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Por vezes penso que Portugal precisa urgentemente de um Snowden ou de um (ou uma) Manning para pôr em marcha um qualquer processo de transparência dos assuntos de Estado e governo. Até tenho um nome para o dissidente - "o Quim das pastas" - ou - " o Zézinho das fugas". Faz falta uma carta fora do barulho, um ganda maluco com que o sistema não estava a contar. É que estão mesmo a pedí-las. Dossiers não faltam. Ele é o Freeport, ele é o BPP e SLN, ele é Swaps, enfim, ficheiros não faltam para pôr as coisas a andar, para valer a pena. O problema é que uma acção desta natureza, levada a cabo por uma sargento indiscreto serviria porventura para reabrir algumas instalações fechadas pelo novo regime - refiro-me ao Limoeiro, aos calabouços cítricos. Embora não estejamos a falar de misséis e operações secretas (não sei, esqueci-me, afinal temos submarinos), estamos a falar de inconsistências e deficiências (estou a ser simpático) na gestão dos assuntos do Estado que estão a afectar o país no seu rumo ao desenvolvimento económico e social. Este conjunto de misérias políticas que nos têm entretido estão a sair caro ao cidadão comum, e não me admiraria muito, se um passado dos carretos se passasse - porque certos governantes passáram dos limites. Consigo imaginar umas valentes caixas de papelão, pejadas de fotocópias comprometedoras a serem largadas na praça pública em nome da justiça e da precisão dos factos - uma petição auto-deflagrante, flagrante. Até poderia ser um casal de "traidores" a acarretar o material quente, para ser original. Um género de Romeu e Julieta das fugas de informação; "fizemos tudo por amor...à pátria". O que tem vindo a acontecer em Portugal ainda carece de um elemento surpresa, de um momento de surrealismo prático que surta efeitos, que faça bailar alguns protagonistas de um fado vazio de consequências. É apenas isso, e mais nada, o que eu peço para a rentrée.