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A propósito de indignados de barriga cheia, visitem esta página e leiam os comentários. São mais elucidativos do que a própria notícia.
É isso mesmo o que Otelo acha!
*Fila da frente da esquerda para a direita: Mário de Nascimento Ferreira, Rui Graça (primo direito da minha mãe), José Marques Tapada, Kaiser, Carlos Cacho.
Fila de trás da esquerda para a direita: Mário Alves Pinto, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlos Paixão, Cruz Nunes, Octávio Esteves.
Poucos seriam donos de casas, fábricas, fazendas e outras mirabolantes propriedades que excitaram as imaginativas e revolucionárias cabecinhas que há quatro décadas envenenaram o semi-analfabeto meio mundo da Metrópole. Ao contrário de uma mão cheia de abastados "almeidassantos", em Moçambique predominavam os Velhos Colonos brancos nine to five, aqueles que após um dia de trabalho por conta de outrem, regressavam às suas arrendadas residências. Quando em vez de um Mandela nos saiu na rifa um Samora por entre apertos de mão, tonitruante vivório, abraços e saúdes protagonizadas por gente completamente indiferente ao destino e direitos dos seus compatriotas, estes resignaram-se a salvar as suas anónimas vidas, refugiando-se em Portugal continental e nas mais desvairadas paragens deste mundo.
Pouco ou quase nada trouxeram consigo. Enquanto alguns conseguiram empacotar os tarecos da casa, outros vieram com uma mala cheia de roupas de verão e as preciosas recordações de várias gerações de luso-africanos, cuja memória conservavam em dúzias de fotos. Aqui está mais um desses destroços do Império, dessa nau que jamais vencida em combate, foi deliberadamente afundada pelo capricho e interesse egoísta de uns tantos tripulantes.
Um grupo de rapazes ..."levados, levados sim!, pela voz", com o uniforme da Mocidade Portuguesa. Após aquele período obrigatório que ia até ao Secundário, os jovens podiam prosseguir a sua carreira na M.P. e esta foto é demonstrativa disso mesmo. Iam subindo de escalão, recebiam novos uniformes e distintivos, eram promovidos. Tratava-se de ..."rasgões, clareiras, abrindo", de uma opção, de um ..."querer, querer e lá vamos".
De todos eles, apenas reconheço dois: da esquerda para a direita, o segundo na primeira fila é o Rui, primo direito da minha mãe. No degrau acima, o segundo rapaz uniformizado para uma das actividades coordenadas pela M.P. no Liceu Salazar, chama-se Otelo Saraiva de Carvalho. O Rui, o primo dele - o Jorge, irmão da minha mãe -, o Vítor - meu pai - e o Otelo, eram colegas naquele grande liceu da capital de Moçambique. Ao sábado de manhã, a cidade via passar os adolescentes uniformizados e que compareciam às múltiplas actividades patrocinadas pela M.P.: taxidermia, pintura, escultura, teatro de fantoches, aeromodelismo, ginástica, equitação, canoagem etc. É sabido que as modalidades tinham início após a concentração nos grandes pátios dos estabelecimentos de ensino e talvez existam algumas fotos da saudação à bandeira, onde as celebridades de hoje, não hesitavam em cumprir um ritual parecido com outro que além fronteiras, marcou uma época: clop!
As velhas caixas e os albuns cheios de fotografias amarelecidas pelo tempo, são um alfobre de testemunhos da nossa história, autênticas arcas de tesourinhos nada deprimentes. Foi o que aqui trouxemos, um tesourinho ainda bem reconhecível. Com alguma sorte e talvez recorrendo a uns dias para vasculhar na poeira, talvez seja possível descobrirmos outras preciosidades há muito esquecidas.
- "Ó Otelo, pá, tás cheio de sorte, pá, não mudaste muito de feições, ó pá!"
* Na foto: L. Salazar - 1953
Adenda: a identificação de todos os rapazes presentes na foto. Agradeço a colaboração do José tapada, um dos presentes:
Fila da frente da esquerda para a direita: Mário de Nascimento Ferreira, Rui Graça, José Marques Tapada, Kaiser, Carlos Cacho.
Fila de trás da esquerda para a direita: Mário Alves Pinto, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlos Paixão, Cruz Nunes, Octávio Esteves.
A mesma foto, restaurada por António Botelho de Melo
Não sei nem me interessa minimamente o que dizem os manuais da "superioridade moral comunista", quando o assunto a tratar é a bigamia. Provavelmente, será mais um "desviacionismo pequeno-burguês" a pedir o epíteto de "inimigo do povo". Ora, o camarada Otelo orgulhosamente assume-a, bem ao contrário de muitos que por ai andam a "fazer serão" pelas leitarias nocturnas da Duque de Loulé, uma ou duas vezes por semana. Assim, ficamos a saber que lucky Otelo tem duas mulheres, mas há que deixar uma questão:
Como reagirá este portento de previsíveis proezas sexuais, se um dia destes as senhoras Dina e Filomena também decidirem - com todo o direito! - enveredar pela bigamia, arranjando cada uma delas para os dias sem Otelo, um matulão ersatz? Que tal?
