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O Jamaica está na moda

por Samuel de Paiva Pires, em 05.02.19

Parece que o bairro Jamaica é o novo Bairro Alto, Amoreiras, rooftop do Tivoli ou coisa que o valha. Qualquer dia os moradores não têm espaço na agenda para acomodar as pretensões de tantos políticos que gostam de marcar presença nos sítios in do momento. Vai fazendo falta é uma peça na Time Out.

publicado às 16:35

Ver-se Grego ou não

por John Wolf, em 17.02.15

Choices

 

 

Um questionário exigente foi colocado diante dos idealistas utópicos e homens livres. Estão com Tsipras, Varoufakis, Syriza e a Grécia na revolução que estes pretendem trazer à Europa, ou estão com aqueles que dizem proteger Portugal da hecatombe helénica(?). Estão com a inocência de Sócrates ou contra o sistema judicial português (?). Estão com os indicadores económicos que começam a ser favoráveis a Portugal ou estão com António Costa que diz que vai demolir a Austeridade(?). Estão com Putin na sua epopeia revanchista ou estão com os Atlanticistas da NATO (?). Estão empenhados na salvação solidária do povo grego ou estão mais interessados em extrair vantagens financeiras das suas iniciativas junto da ex-Troika (?). Estão mesmo com Charlie ou  já estão com um pé em Copenhaga (?). Estão com a permanência da Grécia no Euro ou estão com os cumpridores de contratos assinados (?). Estão com os gregos que querem receber dinheiros da segunda guerra mundial ou estão com aqueles que podem ter de pagar a ex-colónias africanas (?). Estão no Carnaval de Torres Vedras ou preferem o de Ovar? Escolhas difíceis, sem dúvida. Especialmente a derradeira.

publicado às 09:34

Ricos imigrantes precisam-se

por John Wolf, em 07.09.13

 

 

O Diário de Notícias relata neste apontamento de redacção que o governo pretende criar uma agência para atrair imigrantes ricos. "Pedro - o Lomba" (sim,  Tadeu diz "Pedro - o Lomba", vejam o filme) foi encarregado de anunciar esta nova loja do cidadão abastado. A ideia, que parece ser um Sonho Americano invertido, serve para confirmar que a ideia de "self-made man" não funciona em Portugal. O governo quer a papinha feita. Quer que jactos privados aterrem na Portela com passageiros carregados de massa, dispostos a largar o guito assim sem mais nem menos. Ou que génios, netos de Einstein, venham estagiar em Aveiro a troco de uma bolsa furada ou coisa que o valha. Este proto-projecto esbarra com a ideia de mérito, de sucesso alcançado a partir do nada, da mala de cartão que chega, que vem e não vai - rumo a Paris. Esta solução apenas confirma que duas décadas de presença de brasileiros e ucranianos não foi suficiente para que estes vingassem e fossem bem sucedidos nos seus intentos. O ambiente não lhes foi propício. Vieram com uma mão atrás das costas e foram-se com as duas feitas num oito. Esta magnífica ideia, para além de discriminatória, por apelar às elites intelectuais e financeiras de outros países, constitui um atentado ao pobre coitado (nacional ou não) que não reúne os requisítos propostos. O conceito anda perto de práticas de regimes nacional-socialistas - um processo de selecção de uns em detrimento de outros. São estes os valores que Portugal agora encarna? O país que foi o primeiro a abolir a escravatura. E pensam que os outros são idiotas? Esses prospectivos milionários que querem captar, muito provavelmente foram eles próprios os indigentes nos seus países de origem. Homens e mulheres com um par de sapatos sem sola, nada no estómago e nos bolsos, mas que foram capazes de se construir a partir de muito pouco. Este atalho chico-esperto não passa disso e há outra questão ética e financeira que se apresenta na alfândega, nos serviços de estrangeiros e dinheiros. Serão notas limpas as que trazem na mala? Ou será que ninguém quer saber, desde que seja uma divisa consensual? Ao subscrever este tipo de medida, o governo passa um atestado de incompetência aos esforçados da casa e manda-os dar uma volta. Vai trabalhar malandro, não vês que estamos aqui a atender um cliente como deve ser? Isto é mau demais para ser verdade. Olha lá? Só agora é que me lembrei: eu também sou um imigrante!

publicado às 15:37

Portugal e a cadeira do poder

por John Wolf, em 01.02.13

 

Não tenhamos dúvidas. O que está a acontecer, da Esquerda à Direita, não passa de manobras de diversão, números de circo. Não se discute em parte alguma a única questão que envolve um esforço hercúleo; o salvamento de Portugal com soluções substantivas que possam gerar emprego e conduzir o país ao crescimento económico. Em vez da salvação nacional, assistimos ao salvar do coiro individual. No PS a festa gira em torno de quem vai para onde e quando, se vai ou fica, se é melhor aqui ou ali. No Governo, o mesmo processo ocorre. Saem dali para entrarem suplentes. Dispensam-se titulares para entrarem estreantes. Tudo isto dá ares de grande agitação, de trabalho, de dinamismo. Mas desenganem-se, nada tem a ver com o desígnio nacional. O espectador não se pode deixar levar nesta novela transmitida de um modo estéril pelos meios de comunicação nacional. Não sou capaz de pescar nada deste marasmo, uma ideia sequer relacionada com uma visão de fundo. Um conceito estratégico que defina o perfil de um país, rico em talento avulso mas carente de homens de Estado. Um conceito abrangente que nos faça esquecer quem assina o guião, quem são os autores, porque as soluções expostas valem por si, e não necessitam de bengalas. Temos os ingredientes que um drama televisivo exige.  Mais episódio menos episódio, assistiremos a arrufos entre patriarcas partidários e traições à má fila. Ocorrências que gritam na calada da noite. Uma comissão interminável de afirmações e nomeações, que dá lugar a mais do mesmo - mais atrasos de Portugal no seu caminho em busca da prosperidade e justiça social. O fenómeno criticado por outras facções ideológicas que também tiveram as suas próprias altercações, a transformação de um bicho solitário em algo bicéfalo. Não vale a pena poupar nenhum deles. O comportamento é idêntico. Não há modo de realizar a destrinça entre uns e outros. Podem avançar com o entusiasmo que entenderem, mas a realidade não se altera a toque de caixa. Qualquer que sejam os eleitos ou os proscritos, os desafios não se alteram. Esta dança de cadeiras é Portugal igual a si, focada nos títulos e nos cabecilhas, mas que ignora o mérito alheio, anónimo. Daqueles que não necessitam de tachos para brilhar. Vira o disco e toca o mesmo. Já vimos isto vezes sem conta. Os Portugueses já não têm margem de confiança para oferecer àqueles que parecem estar a brincar com as suas vidas.

publicado às 14:23






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