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Ortega y Gasset chamava-lhe hemiplegia moral

por Samuel de Paiva Pires, em 23.07.13

Pedro Arroja, Eles não:

 

«O Mises decidiu que tudo aquilo que o Estado faz é mau e, portanto, mesmo quando o Estado faz alguma coisa boa, ele tem ou de ficar calado ou de mentir, em qualquer caso não dizendo aquilo que pensa porque, caso contrário, está a dar trunfos ao inimigo - os socialistas. Ora, os socialistas agem exactamente da mesma forma mas em sentido contrário. Para eles, o Estado é que é bom e tudo o que o Estado faz é bom. De maneira que, quando o Estado faz alguma coisa mal, eles ou ficam calados ou têm de mentir dizendo que o Estado fez bem alguma coisa que eles sabem muito bem que fez mal. Também eles não são livres, não podem dizer sempre aquilo que pensam.

 

E tudo isto resulta de uns e outros terem passado a viver a vida de forma partidarizada, perdendo o sentido de comunidade e tornando-se inimigos uns dos outros. Admitir a verdade passou a ser, em muitos casos, dar trunfos ao inimigo, e isso eles não podem fazer. Nesses casos, eles têm de omitir a verdade ou distorcê-la até a tornar mentira.

 

Segue-se que, continuando a restringir-me exclusivamente à esfera da liberdade de expressão, os liberais clássicos (e os socialistas) são muito menos livres do que eu. Eu posso sempre dizer aquilo que penso. Eles não.»

publicado às 00:29

Cuidado com as simplificações

por João Pinto Bastos, em 11.04.13

Dados que fazem pensar:

 

Uruguai - carga fiscal de 18,1% do PIB; gasto público de 32,5% do PIB; dívida pública de 55% do PIB; a duração média da constituição de uma sociedade comercial é de 7 dias.

 

Chile - carga fiscal de 17,3% do PIB; gasto pública de 23,3% do PIB; dívida pública de 10% do PIB; a duração média da constituição de uma sociedade comercial é de 8 dias.

 

Portugal - carga fiscal de 31,3 do PIB; gasto público de 48,9% do PIB, dívida pública de 120% do PIB; a duração média da constituição de uma sociedade comercial é de 5 dias, com um pequeno senão: os passos subsequentes continuam a emperrar o procedimento.

 

Nota: sem retirar razão ao discurso do Pedro Arroja, a comparação acima mencionada ajuda a perceber que nem sempre o que luz corresponde à verdadeira realidade dos factos. Há similitudes culturais que ajudam, de feito, a compreender o porquê de estarmos neste maremoto económico e social, porém, seria bem mais avisado não extrair daí premissas tão simplistas. Ver aqui e aqui.

 

Retirado daqui

publicado às 18:13

Desabafos (4)

por João Pinto Bastos, em 07.12.12

A blogosfera, no meio do muito esterco que a traga, tem preciosidades que um bom leitor jamais desdenhará. Deu-se o feliz acaso de ter deparado, com o devido aconselhamento do seu autor (Rui Albuquerque), com um blogue bastante interessante, que dispõe de um inesgotável manancial de informação acerca do liberalismo de origem francesa. Refiro-me ao blogue, "Revolução Francesa". Um blogue sobre as vicissitudes e contingências do percurso histórico de uma doutrina afogada, as mais das vezes, na incompreensão letal dos eternos perseguidores da liberdade. Uma leitura pelas muitas postas que o Rui Albuquerque publicou ajudará a perceber o que eu quis dizer neste pequeno texto. Há, em Portugal, um defeito congénito que infecta até o liberalismo mais purista. A luta pela hegemonia nas ideias que, vista assim de chofre até parece uma coisa gramsciana, exige a pré-compreensão de que a cultura política e intelectual portuguesa está incrustada até ao tutano por um snobismo elitista tipicamente francês. Estado, centralismo, Estado, centralismo. Não saísmo disto. A resposta de um liberalismo autêntico, apegado às suas raízes e, se quiserem, ecuménico, aberto e laico, terá de partir destes pressupostos de origem e de facto. Não se muda nada sem se entender que o liberalismo anglo-saxónico, com as suas idiossincrasias próprias, não é directamente transplantável para a nossa realidade. Reitero o que disse anteriormente, o empenho da intelligentsia liberal nacional deve e só pode estar no aprofundamento do diálogo entre as diversas tradições da família liberal, que, no fundo, bebem na mesma origem. O Pedro Arroja, que já tem bastante andança nestas matérias, acerta quando afirma que, num país como o nosso, com uma cultura de matriz católica, o liberalismo não pode prescindir do catolicismo. Não pode nem deve, acrescentaria eu. A hegemonia jacobino-socializante só se combate com um verdadeiro ecumenismo liberal-católico, que una e não divida. Que projecte e realize.

