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Oiçam a Manuela

por João Pinto Bastos, em 05.07.13

Sim, Manuela Ferreira Leite acertou na mouche. Segundo a ex-líder, ex-ministra e ex-velhinha embruxada, a situação do país é, certamente, muito pior do que o que tem sido anunciado. A saída de Gaspar não nasceu, pois, no acaso das improbabilidades cósmicas. Teve uma razão muito concreta. E, no universo do poder as razões concretas costumam ser, por antonomásia, bastante fortes. Foi o caso. É no mínimo estranho que ninguém se questione o porquê de Vítor Gaspar ter abandonado, neste preciso momento, o poleiro. Estranho e pouco palatável. Mais: acham mesmo crível que Paulo Portas tenha actuado de uma forma tão errática, fugindo às suas responsabilidades, omitindo factos e surpreendo os seus pares, sem que houvesse alguma razão bem ponderosa para tal conduta? Acham mesmo que Portas decidiu algo sem ter a mínima noção das consequências do que estava e está a fazer? Sinceramente, não acredito. Nunca acreditei em histórias da carochinha, e não será agora que passarei a dar crédito a contos do vigário.

publicado às 13:22

Horas de loucura

por João Pinto Bastos, em 02.07.13

1) Os acontecimentos das últimas 48 horas têm sido alucinantes. Primeiro, Gaspar, agora, Portas. É difícil digerir as emoções causadas por tanta loucura política. Por mais que se tente racionalizar o irrazoável, a verdade é que não há justificação alguma para o caos em que o país foi subitamente mergulhado. Não há ninguém inocente nesta estória de terror. Todos os actores políticos desta patacoada concorreram alegremente para o desfecho de indecisão vigente neste preciso momento.

 

2) Comecemos por Passos Coelho: primeiro-ministro há 2 anos, com uma maioria absoluta no bolso, Passos foi absolutamente incapaz de fazer uma reforma de vulto no Estado. Depois de assumir o programa de resgate como a trave ideológica do seu mandato governativo, Passos aumentou brutalmente os impostos, deixando a despesa pública praticamente intocada. Mais: o Governo liderado pelo eterno jotinha falhou em todos os indicadores económicos que importam, estabelecendo recordes no défice, na dívida, e no desemprego. É certo que a responsabilidade não deve ser assacada, única e exclusivamente, a Passos, mas a verdade é que o primeiro-ministro pouco ou nada fez para evitar esta situação. Além disso, a douta eminência que lidera o Governo destratou, vezes sem conta, o parceiro de coligação, e foi totalmente inábil na relação entabulada com o líder do CDS/PP. É normal que, após a demissão de um ministro de Estado, a escolha de um novo membro do elenco governativo não seja discutida com o parceiro de coligação? É corrente e recto escolher para a chefia do ministério das Finanças uma figura de segunda linha que tem sido repetidamente envolvida em imbróglios judiciais que contendem directamente com a gestão dos dinheiros públicos? É usual, também, que um primeiro-ministro recuse um pedido de demissão? Mas que raio de país é este? Tornámo-nos nas Honduras europeias e ninguém avisou os portugueses? Os resultados da inexperiência de Passos estão à vista: o Governo está em frangalhos, e o país abeira-se do segundo resgate. O culpado número um deste festival de parvoíces tem um nome: Pedro Passos Coelho.

 

3) O papel de Portas nesta ópera bufa é discutível. Não o nego. O timing desta decisão é, no mínimo, dúbio. Porquê hoje e não ontem? Porque é que a decisão de demissão não foi comunicada previamente - escrevo isto com base nas informações que foram sendo ventiladas pelos media - aos órgãos do partido? Porque é que Portas não optou pela via da hipocrisia útil, pondo o interesse do país acima da verrina desajeitada de Passos? Há imensas perguntas que podem ser feitas ao líder do CDS, porém, há que sublinhar o seguinte: o mau tratamento político a que Portas foi sujeito, constante e ininterruptamente, pelo primeiro-ministro tornou a saída de cena numa inevitabilidade quântica. As coligações fazem-de de entendimentos, compromissos e sentido de Estado. Nada disso se verificou. Os entendimentos foram sempre pífios, os compromissos inexistentes, e o sentido de Estado morreu na praia. Paulo Portas tem a seu favor o facto de ter perseguido, com vigor, ao longo destes últimos dois anos, uma agenda reformista que tinha no bojo o fim do excesso confiscatório de Gaspar. Exprimiu as suas divergências e aguentou estoicamente o fardo da estabilidade. Sem embargo, a paciência esgotou-se. Urge explicar aos portugueses, o quanto antes, o porquê desta decisão. O estado de falência do país não admite mais delongas. Portas, inteligente e arguto como é e sempre foi, sabe que os credores não tolerariam um estado de caos nas elites políticas e económicas. É por isso que sei e tenho a certeza que Paulo Portas - alguém que daria um excelente primeiro-ministro - esclarecerá cabalmente os portugueses a respeito dos contornos desta decisão. Com ou sem eleições - eu não pertenço ao grupo dos que diabolizam o recurso a um acto eleitoral -, o CDS tem de esclarecer, muito rapidamente, o que defende e propõe para o futuro da governação.

 

4) Cavaco Silva, quo vadis? Onde anda a eminência belenense? Sim, a pergunta a fazer é mesmo essa: onde anda o Presidente da República? Mais: como é possível realizar-se a cerimónia de tomada de posse da nova ministra neste cenário deliberadamente dinamitado? A incapacidade de Cavaco está a atingir o paroxismo da falta de escrúpulos. É bom que alguém o avise que o regime não aguentará tanta suavidade de gestos. 

publicado às 23:35






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