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A cultura e pseudo-intelectualidade ainda são uma divisa de valor. O povo deve ser reencaminhado. O povo deve ser levado pela mão para o ministério do saber e da presciência. O burro não há-de morrer idiota. A Presidência da República disponibilizou o shopping de Belém para que editores da praça pudessem espalhar a boa palavra. Mas o busilis da questão não reside aí. Um território institucional do Estado foi colocado à disposição de empresas para que estas pudessem exercer a sua actividade e gerar um cash-flow. Houve vendas nos jardins do Palácio de Belém. Houve mais-valias no Palácio de Belém. Houve marketing e publicidade de editoras no Palácio de Belém. Houve lucros no Palácio de Belém. E se amanhã o lobby das farmácias quiser fazer uma mostra e venda promocional de um novo anti-psicótico nesse mesmo jardim? A saúde é tão importante quão a literatura. Um supositório vale tanto quanto uma bela suposição. Qual foi o regime fiscal que prevaleceu na festa do livro? A quem pertence esse domínio público? Agradecia que alguém me esclarecesse. Belém é um offshore ou não?
Neste país que aparenta ter novecentos anos, vejam bem esta cena. Um arrumador de cinema de bairro vai distribuindo lugares, marimbando-se para a coorte de fotógrafos presente no local. A Rainha é despachada para um canto, o Rei muito a custo tenta apressar-se. O Sr. 17,5milhões/ano encosta-se à Majestade. Vem depois o aparentemente incrédulo casal italiano.
Faltava alguém, claro.
Momento zen, é o dar ao ombro da cavalheira de vestido azul, quase fazendo cair o monarca espanhol, ainda brindado com uma cotoveladazinha. Lá arranjou o seu espacinho, homessa!
500 moleques de serviço em Belém, carrões, choféres em barda, três ex cheios de manias protagonizantes e uma catrefa de pré-candidatos para esta gulosa inutilidade que urgentemente deve ser erradicada das nossas preocupações.
Vendo as coisas como elas se apresentam, Portugal é coisa nova, rondando as quatro décadas de rotineira vidinha.
No próximo dia 21 de Fevereiro, será inaugurado o monumento Sala Thai, excepcional honra concedida a Portugal pelo Reino da Tailândia. No âmbito da celebração dos 500 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países, a Casa Real tailandesa será representada ao mais alto nível pela Princesa Maha Chakri Sirindhorn que no protocolo daquele Estado, substitui Sua Majestade o Rei Bhumibol Adulyadej.
As relações de Portugal com aquela potência asiática, situadas no quadro da viragem da política mundial que se vai centrando no âmbito das margens do Pacífico, revestem-se hoje de uma extrema importância, facto que o Palácio de Belém não poderá ignorar. Seria desejável a máxima representação do Estado naquela cerimónia que dentro de poucos dias decorrerá em Belém, mas existem informações absolutamente fidedignas acerca de mais uma não-presença presidencial naquele acto. A Chefia do Estado é antes do mais representativa e protocolar, assim se entendendo o seu alegado caracter supra-partidário e simbólico. Embora reconhecendo-se a quimera deste distanciamento numa forma de representação republicana cujos limites são bem conhecidos, a Presidência da República deveria esforçar-se por entender o peso de uma história que conta perto de um milénio. Marcando sempre posição em qualquer reunião empresarial ou do restrito mundo da plutocracia de elite, a Presidência da República tem ignominiosamente descurado os seus deveres protocolares, precisamente aqueles que não se compadecem com crises económicas ou apetites de sector, seja este político ou financeiro.
Sabemos que o Ministério dos Negócios Estrangeiros procedeu a diligências no sentido de proporcionar a máxima dignidade ao acto. Quando do planeamento da visita da Princesa Sirindhorn, causa estranheza não ter sido prevista uma visita real à iniciativa mais relevante no âmbito das comemorações do V Centenário. Encontrando-se patente na Biblioteca Nacional de Lisboa a importante exposição documental alusiva às relações entre Portugal e a Tailândia, o Estado deveria ter incluído uma visita à mesma.
O Portugal de sempre estará representado nesta excepcional honra que o Reino da Tailândia presta ao seu mais antigo aliado europeu. Na pessoa de S.A.R. o Duque de Bragança, o sucessor do Rei D. Manuel I que há cinco séculos com o Rei Ramathiboti II iniciou as relações luso-siamesas, o nosso país em Belém terá o seu representante legítimo e livre de peias, temores ou más disposições de circunstância.
Samuel de Paiva Pires
Nuno Castelo-Branco
Um tanto ou quanto tardiamente, os serviços "assessórios" do Palácio de Belém, decidiram reconhecer a anexação do Kuwait pelos iraquianos do ex-senhor Saddam Hussein. Para termos uma ténue ideia acerca da única vez em que aquele emirato foi uma República, há que recuarmos duas décadas. Tendo sido anexado pela República do Iraque - uma conhecida e libérrima democracia, bem ao invés do despotismo monárquico-obscurantista do regime do emir -, o Kuwait foi durante alguns meses, esmifrada parte daquela espécie de Marianne à beira Golfo.