publicado às 01:31

Uma história ainda muito mal contada

por Samuel de Paiva Pires, em 06.11.12
Pedro Arroja, "O único país":


«A menção da Guerra, leva-me a reiterar uma afirmação que já tenho feito várias vezes. Na modernidade, as grandes catástrofes civis - sob  a forma de guerras civis - vieram sempre da pátria do protestantismo luterano - a Alemanha. A Segunda Guerra Mundial começou por ser uma guerra civil contra os judeus. Quanto às grandes catástrofes financeiras ou económicas, como a Grande Depressão ou a actual crise  financeira iniciada em 2008, essas vêm sempre dos países do protestantismo anglo-saxónico.


Aquilo  que eu quero transmitir é que a origem da alavancagem presente de todos os países ocidentais não está em Portugal nem na Grécia. São os grandes países protestantes os mais alavancados, mas eles escondem, porque está na sua cultura esconder, ao passo que nós pomos a roupa suja toda à janela. Ao pé deles, e em termos de alavancagem, nós e os gregos parecemos meninos de côro. 

 

E o mais alavancado de todos, o pai e o rei da alavancagem do post-Guerra, aquele que mais tem vivido acima das suas possibilidades, não nos últimos dez ou quinze anos, mas há pelo menos quarenta, desde que violou o Acordo de Bretton Woods, é a América. A presente crise financeira vai lá chegar e nessa altura é que vai ser a sério.»

publicado às 21:06

O Quarto do Filho

por Fernando Melro dos Santos, em 04.11.12
O professor Pedro Arroja diria que uma família tem de revolver em torno de uma figura forte, seja ela matriarcal ou patriarcal. A ideia não é novel e encontra eco na socio-mitologia Bretã - antes de Artur, com Vortigern, o reino era estéril por nao haver um Rei Uno, porque o espírito e a expressão da terra eram frágeis e quebradiças. Assim será com uma família.

Hoje, o mundo ocidental é urbanita. Os requisitos mínimos de conforto e a satisfação com a provedoria já não se medem em géneros essenciais. Mesmo perante a falência da doutrina vigente, consequência do choque frontal com a realidade, ainda impera a renitência em largar o paradigma "abracinhos e emoções" versus "rigor e empenho". Exige-se ao provedor que possa e queira prover não só ao que falta, como ao que os providos entendem que há-de faltar.

E assoma a questão, pervasiva e imanente na esfera pessoal como no cenário político: mas o que é que fazes aos que não querem trabalhar? Deixas à sua sorte alguém que cá anda, só porque não quer ou não está virado para prover a si mesmo?

Isto deve ser visto ao longo de três patamares.

Aritmeticamente é tautológico que nao se pode prover, nem Deus, quando as exigencias excedem os recursos.

Eticamente, deve dar-se, podendo, qb para que o recipiente da dadiva possa fazer algo de si mesmo, mas nao tanto que a provisao o impila a nada fazer enquanto o maná durar, sob pena de empenhar nao só a geração que recebe, mas tambem o desenvolvimento que dele, ou dos seus pares igualmente beneficiados, dependeria.

Por último convém ver isto à luz da justiça, que é objectiva, que é a tradução do facto de que a Lua está lá mesmo que ninguém olhe para ela.

- Eu dou-te isto.
- Tens de dar-me mais.
- Não, isto basta.
- És injusto, isso é a tua apreciação.
- Sim, sou eu quem dá.
- Mas sou eu quem precisa.
- Contudo, não sabes do que precisas, estás a avaliar por forma a que te sobre para outras coisas.
- Então, tenho esse direito.
- Certamente, mas não a expensas minhas.
- Mas se queres que esteja bem, terás de dar-mo.
- Não to darei.
- Então abusas do teu lugar.
- Menos do que tu do teu, e nem sequer me arrogo saber do que preciso, apenas dou.
- Isso não compreendo, mas vejo em meu redor que os outros não encontram as mesmas limitações.
- Se me disseres isso daqui por uns meses, dar-te-ei razão. Mas agora estás iludido pela aparente facilidade com que gozam ainda um idílio que nao pode durar.
- Não interessa, nao me compreendes e sinto-me rejeitado.
- Isso é algo que recai sobre mim mais do que sobre ti. Não levarás mais desta bolsa antes de mostrares que aprendeste a humildade e o esforço.

publicado às 16:58






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