, o presidente russo parece oferecer os seus bons ofícios que tenderão a impedir este resvalar do armamento nuclear para mãos duvidosas. No fundo, está implícito o princípio da prevalência do "homem branco" que civiliza e protege o Direito.
6. Putin estabelece os limites, indica o espaço da sua coutada. De facto, toda a Ásia Central, os Estados eslavos saídos da extinta URSS e uma mão cheia de países tradicionalmente aliados ou dependentes, são considerados como pontos vitais da segurança russa, sendo entre estes a Síria um importante contraponto aos desígnios turcos e aos conflitos latentes no Cáucaso. Em resumo, a presença americana deve ser moderada pelos ditames da realpolitik que afinal serve perfeitamente os interesses dos EUA - os do Ocidente - a longo prazo.
7. Em conclusão, Putin será decerto benquisto pela maioria dos ocidentais, principalmente por muitos europeus temerosos da imprevisível situação interna nos seus países - França, Bélgica, Alemanha, Suécia -, também convencidos do declínio norte-americano que implicará uma inevitável aproximação entre os países do hemisfério norte. É claro que todos entenderão o que isto quer dizer, pois existe um receio histórico que há uma centena de anos se denominava de perigo amarelo. O medo funciona. Hoje, esta tonalidade é acompanhada por outras. Putin sabe-o e racionalmente apela ao irracional. É um mestre.
No seguimento do meu post anterior, o Rui Carmo escreve - e bem - sobre como a acção política de Putin tem ido no sentido contrário ao que a sua carta de ontem deixa patente. No entanto, ao contrário do que o Rui aponta, não deposito qualquer esperança em Putin. Ainda ontem a Foreign Policy publicava uma excelente peça sobre uma outra carta de Putin, em 1999, em que, para justificar uma intervenção militar na Chechénia, utilizava argumentos idênticos aos que Obama utiliza para justificar a intervenção na Síria. Aliás, nem precisaríamos de ir tão longe, bastava recordar a intervenção na Geórgia e a retórica de cariz ocidental e humanista utilizada por Putin para a defender. Afinal, a política internacional, como não poderia deixar de ser, é dominada, em larga medida, por double standards. Isto, contudo, não retira importância à carta que, conforme escrevi ontem, provavelmente poderá tornar-se um dos textos mais estudados nos próximos anos em cursos de Relações Internacionais, e foi isso que pretendi transmitir com o meu post. De resto, estou completamente de acordo com este post do Rui A, que transcrevo na íntegra:
«A não ser que acreditemos que a conversão da Rússia já começou e que Putin é o novo Constantino, convém procurarmos outras razões para explicar o que está subjacente à magistral intervenção do líder russo na crise Síria, que ontem teve um momento alto com a publicação de um artigo seu no NYT. E esses motivos são relativamente inteligíveis. No essencial, Putin aproveitou uma janela de oportunidade escancarada pelo desastrado presidente americano para voltar a colocar a Rússia como actor decisivo na geopolítica mundial, com foco especial no Médio Oriente e no Islão, donde estava afastada desde, pelo menos, a invasão soviética do Afeganistão. E a mensagem foi muito clara: a pax americana terminou, e o mundo conta novamente com a Rússia para equilibrar o xadrez mundial. A carta “escrita” por Putin é, de resto, uma peça admirável de mestria e de cinismo político, porque utiliza os valores que são caros aos EUA para os chamar à ordem e envergonhar o presidente americano. O flanco dado por Obama com a sua gestão errática do problema Sírio, na sequência dos transtornos que tem vindo a causar com a «primavera árabe» e das trapalhadas de espionagem em que anda metido, vulnerabilizou fortemente os EUA e criou um vácuo de autoridade a que a política internacional tem horror. Putin, ontem, preencheu-o. A administração Obama está de parabéns.»
Leitura complementar: Estranhos tempos estes; A Plea for Caution From Russia; As Obama Pauses Action, Putin Takes Center Stage.
Em que Vladimir Putin escreve um interessantíssimo Op-ed no New York Times que é uma lição de realismo directamente destinada a Obama, mas que, creio, poderá tornar-se um dos textos mais estudados nos próximos anos em cursos de Relações Internacionais. Começa assim: "Recent events surrounding Syria have prompted me to speak directly to the American people and their political leaders. It is important to do so at a time of insufficient communication between our societies". E termina assim: "My working and personal relationship with President Obama is marked by growing trust. I appreciate this. I carefully studied his address to the nation on Tuesday. And I would rather disagree with a case he made on American exceptionalism, stating that the United States’ policy is “what makes America different. It’s what makes us exceptional.” It is extremely dangerous to encourage people to see themselves as exceptional, whatever the motivation. There are big countries and small countries, rich and poor, those with long democratic traditions and those still finding their way to democracy. Their policies differ, too. We are all different, but when we ask for the Lord’s blessings, we must not forget that God created us equal."
