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A caminho do trabalho deliciam-se

por Cristina Ribeiro, em 14.04.09

 

os meus olhos com  pedaços do Minho que têm - por quanto tempo?, não posso deixar de interrogar-me, tal tem sido o ritmo da destruição - escapado, miraculosamente, atrevo-me a dizer, à voragem criminosa. Dentre esses pedaços, que felizmente ainda são mais do que os dedos das duas mãos, alguns há que me deixam extasiada, de modo tal que a irmã que comigo faz   essa curta viagem, me diz ao por eles passarmos " chegou a altura de dizeres: isto é tão lindo, mas receio que os homens só fiquem bem quando derem cabo de tudo ".

 É que são mesmo pedaços paradisíacos!

 

Hoje, ao passar por essas pinturas feitas pelo maior dos Mestres, impôs-se-me uma evidência; a Natureza é que não vai em mudanças; continua a ser verdadeiro que em Abril, águas mil - a terra empapada, poças d'água a perder de vista, e o verde, tão verde, da erva, semeado de pontos brancos do granizo que àquela hora se não fazia rogado no cair...

publicado às 12:58

Pedaços do Minho.

por Cristina Ribeiro, em 02.06.08

Espadelada do linho numa noite de luar, no Verão.

É ao som de cantigas como "Oh, que lindo luar faz
Para colher a marcela,
Vamol-a colher ambinhos,
Fazemos a cama n'ela"

e de concertinas, que homens e mulheres vão proceder a mais esta fase do tratamento do linho, agora corado ao sol, depois de colhido e submerso em água. As sementeiras da planta já tinham acontecido na Primavera.
Nesta altura o linho, já ripado, é batido com uma espadela, instrumento de madeira em forma de cutelo, para depois ser submetido a uma espécie de crivo, que o há-de " purificar", separando-o da estopa.
Está pronto para ser fiado pelas mulheres nos serões de Outono e Inverno.

publicado às 18:05

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 30.05.08

Lenço Dos Namorados- Vila Verde

"É tam certo eu amarte
Como branco o lenço ser
Só deixarei de te amar
Quando o lenço a cor perder"

publicado às 17:35

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 25.05.08

Ó meu amor, se partires
Leva-me, podendo ser,
Que eu quero ir acabar
Onde tu fores morrer.

Vivo triste, pensativa,
Cuidadosa, dando ais,
Desejosa de saber,
Meu amor, por onde andaes.

Da minha janela reso
À Senhora das Areias,
Que me mande o meu amor
Que anda por terras alheias.

Saudades não vinhais juntas,
Vinde antes poucas e poucas,
Vinde mais compassadinhas,
Dae lugar umas às outras.

«O Minho Pittoresco»

publicado às 19:00

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 21.05.08
Perguntas o que significa
Um limão todo traçado,
Significa os martyrios
Que por ti tenho passado.

A laranja quando nasce
Pergunta ao limoeiro
Qual amor é o mais firme
Se o segundo, se o primeiro.

Se a oliveira fallasse
Ela diria o que viu.
Co'a sombra das suas folhas
Dois amantes encobriu.

O arado lavra a terra
A grade grada-a depois,
Quem vae guiando a rabiça
Sorri a quem guia os bois.

Ó José, lindo José,
Cabellinho aos aneis,
Por tua causa, José
Passo tormentos crueis.

«O Minho Pittoresco»

publicado às 20:32

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 27.04.08

Adeus ó lugar de Ervelho,
Pequenino e airoso,
Quem n'elle tomar amores
Póde-se dar por ditoso.

A agua do rio Minho
Corre por baixo da ponte,
Quem quizer o cravo louco
Ponha-lhe a rosa defronte.

Alta serra do Gerez
Onde a neve se detem,
Chamo, ninguem me responde,
Olho, não vejo ninguem.

O' alta serra da Estrella
Onde se tece a cambraia,
Se d'esta me vejo livre
Não temas que eu n'outra caia.

(in «O Minho pittoresco»)

publicado às 10:10

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 21.04.08

Santa Maria Madalena da Falperra- Guimarães

Situada no alto da serra da Falperra, na freguesia de Santa Cristina de Longos, rodeada de frondosos carvalhos e sobreiros, é a jóia da coroa de um dos lugares mais idílicos da região, muito procurado pelas gentes daqui, principalmente em tempos de calor, pois que aí vão encontrar a sombra que buscam.
A igreja do mesmo nome foi mandada edificar no século XVIII, pelo arcebispo de Braga, e antigo reitor da Universidade de Coimbra, D. Rodrigo de Moura Teles, e projectada pelo arquitecto bracarense André Soares, num estilo barroco rococó.
Foi, em tempos antigos, o valhacouto de salteadores, como o conhecido Zé do Telhado, que se cruzou com Camilo Castelo Branco na Cadeia da Relação do Porto, como este relata nas «Memórias do Cárcere», e com quem o bisavô de minha mãe privou muitas vezes, a caminho de Braga...

publicado às 17:59

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 19.04.08

A açucena co'o pé n'água
Pode estar quarenta dias,
Eu sem ti nem uma hora,
Quanto mais annos e dias.

