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Os governos de Portugal inauguram uma exposição colectiva chamada: "Austeridade de Esquerda - também somos capazes". O governo de António Costa, o governo de Catarina Martins e o governo de Jerónimo de Sousa são os três finalistas do programa - "toma lá disto" -, organizado pela Comissão Europeia. Os três premiados levam para casa mais medidas de austeridade que terão de partilhar com os espectadores. A saber; uma nova contribuição sobre a banca para afastar ainda mais o papão capitalista investidor; um novo imposto sobre produtos petrolíferos que estavam na montra disponíveis para levar com um enfeite de encarecimento; e ainda, o agravamento do imposto automóvel, porque passear ao Domingo já não é a mesma coisa. No entanto, no cabaz falta uma prenda importante: o enxoval presidencial de Maria de Belém que, pelos vistos, será oferecido pelas testemunhas do costume - o povo de Portugal. Nada disto tem piada, mas está pejado de ironia - a Austeridade de inspiração sócio-marxista é de uma estirpe levada da breca, muito pior do que a modalidade normal. Fatal. Afinal os socialistas também são mortais.
"António Costa intensifica contactos para garantir sucesso das negociações" parece o redux do filme que passou recentemente em Portugal. Aquela curta-metragem do festival das eleições que permitiu usar a tal prerrogativa de maioria parlamentar para assaltar o governo de Portugal. O Orçamento de Estado de 2016, cujo guião deixa muito a desejar, já entrou no escritório da mesma discussão. Não sei que contactos anda Costa a fazer em Bruxelas, mas o amigo Martin Schultz não decide o que quer que seja. Quem aprova ou deixa de aprovar é o putativo governo da União Europeia - a Comissão Europeia. Este show de bate-pé socialista não resultará na mudança de posição de Bruxelas. Se as exigências intransigentes de António Costa, ao que se soma a vocalidade da padeira do Bloco de Esquerda, fossem aceites pela Troika (sim, a Troika), abrir-se-ia um precedente inaceitável que seria isco para ser mordido por hermanos de causas próximas. Enquanto a nega não chega, João Galamba foca a sua antena de entertainer na questão de aumento de salários de um conjunto de gestores públicos, por sinal nenhum deles socialista. A única forma de António Costa vender o seu peixe, será cumprir com o prometido, mas acompanhando esse prato por impostos e taxas invisíveis, sobrecargas "discretas" para passarem despercebidas junto dos contribuintes. A sorte dos portugueses com juízo é não haver possibilidade de assalto em sede de Parlamento Europeu. Por outras palavras, António Costa pode espernear à vontade - o seu tempo novo não coincide com o fuso horário das contas europeias. Ter amigos não chega. Boas contas, sim.