Leitura complementar: As Obama Pauses Action, Putin Takes Center Stage.
Publicando aquilo que todos há muito desconfiavam, o Washington Times proporcionou no passado mês de Maio, uma airosa saída ao apressado pacifista Obama e respectivo ácaro Hollande. Melhor ainda, os democratas falcões poderão exercitar os seus artefactos aéreos, procedendo a ataques cirúrgicos às concentrações de "rebeldes" usuários de gases, essas armas químicas que indignam o planeta.
* Terão sido os dois presidentes atacados com gás sarin? Pelos sintomas que têm exibido diante do mundo, parece-nos que sim: olhos lacrimejantes (Hollande), pupilas diminuídas (Hollande), sudação excessiva (Hollande e Obama), confusão (Hollande e Obama), fraqueza (Hollande e Obama). Quanto às dores de cabeça, diarreia, copioso urinar e outros sintomas embaraçosos, nada poderemos dizer.
Respondam-me com franqueza: o Nobel da Paz de Obama serviu exactamente para quê?
O lançamento do processso conducente a um acordo de comércio livre entre os Estados Unidos e a União Europeia é, no meu entender, uma boa notícia. As virtudes do velho continente aliadas à ousadia do novo mundo, podem trazer proveito a ambas as partes. Mas torna-se necessário não cometer os mesmos erros verificados no processo de construção e aprofundamento da União Europeia. Foi em nome do negócio que grandes avanços foram decididos, que políticas foram accionadas em nome do princípio da solidariedade e da coesão económica e social, mas o resultado está à vista. Os cidadãos foram utrapassados pelas exigências do mercado e a crise que atravessamos parece ser um catalisador perigoso para entidades desesperadas, que procuram uma solução rápida para debelar as profundas recessões, e o flagelo do desemprego que aflige as partes envolvidas. A emergência é sentida em ambos os lados do Atlântico e os líderes em causa, sabem que o seu atraso significa o avanço de outros actores político-económicos de dimensão assinalável. A China, a Indonésia e a Índia, entre outros, estão na via ascendente que poderá ofuscar a preponderância económica dos Estados Unidos e da União Europeia. Os prospectivos signatários do acordo de comércio livre não estão separados por um muro que se possa inscrever em téses extremas de vantagem ou desvantagem comparativa. Os direitos e as tarifas que dividem os países Europeus dos Estados Unidos, não são dos mais agrestes. Contudo, para que o projecto possa vingar em termos efectivos, a União Europeia será obrigada a reinterpretar os seus processos produtivos e progredir a passos largos para desenvolver uma genuína cultura de empreendedorismo. Por outro lado, os Estados Unidos terão de dar continuidade a um processo de abertura no que diz respeito à interpretação dos estilos de vida de gentes de outras paragens. A meu ver, o meio-termo, o ponto de encontro de ambas as partes deverá processar-se no domínio do relativismo cultural. Os valores, as tradições, os costumes de uns e de outros terão de ceder, no sentido de se encontrar uma genuína plataforma euro-americana. No meu entender é aí que se encontra o busílis da questão, para não mencionar a bitola do comboio.
JCS, "A vitória da esquerda europeia":
«Não deixa de ser curioso este apoio europeu ao candidato republicano, quando o indivíduo está-se a marimbar para a Europa. Explica-se: A esquerda europeia está há muito sem uma liderança forte, então vão buscar o tio americano, que nem sequer é de esquerda. Mas pronto, faz de conta e fica tudo aí a festejar como se tivesse sido o Fidel a ganhar.
Eu imagino, na Casa Branca, quando chega um assessor de Obama e diz-lhe que tem o apoio dos europeus. O presidente deve pôr-se a pensar sobre o que fez de errado, pois os norte-americanos, para quem trabalha diariamente, estão divididos, mas os europeus, a quem não give a shit, estão todos em peso com ele.
Depois há ainda outra coisa mais engraçada, que é a estupidificação europeia dos candidatos republicanos. Deve ser porque na Europa estamos muito bem servidos de políticos, por isso sentimo-nos à-vontade para gozar com Romney. No entanto, quem nos dera que um pé de Romney viesse governar esta Europa destrambelhada.
Enfim, força Obama. E acredita: a esquerda europeia, vá-se lá saber porquê, estará sempre contigo.»
A propósitos das esquisitas e complicadas eleições americanas, aqui deixei há quatro anos uns tantos posts, não me arrependendo hoje do que então disse. Pouco ou nada mudou e naquilo que respeita aos delírios messiânicos da "nossa gente", então atingiu-se o pleno.
