Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O congresso do Partido Socialista (PS) servirá para comemorar as bodas de geringonça. António Costa tem mesmo de realizar este certame para continuar a exultar as virtudes do acordo alcançado à Esquerda. Mais do que uma operação para enfrentar os desafios que se apresentam a Portugal, o secretário-geral do PS irá falar dos que não estão. Aproveitará para cascar no governo anterior e reafirmar as virtudes intocáveis das medidas de governação já tomadas. Mas a verdade é que os portugueses não dobraram a esquina do mal-estar económico e social. E também não é menos verdade que mais tempos difíceis se avizinham. A jogada de ilusão democrática é bem metida, mas não nos engana. O método da senha que permite a qualquer militante dizer de sua justiça no palanque rosa está pejado de artimanhas. Francisco Assis foi preterido, colocado no turno pouco mediático, lá para a meia-noite, quando estiverem todos arrumados. Ou seja, a censura já é uma doutrina interna. Mas mesmo que todos falassem aos mesmo tempo nos termos mais impróprios, em última instância, António Costa detém o golden share, perdão, o rosy share - o privilégio norte-coreano de escolher a dedo oradores favoráveis. Os camaradas-autarcas terão certamente melhores tempos de antena. Em 2017 teremos essas eleições, que podem muito bem servir para desferir um golpe de misericórdia nos intentos monopolistas dos socialistas. O PS, se quiser honrar o templo sagrado da geringonça, vai ter de se mexer para manter o mesmo pacto de regime nas eleições autárquicas. Este congresso de vida semestral da geringonça não é um seminário com a ambição de transformar Portugal. É uma conferência-campanha para validar e eventualmente estender o prazo contratado com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português. Será que vão distribuir senhas rosas aos amigos mais à Esquerda? Gostava de escutar Octávio Paz, Pato, é Pato, no congresso do PS.
Tomou hoje posse o XX governo constitucional.
A PaF ganhou as eleições com cerca de 38% dos votos, o Senhor Presidente da República deu e muito bem posse a Pedro Passos Coelho.
A oposição resolveu não comparecer na tomada de posse , com excepção do PS que enviou o deputado Galamba, quando o normal é serem representados pelas principais figuras parece estranho.
Que o PC partido não democrático não esteja presente, não aquece nem arrefece. O BE idem . O PS herdeiro de princípios democráticos que gosta de invocar, parece estranho.
António Costa, mostra assim que não tem um pingo de categoria e não respeita o protocolo do Estado Democrático. Fica bem na fotografia com as forças antidemocráticas PC e BE . Já ganhou tiques autoritários.
Mostra mais uma vez que não está ao nível de liderar nem o economato lá do partido.
Acima de tudo, foi uma falta de respeito para toda a nação Portuguesa.
O voto dos emigrantes produziu três deputados para a coligação Portugal à Frente (PàF) e um para o Partido Socialista (PS). Ou seja, 75% dos emigrantes e portugueses residentes no estrangeiro votou na PàF. Não sei que malabarismos matemáticos o PS pode inventar, mas desde já podemos concluir o seguinte: os emigrados entenderam que o governo de coligação tentou ao longo dos últimos quatro anos colocar Portugal no caminho do desenvolvimento. Porventura a enfermeira Claúdia Silva, que trabalha no Hospital Central de Oslo, gostaria de ver o seu país ter o nível de prosperidade da Noruega. Se calhar o doutorando Amândio Gomes, que foi trabalhar na equipa de investigação em fibra de carbono na Universidade de Princeton, interpretou o esforço contra-natura do governo de coligação do seu país como um mal necessário. Pois é. Estou pra´ aqui a especular, mas se os excomungados-trabalhadores quiséssem o PS de volta teriam oferecido quatro deputados aos socialistas. Não sei se me faço entender. Os emigrantes socialistas são uma minoria também neste capítulo de ultramarinidade. Ponto final.