Amar e saber amar,
Amar e saber a quem,
Eu só amo a ti menina,
Não amo a mais ninguém.

Annel de sete pedrinhas
Foi feito na pedraria,
Eu não te posso deixar,
Parece feitiçaria.

(in «O Minho Pittoresco»)

publicado às 18:34

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 18.04.08
Tornemos, amor tornemos,
Tornemos ao que era d'antes,
Seremos amantes firmes,
Seremos firmes amantes.

Eu sou sol e tu és sombra
Qual de nós será mais firme?
Eu, como o sol a adorar-te,
Tu, como a sombra a fugir-me.

Hei-de atar o junco verde
À raiz da amendoeira,
Se não lograr os teus olhos
Prefiro ficar solteira.

Ó luar da meia-noite,
Ó luar da claridade,
Ó luar que tens prendido
Toda a minha liberdade.

(in«O Minho Pittoresco»)

publicado às 19:11

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 15.04.08

Dizes que me queres bem,
Que me adoras no teu peito,
Quem quer bem, não faz assim,
Quem ama tem outro geito.

Dizes que me queres muito,
Tudo isso considero,
Mas dos dentes para fora
Quem quer diz, eu bem te quero.

Dizes que me queres muito,
Que me tens muito amor,
O mundo vive de enganos,
Quem me dás por fiador?

Dizes que me queres muito,
Ignoro o teu querer,
Tu falas quando me encontras,
Não passeias por me ver.

Dizes que me queres muito,
Não entendo o teu querer,
O dizer «quero-te bem»
Qualquer o pode dizer.

(in«O Minho Pittoresco»)

publicado às 18:43

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 14.04.08

Não canto por bem cantar
Nem por ser a cantadeira,
Canto para fazer raiva
Àquella namoradeira.

Mal te vi, amei-te logo,
O meu peito deu rebate,
Fôra duro o coração
Para ver-te e não amar-te.

Tenho terra na algibeira,
Agua fechada na mão,
Para plantar uma rosa
Dentro do teu coração.

Hei-de amar-te tantos annos
Como folhas tem o vime,
Tu julgas que te sou falsa,
Cada vez te sou mais firme.

(in «O Minho Pittoresco»)

publicado às 18:35

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 13.04.08
"O gosto que a salsa tem
Têm meus olhos em te ver,
Trago-te no centro d'alma,
Não me podes esquecer.

Fui à fonte de três bicas,
Bebi, tornei a beber,
Nem minha boca se enfada
Nem meus olhos de te ver.

Não te esqueças de trazer-me
Dentro do teu coração,
Considera um só momento
A nossa separação.

(in «O Minho Pittoresco»)

publicado às 20:13

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 12.04.08

Tomei amores com o vento,
Não sei se faria bem,
O vento é bandoleiro,
Não tem amor a ninguém.


Trocaste-me a mim por outra
Meu amor, fizeste bem,
Perdeste-me a lealdade
Quero perdê-la também.

A maré cresce e decresce,
Fica a praia descoberta,
Vae-se um amor e vem outro,
Não há verdade mais certa.

Pega o salgueiro de estaca,
O amieiro de raiz,
Não te gabes de deixar-me
Que fui eu que te não quis."

(in «O Minho Pittoresco»)

publicado às 20:26

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 11.04.08

"Amorsinho da minha alma
Ensina-me a tua arte,
Ensina-me a aborrecer-te
Que eu não sei senão amar-te.

Tenho os olhos tão affeitos
A fitarem-se nos teus,
Que de tanto os ter olhado
Já não sei quais são os meus.

Em te ver eu vejo a Deus,
Não sei se pecco, se não,
Vejo a Deus na minha alma,
A ti no meu coração."

(in «O Minho Pittoresco» )

publicado às 19:06

Pedaços do Minho

por Cristina Ribeiro, em 10.04.08
"Ainda que o lume se apague
Na cinza fica o calor,
Ainda que o amor se ausente
No coração fica a dor.

Adoro-te tanto, tanto
Como o sol adora a terra,
Mas tu tens outros amores,
Não te quero causar guerra.

Quem do meu peito sahiu
Grande delicto causou,
Não venhas com piedade,
Quem sahiu já mais entrou.

Quando os campos verdes choram
As aves de mim têm dor
Só por ver a falsidade
Com que me tratas, amor."




(in «O Minho Pittoresco» )

publicado às 18:13

Pedaços do Minho (Concelho de Guimarães)

por Cristina Ribeiro, em 09.04.08

publicado às 18:44






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