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Seis meses e uma senha socialista

por John Wolf, em 03.06.16

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O congresso do Partido Socialista (PS) servirá para comemorar as bodas de geringonça. António Costa tem mesmo de realizar este certame para continuar a exultar as virtudes do acordo alcançado à Esquerda. Mais do que uma operação para enfrentar os desafios que se apresentam a Portugal, o secretário-geral do PS irá falar dos que não estão. Aproveitará para cascar no governo anterior e reafirmar as virtudes intocáveis das medidas de governação já tomadas. Mas a verdade é que os portugueses não dobraram a esquina do mal-estar económico e social. E também não é menos verdade que mais tempos difíceis se avizinham. A jogada de ilusão democrática é bem metida, mas não nos engana. O método da senha que permite a qualquer militante dizer de sua justiça no palanque rosa está pejado de artimanhas. Francisco Assis foi preterido, colocado no turno pouco mediático, lá para a meia-noite, quando estiverem todos arrumados. Ou seja, a censura já é uma doutrina interna. Mas mesmo que todos falassem aos mesmo tempo nos termos mais impróprios, em última instância, António Costa detém o golden share, perdão, o rosy share - o privilégio norte-coreano de escolher a dedo oradores favoráveis. Os camaradas-autarcas terão certamente melhores tempos de antena. Em 2017 teremos essas eleições, que podem muito bem servir para desferir um golpe de misericórdia nos intentos monopolistas dos socialistas. O PS, se quiser honrar o templo sagrado da geringonça, vai ter de se mexer para manter o mesmo pacto de regime nas eleições autárquicas. Este congresso de vida semestral da geringonça não é um seminário com a ambição de transformar Portugal. É uma conferência-campanha para validar e eventualmente estender o prazo contratado com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português. Será que vão distribuir senhas rosas aos amigos mais à Esquerda? Gostava de escutar Octávio Paz, Pato, é Pato, no congresso do PS.

publicado às 17:58

António Costa com nada na mão

por John Wolf, em 02.12.15

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Já percebemos que a apresentação do alegado programa de governo não está a acontecer na Assembleia da República. Esse tempo de antena, que pertence aos portugueses, está a ser roubado para a negociação dos acordos que faltam ao PS, o BE e o PCP. Em suma, não existe nada. Nem acordos, nem programa de governo. Discutem o passado e lançam as bases para justificar o falhanço da legislatura - quer esta dure 6 meses quer esta sobreviva ano e meio. Portugal fica para depois. Enfim, estamos a assistir a uma aula de história política contemporânea. Dispensável.

publicado às 17:00

O peso dos blocos de António Costa

por John Wolf, em 17.12.14

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António Costa evoca as glórias do Bloco Central (PS/PSD) liderado por Mário Soares nos anos 80, e esse facto deve servir de bitola para interpretar as suas intenções e a sua base ideológica. Deve pensar Costa que os portugueses são idiotas. Foram pactos de regime dessa natureza que promulgaram a falsa rotatividade do poder - ora mandas tu, ora mando eu. Foi esse arranjo que possibilitou a distribuição mais ou menos equitativa dos meios necessários para implementar verdadeiras redes de influência e a apropriação dos meios económicos para os membros dos respectivos partidos. Para além dessa evidência, o "regresso" ao conceito de bloco revela a incapacidade em pensar prospectivamente e de um modo inovador. Os blocos são coisas do passado. Houve um Bloco de Leste, e mais recentemente um segundo que conheceu a ruína, quase idêntico etimologicamente - o Bloco de Esquerda. Diz ainda o secretário-geral do Partido Socialista que foi Soares que salvou o país e hasteou a bandeira da recuperação. Mentira. Foi o FMI que também esteve cá nessa ocasião e que não deixou  o afogamento nacional suceder. Não sei que tipo de dividendos Costa pretende extrair deste ângulo de abordagem ao poder, mas arrisco dizer que sente que não são favas contadas, que as legislativas não estão no papo absoluto, absurdo. Ao envolver o Partido Social Democrata na antecâmara das considerações, obriga esse mesmo partido a exercício semelhante. Ou seja, a uma declaração ténue de uma nota de intenções sobre constituições de sociedades gestoras de poder. Porque no fundo é disso que se trata. Uma empresa política repartida por quotas a que alguns dão o nome de bloco para soar a luta sindical, a levantamento de operários - demagogia central.  Portugal, lamentavelmente, tornou-se refém do seu legado. Torna a encontrar as mesmíssimas sementes que a conduziram ao descalabro, à colheita rara de ideias caducas. A montanha pariu um bloco.

