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A malta pensa que me conhece. Os leitores, de um modo geral, arrumam as obras nas estantes. Fazem catálogos. Organizam ideias em categorias específicas. Rotulam uns como sendo de Esquerda e outros enquanto expoentes de Direita. Chamam ricos a uns e pobres a outros. E não existe nada de mais errado, no que me diz respeito, e no que toca ao conceito de arrumação mental em abstracto. António Costa faz parte da classe de arrumadores. Pertence ao rol de estacionadores de ideologias, e essa prerrogativa operativa provoca chatices. Porque de repente é se apanhado em contramão. Sem se dar conta entra-se no itinerário principal e esbarra-se de frente com um conjunto de convicções. Mas Costa insiste e não admite que teve de chamar o bombeiro inimigo para apagar o fogo que lavra na caixa de fósforos. Ora vejam: "O governo não é dono do processo de seleção e aprovação dos novos administradores da Caixa Geral de Depósitos, que, por ser um banco sistémico, cai na supervisão europeia." (in Observador). Deveria deixar-se de tangas e admitir que a competência não é exclusivo da casa cor de rosa. Esperemos que esta iniciativa de recurso sirva de lição de um modo transversal aos partidos. O talento e as qualidades humanas existem para além do firmamento de uma bíblia política. Nesta vida tudo é possível. Já tivemos o inverso. Já tivemos a transferência de passe de uma dispensável Zita Seabra de um sector de bancada para outro, mas sem qualidades assinaláveis. Já tivemos um Barroso MRPP que agora é Goldman Sachs. Mas aqui lidamos contra outra estirpe de distinção. Paulo Macedo deu a volta magistral à Autoridade Tributária - pôs a máquina a funcionar. Paulo Macedo esteve no sector de saúde com resultados assinaláveis. Enfim, e em jeito de inconclusão, temos homem para dar a volta a muito texto. É raro encontrar alguém que não se deixa estragar pela política. Aprende, António Costa. E passa a palavra às infantas - à Catarina Martins e às manas Mortágua -, que pelos vistos pecam por falta de educação e sentado de estado. Não se levantem e não aplaudam. Macedo não é monárquico.
Porque muitos de nós, comunicação social, blogosfera e intelectuais de café vivemos no reino do “quanto pior melhor”, quero deixar uma palavra de apreço por Paulo Macedo, actual Ministro da Saúde, a quem acho que o país deve alguns bons serviços. Vou até mais longe acrescentando que se possível fosse clonaria Paulo Macedo e colocaria cada um dos clones em alguns ministérios. Muito se falou do tratamento da hepatite C e dos seus custos, tendo inclusivamente o país vibrado com o apelo de José Carlos Saldanha que para as TVs pediu “Senhor Ministro, não me deixe morrer!!”. Ficou a eloquência do pedido de quem tinha 80% de probabilidades de morrer dentro de um ano, não se falou muito do facto deste doente ter por várias vezes recusado o tratamento através de interferon, o medicamento que durante muito tempo foi o único tratamento no mercado para tratamento da doença - com diversos efeitos secundários e moderadas garantias de eficácia. Portugal foi o primeiro país da UE a comparticipar a totalidade do novo medicamento da Gilead contra a Hepatite C e a introduzi-lo no mercado. O custo deste para o Estado Português, dizem os entendidos, foi bem negociado, tendo o acordo com a farmacêutica fixado que o tratamento seria pago por doente curado. A semana passada encontrei-me com um dos meus amigos mais próximos, que de há muitos anos a esta parte era portador do vírus da Hepatite C, numa estirpe particularmente agressiva e, pior, com uma carga viral elevada, o que a prazo aumentaria dramaticamente a probabilidade de mais tarde padecer de cancro no fígado ou de cirrose. Encontrei-o e estava feliz da vida porque 20 dias antes tinha começado a tomar o novo medicamento e, de acordo com as análises feitas poucos dias antes, o vírus tinha sido erradicado do seu organismo. Estava curado. Cura fulminante. Qualquer um estaria certamente muito contente. Disse-me então que este mérito de Paulo Macedo devia ser louvado, Ministro este que em tantas ocasiões foi o saco de dar pancada preferido de tanta comunicação social. Tiro-lhe o chapéu.
“Nós em seis meses vamos transformar o país e apresentar reformas que irão marcar o país para as próximas décadas. É para reinventar o país, para transformar o país e salvar o país dos 15 anos [sic] [a] que o Partido Socialista condenou o país à situação actual.”
Álvaro Santos Pereira, em 25 de Outubro de 2011
Como se a coisa não fosse já suficientemente negra, eis que, de repente, aparece, qual coelho tirado da cartola, mais uma PPP. É caso para dizer que os ministros da economia e da saúde deveriam pagar multas pela sua insistência numa fórmula ruinosa. Bolas que já chega!