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Não estou devidamente informado sobre a greve dos enfermeiros, pelo que não vou opinar sobre a legitimidade das posições da Ordem dos Enfermeiros e do Governo. Quero apenas deixar registado que tenho lido por aí um argumento interessantíssimo. Dizem os seus proponentes que a bastonária da Ordem dos Enfermeiros só se tem mostrado tão aguerrida por ser militante do PSD e o Governo actual ser do PS e acusam-na ainda de não ter afinado pelo mesmo diapasão aquando da anterior governação PSD-CDS. Ora, este argumento, invertidas as posições político-partidárias, serve para todos os sindicatos afectos à esquerda, que passam as governações de direita a rasgar as vestes e a fomentar a crispação social generalizada, mas que até parecem agentes civilizados quando é o PS a liderar o Governo e a implementar políticas tão ou mais gravosas que as do PSD e CDS. E isto sem falar no mais recente período governativo, o da geringonça, em que até há bem pouco tempo se remeteram ao silêncio. Tal como escrevi ontem, ao menos esforcem-se para apresentar argumentos minimamente válidos. Já dizia Sir Humphrey Applebby que “where one stands depends upon where one sits”, mas parem lá de tentar mandar areia para os nossos olhos, não vão os mais distraídos ficar a pensar que a coerência e a honestidade intelectual são virtudes dos sindicatos e da política em Portugal.
Por cá as corporações degladiam-se. É o resultado do excessivo poder que o Estado lhes atribuíu desde que, há anos, descredibilizou e massificou a constituição de Ordens profissionais a quem delega poderes públicos, processo contra qual me bati de forma isolada quando estava na Assembleia da República. E o resultado vê-se agora.
O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos criticou hoje a possibilidade de os enfermeiros acompanharem grávidas de baixo risco e exigiu ao ministério da Saúde "uma clarificação pública" sobre esta matéria.
"Cada macaco no seu galho", afirmou o presidente da OM/Norte, repudiando a possibilidade de os enfermeiros de família poderem acompanhar grávidas de baixo risco, doentes crónicos e prescreverem medicamentos e exames complementares de diagnóstico.
"O que está em causa não é a criação do enfermeiro de família", disse, "mas a possível transferência de competências de um médico" para aqueles profissionais.
O responsável criticou também as recentes declarações do bastonário dos Enfermeiros, Germano Couto, que, numa entrevista ao Jornal de Notícias, disse que uma "grávida é mais bem seguida por um enfermeiro do que por um médico", afirmando que se "excedeu no voluntarismo e se aproveitou a aparente disponibilidade do ministério da Saúde (MS) para avançar com a medida".
"A secção regional não pode ter outra atitude que não a de refutar publicamente e repudiar, de forma veemente, a campanha inqualificável de descredibilização dos médicos", sublinhou.
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