Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Atenção: vem aí algo maior que Portugal e cujos efeitos far-se-ão sentir em território económico nacional. Por mais louvável que sejam os consensos locais, os alegados entendimentos do governo com as centrais sindicais, os mais que mediatizados indicadores de retoma e crescimento, as próximas decisões da Reserva Federal dos EUA determinarão comportamentos financeiros pelo mundo fora. Não é apenas Bernanke que pode decidir abrandar o estímulo à economia americana (que é o mesmo que dizer a economia do mundo), porque o Bank of England pode ir pelo mesmo caminho face às evidências de crescimento económico naquele país. A última coisa que a Europa necessita é que as ajudas "externas" sejam retiradas. As taxas de juro irão ser afectadas no âmbito dessa orientação e, sem grande surpresa, as mesmas retomarão lentamente a sua via ascendente quer nos EUA quer no Reino Unido. Na Zona Euro será apenas uma questão de tempo até o BCE imitar as congéneres. Ao encarecer o dinheiro afasta-se o medo prospectivo de inflação de preços (atenção; o ambiente dos últimos anos tem sido de inflação que é em termos académicos o aumento da base monetária). Numa primeira fase pode até haver uma valorização do dólar americano face ao euro, mas rapidamente essas benesses de trader dissipar-se-ão. Os SWAPS caídos em desuso pela má fama decorrente da sua péssima utilização, tornam-se novamente uma peça central neste jogo, que acerta ou não, na taxa de juro expectável. Em vez de escorraçar a ferramenta de trabalho, os SWAPS devem ser encarados de um modo totalmente transparente e utilitário. O que julgam que irá acontecer à taxa de juro dos empréstimos para aquisição de casa? E às tarifas a pagar pelos diferentes intervalos de emissão de dívida nacional? Pode parecer que as coisas estão a entrar nos eixos em termos governativos, mas há vida para além da Troika e Bruxelas (e do pouco que resta de um governo soberano). Portugal, assim como os restantes países do mundo, a bem ou a mal, sofrerá as consequências de decisões tomadas em Washington e arredores. Por isso, nos tempos que correm, é sempre prematuro bradar aos céus que estamos salvos, em terra firme. Vivemos tempos perigosos, perniciosos. Há muito com que podemos contar. E não são favas contadas.