O Partido Socialista colocou-se numa situação difícil. Diria mesmo que ficou em prisão domiciliária. A derrota eleitoral da noite de ontem põe em evidência alguns factos relevantes. António Costa, que fez da alternativa de confiança a sua bandeira de campanha, nem sequer é alternativa de si mesmo, mas ficou preso à cadeira do Largo do Rato como se não fosse arguido de uma noite eleitoral para esquecer. António Costa não se apresenta como um homem toldado pelos mais recentes acontecimentos. O que ontem aconteceu deveria ter implicado outro discurso. Em primeiro lugar, e em nome do fair-play democrático, congratular a coligação Portugal à Frente (PàF) e os portugueses pela escolha dessa maioria (mesmo que relativa). Em segundo lugar, e sem demoras, apresentar a sua demissão à luz de um outcome insuficiente, servindo-se da mesma régua que serviu para admoestar António José Seguro. São comportamentos desta natureza, que "administrativamente" podem dizer apenas respeito aos socialistas, que transbordam para o espectro integral da matriz electiva nacional - os portugueses viram e tornam a ver incongruências, e isso afasta-os cada vez mais, para gaudio do Bloco de Esquerda que soube interpretar as deficiências congénito-políticas do partido rosa. Os socialistas, pela mão de Costa, parecem não estar interessados em aprender. Repetem erros e mais erros que minam os fundamentos da representatividade partidária. As consequências do descalabro de Costa devem se fazer sentir o mais celeremente possível no Largo do Rato. A coligação, por seu turno, pode encarar a maioria relativa como algo de positivo. Um governo, fragilizado pelo número de assentos parlamentares, pode aproveitar a dissonância para conduzir a governação de um modo que assenta no envolvimento colectivo. As propostas que a coligação venha a apresentar em sede legislativa podem ser inviabilizadas pela oposição, mas a plenitude dessa negação recairá sobre os ombros de Costa e sua bancada parlamentar. O Partido Socialista (PS), se for inteligente, poderá aproveitar a estrada que tem pela frente para capitalizar junto da população portuguesa, demonstrando que é capaz de pensar para além do lugar dianteiro reservado aos ganhadores. O conceito de lead from behind seria um modo do PS paulatinamente renascer das cinzas. Mas não me parece que o ego político de António Costa queira acomodar o melhor para o país. A aposta foi de tudo ou nada. Pelos vistos o tema monolítico da Austeridade tem mais nuances do que os olhos querem ver. Aguardemos com expectativa, e com algum grau de suspeição, para confirmar se António Costa pretender mesmo lançar Portugal no marasmo político. Apenas mais uma coisa para terminar e que salta à vista de um forasteiro como eu: em Portugal temos quase sempre um grupo de génios que é sempre melhor que o outro grupo de atrasados mentais.
Ponham de lado as sondagens. Esqueçam os estatísticos da praça. Façam-se de surdos e não escutem o ruído dos comentadores de sempre. Olvidem a ideologia que vos doutrinou sem que dessem por isso. Distraiam-se dos partidos e concentrem-se no essencial. O que aconteceu a Portugal nos últimos 4 anos poderia ter acontecido a qualquer governo. Se estivesse lá um outro grémio de poder, de outra cor política, o resultado seria o mesmo. Em 2011 Portugal rebentou pelas costuras e a responsabilidade desse facto recai sobre todos os portugueses sem excepção. Desde o 25 de Abril que os cidadãos deste país tiveram oportunidades e mais oportunidades para experimentalismos doutrinários na escolha dos seus magnos representantes. Puderam colocar estes ou aqueles no poder, puderam cultivar a sua discórdia, puderam fazer parte da construção política do país. Em ambiente de escolha livre e democrática, puderam colocar quem bem entenderam nas diferentes cadeiras do poder. Portugal e o seu parlamento espelham essa diversidade de posições. Em suma, sempre houve sabores para todos os gostos. Mas essa oferta variada não se traduziu necessariamente na ideia de prossecução do bem colectivo. Houve quem se apropriasse da titularidade do cargo para avançar interesses parcelares. Quando no dia 4 de Outubro os portugueses forem chamados à liça, mais uma vez poderão exercer o magistério desse direito inalienável. Se não votarem, perdem, na minha opinião, a chance de contribuir para o desenvolvimento nacional. Se faltarem a esse chamamento deixam de poder vaticinar sobre o que poderia ter sido ou o que deveria ter sido. E este apelo à missão cívica também diz respeito aos visados no processo electivo, mas de um modo particular e no que diz respeito a princípios de exequibilidade governativa. Temo que uma derrota socialista se traduza noutro prolongamento de rancores e bloqueios, atrasos e intransigências. O aviso foi feito por António Costa no que diz respeito ao Orçamento de Estado e deve ser levado à letra como se fosse uma séria ameaça. Se eu fosse integralmente prático, e concebesse um cenário de mal menor, a solução de maioria absoluta seria a exclusiva, a melhor. Se por hipótese o Partido Socialista assumisse essa vitória esmagadora, mais rapidamente as fragilidades da sua utopia governativa conheceriam a luz do dia e morderiam a própria cauda. Ou seja, um governo socialista extinguia-se no auge da contradição e da quebra de promessas eleitorais. Por outro lado, se a coligação se afirmar novamente enquanto governo de maioria, poderá mais rapidamente fechar um ciclo de medidas penosas que foi obrigado a implementar para salvar um país à beira da catástrofe. Em suma, o resultado que melhor serve Portugal deve ser inequívoco. Um desfecho que não seria peixe nem carne. Votem bem que eu fico a ver. E esperemos que Portugal não fique refém da ditadura da relatividade eleitoral.