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Os Portugueses correm risco de vida. Quando o Presidente da República Portuguesa exprime o seu louco desejo de saltar por cima da dura realidade dos factos, torna-se colaborador activo do assassinato social do país. O estado de negação em que se encontra, deveria requerer que uma junta médica determinasse se o chefe de Estado reúne as faculdades mentais para continuar a exercer o mandato que lhe foi conferido. O salto à verdade que pretende realizar sobre o descalabro nacional, é sinal inequívoco da falta de equilíbrio psicológico deste lider recentemente tornado espiritual. Não sei se a lei prevê uma figura clínica que obrigue um titular de cargo público a ser sujeito a um conjunto de análises e exames médicos, sempre que as provas o justifiquem, e a pedido de uma comissão Parlamentar, mas chegou o momento para aferir da sua capacidade para exercer um cargo público de tamanha responsabilidade. Porque todos os outros argumentos lógicos e naturais caíram por terra. Os conselheiros de Estado, que se encontram no consultório de Belém, prestariam um serviço à nação, se confrontassem o Presidente com a loucura do Rei Aníbal. A crise que ele pretende tapar com a peneira, não é apenas política. A política, embora seja em simultâneo um sintoma e uma causa patológica do descalabro, não pode ser apresentada como falso alibi para o desastre económico e social. Como se fosse possível reparar a carroça escangalhada que desce a pique e a toda a velocidade a montanha. Já chega de ficção embelezada, fornecida pelos estúdios de Belém. O Presidente fala em pós-Troika? A única coisa que posso aproveitar desta hifenização que envolve os pós e a Troika, é o pó em si. O pó que assentou nos processos intelectuais. O pó que tolda a visão. O pó que não sei se inspiraram. E acho uma maravilha que o Presidente da República tenha enviado, pela primeira vez na sua vida, a documentação da reunião, aos 19 conselheiros de Estados. Pelo menos assim, os papéis não ganham pó. Decididamente o Cavaco Silva não percebe nada de obras nem do pó que se levanta. O país que se encontra em estado de emergência não tem tempo para estes convívios. Um plano de salvação deve ser posto em andamento sem demoras. Em vez de discutir o após-Troika, aqueles valentes homens estão obrigados a evitar uma catástrofe de proporções imagináveis, porque já temos amostras que cheguem para traçar um cenário muito negro para os sobreviventes deste cantinho à beira-mar plantado.
A escassos meses de eleições na Alemanha (que acontecem em Setembro), poderemos desenhar, grosso modo, o mapa de viagens da austeridade. Basta pensarmos que os políticos desejam a sua sobrevivência acima de tudo e, quando encostados às cordas, não hesitarão em aplicar as medidas que melhor preservem a sua continuidade. Com as notícias que chegam sobre a aplicação de medidas de austeridade na própria Alemanha, a que se associa à recessão em França, resta saber até onde a Merkel poderá ir sem comprometer o seu futuro. Por um lado, para poupar os contribuintes germânicos, poderá exigir ainda mais cortes e ajustamentos aos governos dos países sob ajuda externa, e isso a meu ver será catastrófico, uma desgraça. Por outro lado, a Alemanha poderá começar a esboçar um novo ciclo de relações externas, em consequência da situação doméstica que mostra sinais de desgaste económico e social. Ou seja, um progressivo abandono da Europa, passando a não impôr regras económicas e financeiras tão apertadas aos países da periferia Europeia, mas com o ónus para esses países, de verem uma mão vazia, estendida. Contudo, esse possível e gradual desligamento da Europa, na sua expressão mais ortodoxa, também significa criar uma fractura no eixo principal do projecto Europeu. Por outras palavras, menos austeridade, decidida em sede de governos nacionais, traduz-se em menos dinheiros a receber. Dinheiros extraordinários e de emergência, ou aqueles fundos provenientes de quadros institucionais comunitários. A situação que estamos a atravessar, não se reduz a um jogo de soma-zero, em que um leva tudo e os outros nada. A Alemanha terá o seu momento de bliss e não de blitzkrieg, e fará este exercício de procura de um equilíbrio razoável aos olhos dos seus constituintes, mas não necessariamente aos olhos dos estados-membros do sul da Europa. A Alemanha tem uma longa história de presenças em ambos os lados da barricada. Já foi devedora e actualmente afirma-se com credora. O Cavaco Silva, que viu há escassos dias a luz de inspiração divina, também estará a pensar no próximo ciclo - aquilo que ele designa por pós-Troika. Para isso terá convocado um conselho de Estado, mas a meu ver, dada a situação de emergência em que se encontra o país, não há tempo para convívios que produzem resultados nulos. Será que a Maria, o Cavaco e o Marques Mendes sabem algo que nós não sabemos. Para o Presidente da República falar de um modo tão efusivo de um conselho de Estado dedicado ao ciclo pós-Troika, será que estava de pijama no meio da noite de Belém, quando lhe apareceu a figura fantasmagórica do protestante Martinho Lutero, portador da notícia que a Angela Merkel vai findar a sua posição de timoneira, de mister na equipa da Troika? É disso que se trata? Ou serão apenas os efeitos alucinatórios de uma qualquer água benta vertida pela Nossa Senhora de Fátima. Qual pós-Troika, qual carapuça! O homem está a delirar.