Que as campanhas americanas são muitíssimo pirosas e cheias de parvoíces como as manientas e obâmicas evocações do "pensamento e achares" da cada vez mais willendorfiana Sra. Michelle, lá isso são. Que estão recheadas de ditos espirituosos quanto à ventilação de jactos supersónicos, também isso já ninguém estranha. Por estes dias, poucos darão qualquer importância à total ignorância presidencial - no posto ou pretendente ao mesmo - quanto às questões da geografia planetária, nada interessando se o sr. Obama declare peremptoriamente que na Áustria fala-se a língua austríaca, por exemplo. Pois se até o seu precursor Roosevelt não fazia a mínima ideia acerca da localização da Silésia e da Prússia Oriental que decidira entregar à esfera de interesses soviéticos, porque razão terá o risonho ídolo de Mário Soares de se preocupar com minudências?
Se Obama voltar a vencer, decerto manterá o guião de Hollywood, o tom dos discursos dos "grandes desígnios" ao estilo dos filmes de cow-boys, em cenários com cactos e e entardeceres no deserto. Tranquilizados, continuaremos a ler lefties e extasiados artigos acerca do rabo da sua esposa, a mulher mais elegante do planeta, uma justíssima candidata a um próximo Nobel. Descansem, a sua administração continuará a satisfazer as higiénicas necessidades de evacuação das Fortalezas Voadoras que patrulham os céus da Terra.
Se Romney miraculosamente chegar à Casa Branca, logo na primeira viagem conhecerá os benefícios da pressurização a bordo do Air Force One e infalivelmente será persuadido a guardar num relicário decorado com antúrios de plástico, as suas estultas e nada convincentes crenças mormónicas. A macaca Lucy nada tem a ver com o sujeito.
Pois sim, infelizmente Lord Cornwallis fez falhar em Saratoga a História que a todos interessava e como europeus, declaramos espanhóis e franceses como culpados, até porque na tal guerra da independência, Portugal esteve como sempre do lado certo.
Falando de madamismo presidencial e muito mais importante que tudo o que se passa além-Atlântico, ficámos a saber que a sra. de Cavaco Silva já tem um logo próprio. É quase a evocação de um cristão coração que sangra. O pior é que também parece pingar qualquer outra coisa, provavelmente um subsídio a acrescentar aos 17 milhões presidenciais. Ora aqui está um bom exemplo do que seria a heráldica cavaquista. Ou trata-se apenas um escandaloso plágio do emblema dos gelados Olá? Pois é, há que reconhecer que uma Monarquia sempre é uma Monarquia.
Haverá alguma alma caridosa que me explique o porquê da possível - e desejável a meu ver - eleição de Mitt Romney representar, segundo as rabugentas palavras de Miguel Sousa Tavares, um "retrocesso terrível"? A ideia peregrina, que perpassa alguns estamentos da intelectualidade que tem poiso habitual nos media, de que Romney é um perigo político que deve ser travado a todo o custo, é um daqueles arroubos pueris que amiúde atingem gente muito bem formada. Obama foi uma decepção em toda a linha que, curiosamente, tem vendado as vistas de uma esquerda sem programa nem espírito. O Henrique Raposo, com alguma ironia - e mestria, diga-se de passagem -, descreveu Obama como o pretinho salazarista, em virtude do debate eleitoral estadunidense estar arrimado em bases bem diferentes das que presidem ao debate político europeu. É certo que nos EUA não se verificam os arrebatamentos, tão próprios de uma Europa em crise, em torno do agonizante Estado Social, contudo, Obama e a sua entourage, por mais que se negue o contrário, ajudaram, com a sua inépcia sufocante, a protelar a resolução da crise económica americana. A candidatura republicana é passível de muitas críticas, resultado, sobretudo, das suas insuficiências programáticas, porém, criticar Romney por, supostamente, ter como substrato ideológico um distributivismo pró-ricos, revela um primarismo político que, infelizmente, domina muita opinião dita e publicada. Romney pode perder, e é bem provável que perca, mas Obama, vencendo ou não, não terá a sua aura messiânica rejuvenescida.
Na Quarta-feira, numa esquina de Chigado em frente a um centro comercial onde em tempos existiu uma certa geladaria Baskin-Robbins, foi descerrada esta lápide que assinala o local onde Barack e Michelle Obama se beijaram pela primeira vez:
«On our first date, I treated her to the finest ice cream Baskin-Robbins had to offer, our dinner table doubling as the curb. I kissed her, and it tasted like chocolate.
President Barack Obama
(...)
On this site, President Barack Obama first kissed Michelle Obama»
Resta saber se os locais onde ocorreram os outros momentos marcantes na vida amorosa do casal também passarão a ser assinalados da mesma forma. Eu refiro-me, naturalmente, a onde ele lhe cantou a primeira serenata, o lago onde andaram de barco a remos pela primeira vez...