publicado às 16:58

A imprensa estrangeira que nomeou Mário Soares personalidade do ano não é assim tão estrangeira. Contabilizo pelo menos 16 jornalistas da associação de imprensa estrangeira em Portugal com apelido português. Estrangeiro sou eu, mas não sou jornalista. E quem terá ficado em segundo e terceiro lugar na votação da figura do ano. Ou será que Mário Soares foi o único a concurso? E o Baptista da Silva - o consultor da ONU -, não conta? Gostaria de saber como funciona o processo de selecção, qual o critério definido e quais as filiações ideológicas e partidárias do júri do concurso. Assim, atirado ao ar, o prémio soa a arranjinho e não passa de propaganda de não se sabe bem o quê. E a associação de imprensa nacional quem elege como preferido? A imprensa estrangeira em Portugal diz que Soares é a personalidade do ano, mas não refere o género de personalidade. Se é expansiva, sisuda, marcante, ou se é uma personalidade passada ou ajuízada. Qual a vocação programática da associação? Defende os valores humanos, a Democracia e o endeusamento de figuras do passado? Já bastava a surrealidade que acontece numa base diária em Portugal, para termos de levar com esta terminação de taluda. Será que Soares procura lançar-se às europeias que estão aí à porta e pediu ajuda para melhorar a imagem no exterior? E em que estado emocional terá ficado Seguro? Às tantas esperava que lhe saísse a fava do bolo-Rei, mas em vez disso saiu-lhe o Rei e foi mandado à fava. Contudo, o mais grave deste devaneio relaciona-se com o atestado passado ao povo português. Este conjunto de relatores do estado da nação, valida a ideia, de que alguém do passado, tem um papel proponderante no destino do país, como se desejasse que Portugal não saísse da sua condição, como se o futuro de Portugal estivesse refém para todo o sempre de uma figura política de outro tempo histórico, de outra galáxia.

publicado às 18:11

Do passado que não sabemos

por Regina da Cruz, em 12.10.13

Tenho mergulhado no passado recente português e é impressionante a quantidade de personalidades que tenho conhecido e das quais apenas muito leve e vagamente ouvi falar. É como se eu desconhecesse por completo os avós e bisavós do pensamento contemporâneo português. É um fosso abismal! Estou deveras impressionada com a minha ignorância - embora não devesse.

 

Como podemos compreender e pensar Portugal no presente e dar-lhe um rumo de futuro se tão pouco sabemos do passado, inclusive do passado recente. Quantas personalidades marcantes, quantas ideias, quanto pensamento vivo, quanta sabedoria portuguesa, quanta intuição sublime, foi atirada para o asilo do esquecimento!

Quanta ingratidão, quanta soberba, quanta miséria.

 

E não há uma alma que nos devolva o passado, que nos dê a conhecer o que de melhor e mais edificante foi construído ao longo dos séculos pelos nossos antepassados! Apresentem-me os meus avós, bisavós, tetravós! Quero conhecê-los e quero ouvi-los, quero saber o que pensaram e pensam ainda de nós, nós os que estamos perdidos, nós os que estamos desorientados nós que precisamos de um conselho e de uma direcção. Que é feitos dos "antigos"? Que é feito das suas ideias?! Ligamos a televisão, abrimos um jornal, passamos os olhos por uma revista e só vemos superficialidade descartável encenada por gente que veio ao mundo com o único propósito nefasto de nos distrair e confundir.

 

Resta-me a curiosidade individual e atomizada, sem método, aleatória, de buscar e aqui e acolá, ler esta passagem e aquela, sem guia, sem instrumentos, ao acaso, sem um fio condutor que não apenas aquele do meu parco entendimento filosófico...Ah, paciência, curiosidade e inteligência não me abandonem nunca , por favor, por que sois tudo o que me resta nesta existência orfã e faminta!

E sigo deambulando, solitária, pelo tempo histórico, colando os fragmentos do pensamento como quem cola pedaços de fotografias na tentativa de perceber a imagem total e ter uma ideia daquilo que poderá ter existido e que o tempo, na sua dinâmica inexorável, se encarregou, como é normal quando não há guardiões da memória, de apagar.

 

(publicado originalmente aqui)

publicado às 15:13






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