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Numa livraria perto de si.
LX vinte e oito - uma chancela da Livros Horizonte
Em directo na TVI24, domingo dia 14, pelas 14h.
O Papa Francisco afirmou há dias que o Corão é um livro de paz e que o islão não é uma religião violenta. Entretanto, na Indonésia, o cristão governador de Jakarta que vai hoje a eleições enfrenta a fúria dos que querem vê-lo condenado em tribunal por blasfémia, ou seja, por alegadamente ter insultado o islão, apesar de 88% dos indonésios admitirem que não sabem ao certo o que Basuki Purnama Tjahaja terá dito.
Não se trata de conversa fiada à maneira obamista, de grunhidos de lunáticos como o sr. Bush 2 ou de berreiro proveniente de dangerous & greedy thugs como a sra. Hillary. Não estamos ensurdecidos por qualquer alarido daquele imundo lixo que invariavelmente tem curiosas denominações de 7º dia, Mórmons, Últimos Dias, Meninos de qualquer coisa desde que se chamem Elder, chularia psicopata da "cientologia", etc. O apelo às armas, também não provém dos gangues de não-cozinheiros de avental que escandalosamente se locupletam bem longe de fogões. O que hoje foi dito, nem sequer veio de um dos canais de esgoto que nos anos sessenta e setenta foram protestante e capciosamente implantados pelos nossos aliados em abastadas e subversivas Missões por todo o Ultramar.
Hoje, no regresso da sua viagem à Coreia, o Papa Francisco I parece ter sugerido uma Cruzada no Iraque. Pelo menos, é a mais evidente interpretação do seu apelo à necessidade de travar a califagem que tem cometido todo o tipo de atrocidades sem resposta.
S.S. diz não querer a guerra, a violência, mas tão só, travar. Estamos de acordo. Ora, se é reconhecidamente impossível travar aquelas criaturas sem o recurso à força, seria então interessante um melhor esclarecimento acerca do que pretende e até onde poderá chegar o apelo papal.
allowfullscreen>Não professo nenhuma religião em particular, mas sou adepto ferveroso da universalidade, do humanismo e da transformação que deve marcar as nossas vidas. A partida do Cardeal Patriarca de Lisboa D. José Policarpo poderá servir para a Igreja Católica Portuguesa admitir uma nova doutrina de intervenção. O Papa Francisco veio agitar as consciências e relembrar a singularidade da simplicidade do homem. A energia vital que espalha transcende os cânones da Igreja Católica e mobiliza não crentes para desígnios que dispensam o magistério dos rituais. Cada homem, sem capa ou batina, pode intervir em nome do bem comum. É essa a mensagem que o Papa Francisco transmite. Será que existe em Portugal um eclesiástico que se possa apresentar ao país com essa mesma luz de inspiração? Em tempo de falência de instituições, a reforma da Igreja Católica portuguesa seria mais que bem-vinda. Gostava sinceramente de ver um Cardeal capaz de fazer uso de uma linguagem mais adequada aos nossos tempos. A distância hierárquica que o Papa Francisco encurta, na sua devoção aos fiéis, é algo que deve ser emulado, seguido como exemplo de pleno renascimento. As pessoas caídas em desgraça económica e social precisariam também de uma nova expressão de fé. E, na minha opinião, esse é um papel que a Igreja Católica portuguesa pode desempenhar. Os homens, grandes e pequenos, devem caminhar lado a lado nesse caminho incerto. Um país declaradamente católico como Portugal, deveria abraçar a revolução da mensagem e do estilo que definem o Papa Francisco. A vida dos crentes tornar-se-ia, na minha opinião, um pouco mais leve. Ganharia ainda mais sentido.
