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Apertado com todo o tipo de problemas, o governo espanhol espera distrair as atenções, recorrendo a uma espécie de "caso Malvinas" local: Gibraltar. Pior ainda, o sr. Margallo tem a desfaçatez de se aliar à Argentina para o tratamente de um assunto em tudo alheio aos sul-americanos, mas suspeita-se de o pobre ministro apenas estar a servir de caixeiro viajante da Repsol. Margallo cultiva a excelsa ideia de levar o assunto à ONU, como se o princípio da vontade expressa dos habitantes da localidade não tivesse qualquer relevância. Pois é isso mesmo o que a organização mundial indicará como via: a consulta da população, coisa que para os iluminados da movida de Madrid, não passa de uma absurdidade. A Espanha cedeu o território por Tratado e nele até tem um forte apoio à sua segurança no flanco sul. A disparatada ideia de remover a obrigatória incumbência britânica da defesa da entrada do Mediterrâneo, só poderá provir da mais chã chicana populista. O interesse de Espanha está precisamente na manutenção da presença da soberania britânica no Rochedo.
Portugal deve lapidarmente apoiar o Reino Unido, protestem a Pescanova, a Mango, Zara ou a Pull & Bear à vontade. Se eles persistirem neste tipo de alarvidades, Lisboa deverá voltar à carga com o Caso Olivença, um território formalmente reconhecido como português desde o Congresso de Viena. Isto, para nem sequer aventarmos os apetites marroquinos por Ceuta e Melilha. Além do mais, temos pendentes certas gulas pela área terrestre e marítima das Selvagens.
O alcaide de Olivença, pretende recriar os violentos eventos que conduziram à ocupação daquela vila pelas tropas espanholas comandadas por Godoy. Sabendo-se algo acerca das brutalidades cometidas contra a população oliventina - desde o momento da ocupação até à autêntica política de erradicação identitária ao longo de dois séculos -, não deixa de ser absurda, esta paródia engendrada pelo PP espanhol.
Se existisse alguém com coluna vertebral na Câmara Municipal de Lisboa, a edilidade promoveria já no próximo 1º de Dezembro, uma "reconstituição histórica" da defenestração de Miguel de Vasconcelos. Candidatos a actores não faltariam, pois "Vasconcelos" há-os de sobra, de Belém a S. Bento.
Os espanhóis veementemente reivindicam Gibraltar, praça cedida após a Guerra da Sucessão de Espanha. Os espanhóis recusam-se veementemente a contemporizar com a hipótese da alienação das praças de Ceuta e Melilha ao reino de Marrocos. Não cedem e com a veemência razão imposta pela vontade das populações e da História. De facto, o Marrocos que hoje consideramos, é uma construção quase contemporânea, enquanto Melilha foi ocupada no século XVI e Ceuta após o 1º de Dezembro de 1640.
Os espanhóis recusam-se veementemente a considerar a hipótese de cumprimento do estipulado pelo Congresso Viena que reconheceu a legítima posse de Olivença - e do seu termo - por parte do reino de Portugal. Tratado assinado e jamais cumprido. Pelo contrário, além da nunca efectuada retrocessão de Olivença, a Espanha é de facto o único Estado na Europa que ciclicamente promove a ideia da desnecessária existência de um Estado vizinho. Jamais reivindicou uma parte do seu território ou uma rectificação da fronteira, tal como alemães e franceses fizeram em relação à Alsácia e à Lorena. Não, a Espanha pretende a total incorporação portuguesa - com as ilhas e o património que hoje representa a CPLP - nessa obra que os Reis Católicos sonharam e jamais foi consagrada perpetuamente no mapa da Europa.
É por isso mesmo que neste ponto, Portugal não pode ceder. Nem pensar!