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Belmiro de Azevedo tinha no seu espírito o vigor do novo mundo. O seu percurso empresarial, das origens humildes ao sucesso, não me surpreende. Essa é a espinha dorsal da América, dos Estados Unidos da América do mérito, do trabalho árduo e da recompensa. Mas não estamos na terra do Uncle Sam. Estamos em Portugal, o que torna tudo ainda mais excepcional. Tudo o que alcançou foi em terra inóspita, num ambiente pouco dado a visionários e almas com ambição. Existe outra dimensão que deve ser sublinhada. Embora novo rico, não era novo rico. Não era um pato-bravo. Não cultivou a ostentação, nem os luxos. Paradoxalmente, estes traços de genuína humildade material colidem com a matriz comportamental de um povo, que porventura nasce com o ouro e as especiarias dos Descobrimentos, e que se materializa nas glórias das Embaixadas a Roma ou a monumentalidade do Mosteiro dos Jerónimos. A sua ideologia, declaradamente de mercado, nunca se sujeitou ao poder político. A Esquerda, sempre mal-disposta com o capital, com o mercado e com os lucros, decerto que não arrepiará caminho com a passagem de um dos grandes de Portugal. Do Panteão não rezam os ricos.
foto: Nélson Garrido /Público
A notícia, já esperada, não deixa de causar impacto. Faleceu Jorge Ferreira, aos 48 anos. Até ao último fôlego, continuou sempre a comunicar na blogosfera. 7904 posts no seu Tomar Partido, e mais alguns no Novo Rumo, onde eu, a Cristina e o Nuno tivemos o privilégio de ser seus companheiros de blog. Que a sua alma tenha, de facto, um novo rumo, em descanso.