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Hi! I am the Danish prime-minister!
Chama-se Helle, mas alguém poderá informar-nos como se pronuncia este nome? Será "Ela" ou "Elle" como aquela revista de modas?
Poucos terão conhecimento desta espécie de Edite Estrela em adelgaçada versão Herbalife, sabendo-se contudo que no país da popularíssima Rainha Margarida II, a fulana diz-se republicana. Decerto terá lido demasiadas estórias daquela famosa banda desenhada do grão--vizir que queria ser Califa em vez do Califa. Oxalá não tenha declarado tal republicanismo ao colega de cadeira Barack Obama, pois o homem talvez fosse directo para um mal-entendido. Nos States isso quer dizer outra coisa, até porque, provavelmente, o cheio de baraka Barack pensará que Denmark não passa de uma marca de iogurtes.
A foto-biscate de há alguns dias, é apenas mais uma amostra do tipo de gente que comanda a vida dos terráqueos. Como seria expectável, a loura veio a terreiro protestar a sua circunspecta inocência, pois no estádio a festa era imensa, com sonoras cantorias e reboludas danças.
A Helle nem sequer entendeu o que essas efusões significam naquela parte do mundo. Nunca terá sequer procurado nos youtubes planetários alguns exemplos de funerais na África austral, os cerimoniais que durante dias envolvem o desaparecido, os familiares e os amigos num turbilhão de emoções que os tradicionais rituais ainda mais acentuam. Os três foliões ocidentais, nenhum deles xhosa, zulo, suazi, - ou passando a fronteira a nordeste, ma'changane, muchope, macua ou ma'ronga -, não cantaram nem dançaram. Infantilmente riram a bandeiras despregadas e nas suas despreocupadas adolescências políticas, aproveitaram para umas tantas fotos.
Não é que a escandalizada Sra. Dª Michelle Obama esteve carregada de razão?
Um momento de televisão que diz muito do estado de espírito dos norte-americanos: desilusão com a situação actual e a consciência de que estão num momento decisivo em que ou recuperam ou se afundam na decadência. E recuperar significará retornar às referências e aos valores que trouxeram os sucessos passados de que hoje se sente a falta. Uma reflexão que também podemos fazer em Portugal. Como foi possível deixar um belíssimo país como nosso, com potencialidades e condições excepcionais e invejadas por outros, que bastaria ser gerido de acordo com os seus interesses para ser um dos melhores da Europa, chegar a este ponto? Quando foi que nos deixámos de preocupar? A quem é que demos ouvidos e não devíamos ter dado?
Na Quarta-feira, numa esquina de Chigado em frente a um centro comercial onde em tempos existiu uma certa geladaria Baskin-Robbins, foi descerrada esta lápide que assinala o local onde Barack e Michelle Obama se beijaram pela primeira vez:
«On our first date, I treated her to the finest ice cream Baskin-Robbins had to offer, our dinner table doubling as the curb. I kissed her, and it tasted like chocolate.
President Barack Obama
(...)
On this site, President Barack Obama first kissed Michelle Obama»
Resta saber se os locais onde ocorreram os outros momentos marcantes na vida amorosa do casal também passarão a ser assinalados da mesma forma. Eu refiro-me, naturalmente, a onde ele lhe cantou a primeira serenata, o lago onde andaram de barco a remos pela primeira vez...
Da mesma maneira como, na sua eleição, Obama contou com uma campanha mediática que assentou bastante nas redes sociais, terá agora que enfrentar nesse mesmo espaço a campanha contra si e o julgamento da opinião pública. E muito mais fácil do que promover um messias é denunciar um populista.
Para quem está habituado a ler discursos escritos por outros, sempre com teleponto, falar de improviso deve mesmo ser uma grande chatice. Mesmo quando se é um messias.