Analisar um papado com tão poucos meses de duração é, por antonomásia, um exercício deveras arriscado. Com o Papa Francisco ao barulho, esse exercício torna-se ainda mais complicado pela simples razão de que o ex-cardeal de Buenos Aires é um personagem totalmente à parte do que é o comum dos homens públicos deste início de século. Aliás, se repassarmos a história conturbada dos últimos decénios deparar-nos-emos, certamente, com uma enorme dificuldade em vislumbrar personalidades que sobrepujem a pequenez tão característica destes tempos pós-moderninhos. O Papa Francisco oferece, a este título, uma ambiguidade suplementar, cuja destrinça não se afigura de todo uma tarefa fácil. Aquela que é para muitos a grande qualidade de Francisco, é, a meu ver, o seu grande defeito: refiro-me, pois claro, à overdose mediática que rodeia todos os gestos e ademanes do Papa, num grau que chega a raiar a exageração absoluta. Há quem entenda esta abertura à mundanidade como um gesto de tolerância para com as multidões ululantes dos tempos presentes. Esta opinião é defendida, sobretudo, por aqueles que desejam uma Igreja rendida às modas abastardadas de um tempo sem referências axiomáticas dignas desse nome. É certo que Francisco não fez, até ao momento, nenhuma inflexão significativa no que toca à essência medular do dogma católico, porém, esta mudança de tom e de abordagem poderá criar, a longo trecho, mudanças indesejáveis na estrutura de uma instituição tradicionalmente imune aos modismos deslumbrados dos cultores do progressismo ignaro. Neste sentido, creio vivamente que a aposta numa comunicação excessivamente "moderna" não augura nada de bom, porquanto o mediatismo exacerbado tem sempre, como reverso da medalha, a desilusão destemperada de quem genuinamente acreditou que era possível moldar a Igreja ao destrambelhamento contemporâneo. Mas seria um erro tremendo avaliar o actual papado, única e exclusivamente, sob este prisma, dado que há no Papa Francisco uma dimensão cuja relevância importa não descurar. Essa dimensão prende-se directamente com a origem jesuítica de Francisco. O jesuitismo tem aqui uma dupla manifestação, nomeadamente na atenção dada pelo Papa, nas suas comunicações públicas, aos condenados da terra, assim como ao igualitarismo, extraído do luteranismo catolicizado dos Jesuítas, presente no apostolado diário dirigido a um público fremente de renovação evangélica. O papado tem sido, neste curto espaço de tempo, positivamente marcado por esta mensagem prática, cujo fito incide, fundamentalmente, na acção e na práxis dos fiéis. Mais do que um intelectual à Bento XVI votado propositadamente à conversão da Cidade, Francisco é e será um Papa voltado para a acção e caridade diárias, vivenciadas no contacto apostólico com os fiéis. Não há, bem vistas as coisas, nada de negativo nesta opção, nem haveria, necessariamente, se a escolha tivesse incidido numa orientação intelectualmente mais contemplativa. Francisco sabe o que faz, e tem a perfeita consciência de que guia algo maior do que a própria vida. Resta ao próprio não se deixar tragar pela lógica mecanicamente pretensiosa da contemporaneidade. Alea jacta est.
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Porque não é a Luta, a Violência e a Crispação gratuita, mas a compaixão, o encontro e a partilha que fizeram, fazem e farão toda a diferença pela positiva, neste Mundo, nesta Vida, neste trânsito Histórico da Espécie Humana. O Caminho a seguir é esse, a compaixão, o afecto, o calor humano, como únicos embrulhos com sentido numa mensagem Espiritual credível.
Passos Coelho ou Cavaco Silva não podem fazer o que o Papa Francisco acaba de fazer. Pegar no telefone e ligar para um cidadão com o intuito de lhe dar alento, esperança. Que fique bem assente: não professo nenhuma religião em particular nem trabalho para a companhia de telefones. O que confirmo nesta chamada relaciona-se com a perda do mínimo denominador comum que liga os homens, a ligação empática. Os actuais governantes perderam a nação, mas também perderam a noção de que essa entidade sagrada não pode ser violada. Quando um lider perde o direito de estabelecer a ligação com o cidadão comum é porque a coisa não corre bem. Eu sei que estão a pensar nos soldados da paz e a falta que o abraço lhes fez. Mas, por outro lado, talvez já não queiram sentir "essa" mão no ombro. Se um número de telefone fosse discado e a chamada aterrasse na casa de um desempregado, de alguém caído fora do sistema, não sei se o contacto do call center seria um incómodo ou não. Oh, Passos, não tens nada melhor que fazer? Vai chatear outro. Desampara a loja. As telecomunicações políticas já não são o que eram. O que resta para que não desliguem o telefone na cara? Os outdoors das campanhas autárquicas? Os panfletos e as brochuras obscenas? Um homem como o Papa Francisco rasgou o protocolo e carregou o cartão de chamadas. Fala de igual para igual com os seus interlocutores. E é disso mesmo que se trata - credibilidade. A refundação da relação lider-seguidor, o restabelecimento da confiança a partir do grão inicial. Enquanto esse grau de proximidade não for restabelecido os governantes terão de continuar a emissão a partir de uma torre de marfim, um castelo de cartas.