Dúzias de assessores com acesso a todo o tipo de disparates dados à estampa em decreto que passou despercebido ao 1º Ministro e ao Ministro dos Negócios Estrangeiros. Por dezassete milhões de Euros ao ano despejados em Belém, coisa pouca.
Como curiosidade final, nomeámos um Leitão para nos representar num país muçulmano.
No próximo dia 21 de Fevereiro, será inaugurado em Lisboa, um monumento que celebra as relações entre Portugal e a Tailândia. Uma peça única que embelezará Belém, merecendo todo o cuidado e atenção por parte do Estado. A Sala Thai, é um dos quatro exemplares existentes fora daquele país asiático e a sua oferta a Portugal, consiste numa extraordinária atenção ao nosso país.
O acontecimento é visto pelos tailandeses como algo da maior importância, daí a não delegação no Embaixador para cumprir os deveres protocolares na inauguração da Sala Thai. Impossibilitado pela doença de que enferma há alguns anos, o Rei Bhumibol enviará a Princesa Sirindhorn - que naquele país beneficia de um estatuto similar ao de seu irmão, o sucessor Vachiralongkhorn - em sua representação, colocando esta cerimónia no nível protocolar mais elevado. A parte portuguesa deverá corresponder e nem por um momento podemos duvidar da presença do Chefe do Estado.
Num mundo em que a relação de forças parece indicar um seguro alvorecer do poder da zona Ásia-Pacífico, há que agir inteligentemente, não ferindo susceptibilidades. Bem sabemos do quase total desconhecimento de que a actual elite política europeia padece acerca do pensamento e forma de agir das diversas sociedades asiáticas, mas no caso português, a nossa longa história evita embaraços protocolares.
A Tailândia honra-nos ao mais alto nível e reconhece em Portugal, o seu mais antigo aliado.
Estamos avisados de Portugal não poder falhar e Belém disso deve ter a plena consciência.
As atitudes são quase símbolos e espelham bem o carácter de quem as toma.
Há umas semanas, o deplorável evento da omissão do PEC 4 ao Presidente e Parlamento. Dias depois, o absurdo discurso presidencial, quase de chefia de partido. Ontem e após o início da sessão para a discussão do mesmo PEC, outra cena caricata, quando o 1º Ministro sai do hemiciclo, numa inegável demonstração de desprezo pelo mesmo. Minutos decorridos, dois Ministros - os mais importantes - ausentam-se ostensivamente, deixando Manuela Ferreira Leite discursar para deputados que não podiam desconhecer aquilo que tinha para dizer. Este tipo de ordinarice tornou-se de tal forma corriqueira que passou a fazer parte integrante do sistema vigente.
É este, o gabarito democrático da gente que diz governar Portugal. É esta, a gente que tem pretensões a concitar o respeito dos comuns mortais que lhes pagam as mordomias e a proeminência muitas vezes imerecida. É este, o resultado de um longo período de ausência do autêntico parlamentarismo em Portugal, esmagado pelos cacetes e lápis azuis de Afonso Costa e Salazar. Aqui está o resultado, esta é a República Portuguesa.
Mas o caso não ficou por aqui. No mesmo dia, o Presidente que diplomatas estrangeiros dizem ser um sujeito vingativo, tira a mesquinha desforra daquilo que se passou há duas semanas. Mal o seu ainda 1º Ministro saiu de Belém, apressou-se a divulgar o pedido de demissão que aquele lhe fora apresentar e sem sequer aguardar o comunicado oficial do dito cujo. Como diz António Barreto, o espectáculo não é dos melhores.
Eles já nem disfarçam, acham alguns, enquanto outros pensam ser essa, a grosseira essência do regime. Esta gente é tralha de um enorme baú de vulgaridades. Esta gente não serve, não presta. Bem podia ser reciclada na Inglaterra.
O Senhor 23 está "muito preocupado" com a actual situação do país. Pois fique sua excelência a saber, que muita gente já estava preocupada quando nos anos 90 levou o país por um caminho que infelizmente bem conhecemos. É bem conhecida a sua capacidade de dissimulação, a reserva mental, os jogos de bastidores, as amizades perigosas, o espírito de matilha, o adiamento de decisões para benefício egoísta, a deslealdade relativamente a quem deve a sua posição de proeminência. Esta entidade não é má moeda. É numerário falso.
Ainda muito a propósito do Orçamento Geral do Estado que o governo deverá apresentar ao Parlamento, sugerimos ao 1º ministro que admoeste o Palácio de Belém quanto a uma redução de gastos. De Madrid chega a notícia de João Carlos I ter solicitado a Zapatero, o não aumento em 2010, da dotação anual à Casa Real. Como se sabe, o Palácio da Zarzuela despende 8,9 milhões de Euros/ano para aquele "estadão" que se conhece. Aqui, na República da Tugalândia, os quase 17 milhões anuais são apenas suficientes para a sra. de Cavaco Silva dizer em entrevista que o Palácio de Belém não tem... um tostão?!