No seguimento do episódio de ontem, o director de informação da RTP, Nuno Santos, teve a atitude que se esperava, em reacção às chamadas e e-mails recebidos e às críticas do CDS, que muito bem e em boa hora fez o que se impunha, pedir explicações sobre o sucedido.
Todos os dias vemos, ouvimos e lemos gente a dizer que o que faz falta é um Salazar, ou que devia haver um novo 25 de Abril. Quase parece ser um forma de escape de tensões individuais e sociais. Mas quando Otelo o diz, levanta-se um pé de vento no país político. Desta vez sem usar a palavra F, como fiz na semana passada em relação ao prefácio de Cavaco (no Facebook), permitam-me repetir o resto: já não há paciência para os pseudo-factos políticos indígenas.
Mais uma tolice de Otelo. O homem fala de perda de "alta" soberania - poderá ele dizer-nos do que se trata? -, como se as suas brincadeiras pós-adolescência num passado já distante, não tivessem sido determinantes para o estado a que chegámos. Como sempre desdenha abertamente de eleições e "acha" - é um achista militante e ajuramentado - que ..."esta ligação constitucional das Forças Armadas ao povo" implica uma aventura que o remeta para os tempos em que ainda não usava fraldas anti-incontinência.
Pior ainda, gaba-se da descolonização que tanto deu à querida URSS e Cuba - mas ..."sem ponta de neocolonialismo nosso" -, permanecendo cego perante as pesadas consequências que esta trouxe à antiga Metrópole e muito mais graves ainda, aos países saídos do antigo Ultramar. Claro que certa camaradagem cravista, sempre disposta a bravatas de saguão de messe à conta, é perita em saber fazer pela vida. Se alguns capitães-barrigas tinham por péssimo hábito o desvio de géneros destinados às frugais mesas da soldadagem em esforçada campanha nos matos, outros tinham sonhos mais altos, imaginando-se quais Neros de lira junto ao peito, ateando fogos aqui e ali. Mais espertos, souberam reciclar-se e é vê-los hoje sempre de partida ou chegada nas salas do aeroporto da Portela. Montaram os seus rendosos camelots em Angola e ou Moçambique, bem cientes da protectora "solidariedade de classe" dos páchiças que sem o esperar, se viram subitamente alçados ao despótico poder total, poder esse que jamais qualquer Governador-Geral português um dia imaginou poder existir.
O tolo quer um golpe de Estado. Imaginem se em vez deste, tivesse sido um daqueles oficiais "do antes" a atrever-se a uma exigência destas? Decerto já estaria numa situação paralela a Tejero de Molina. No mínimo.
"Excesso de pretensiosismo, a roçar o patético", diz o Sr. Francisco Assis , referindo-se ao candidato Nobre... Como se todos os partidos não estivessem recheados de patéticos, pretensiosos e especialmente, de arrivistas. Essa é a essência do bloco geral de interesses, precisamente no momento em que começam a sair certos esqueletos do armário.
A propósito, o Sr. Otelo Saraiva de Carvalho alerta quanto a cortes nas benesses dos militares contratados. Sabendo-se quase tudo acerca das origens corporativistas do 25 de Abril, o poder que se cuide. Pelo menos, Otelo acaba de reconhecer aquilo que sempre se soube: as "liberdades", os "progressos" e o "fim de opressões", não passaram de pregões matinais que escondiam o pedinchar de pecúlio: business as usual.
E nos dias de ontem, como hoje,
"E' deante d'um partido (Republicano) constituido por gente d'esta ordem, desde o Borracho, que fez pagar por 500$00 reis o serviço d'introduzir um burguez indinheirado na alcova da mulher que lhe concede as suas graças, desde o Bombarda, que não contente com os 500 ou 600$00 reis que recebe mensalmente da sua adorada, ainda mette em Rilhafolles, para ficar absolucto da fortuna, o marido atraiçoado, desde esses dois janotas, altas columnas da egreja partidaria, até ao safardana do Carlos Trilho ao bigorrilhas do França Borges, é deante d'um partido constituido por gente d'essa ordem, ladrões, bebedos, assassinos, cavalheiros d'industria, uma enorme troupe de bandidos, pulhas e canalhas, que emudecem de medo os jornalistas monarchicos, que fogem aterrados os ministros, que curvam humildemente a cabeça os presidentes do conselho e que obedece humildemente o proprio chefe de estado.